Metodologia de treinamento, com técnicas usadas nos gramados, se torna opção para fortalecimento muscular e queima calórica intensa
Prática criada pelo ex-jogador Raí, há dois anos, utiliza os fundamentos do futebol, em uma sala repleta de espelhos, para garantir o condicionamento físico e a queima de calorias aos participantes.
Toque de bola, passe, cabeceio. Os fundamentos do futebol migraram dos gramados para as salas das academias. Em vez de gols, a intenção é melhora do preparo físico, com fortalecimento muscular, aumento da resistência e alto gasto calórico.
A ideia surgiu há dois anos com o ex-atacante Raí e virou mais uma opção de treinamento físico. O nome do ex-camisa 10 do São Paulo e da seleção brasileira é o principal atrativo para quem experimenta a aula, batizada de Raí Training.
A metodologia foi desenvolvida pelo preparador físico Carlinhos Neves, atualmente na seleção brasileira e Atlético-MG. “Meu apartamento é vizinho do escritório do Raí. E isso facilitou com que ele entrasse em contato comigo e me contasse sua vontade de criar um treino para as academias. Já ao final da conversa, eu sabia o que queria fazer”, conta o curitibano.
As aulas do Raí Training reproduzem diante dos espelhos as séries de exercícios que os jogadores de futebol fazem no gramado para aperfeiçoar a técnica.
“Quem não tem tanta habilidade vai se interessar porque a aula também foca a melhora da coordenação motora e da percepção espacial com o uso da bola. Quem já tem certa intimidade com a bola vai se sentir desafiado pelo aumento do nível de dificuldade dos fundamentos”, explica o professor da Academia Cia. Athletica, em Curitiba, David Pizato.
Uma aula dura entre 45 e 50 minutos, o suficiente para o aquecimento, atividades anaeróbias, aeróbias e um desaquecimento recreativo. “É bem divertido. Dá para cansar também”, diz a estudante de moda Nicole Anacleto Badotti, de 19 anos.
Depois do aquecimento, são feitas as atividades para desenvolvimento de força, especialmente dos membros inferiores, mas que também refletem no fortalecimento do abdômen. Em seguida, é hora de acelerar, com os circuitos de corrida e saltos.
A cada sessão, um fundamento do futebol é privilegiado, como o passe e o cabeceio. Para encerrar, um joguinho, como a roda de bobinho, em que quem está no centro tem de tentar roubar a bola dos demais participantes.
“É bacana poder dividir essa experiência que adquiri para geral algo que promova a saúde. Pensamos em formatar algo que abrangesse todo o necessário para promover o bem-estar. Acho que a aula ficou bem completinha”, diz Neves.
Além da bola, cinturões elásticos, cordas, cones e minigols contribuem para aumentar o nível de dificuldade dos exercícios.
Mas o principal componente para a dinâmica da aula é algo também essencial no campo: o jogo em equipe.
O trabalho conjunto permite a interação entre os alunos, que alternam funções e, enquanto uns fazem determinado exercício, outros o auxiliam enquanto descansam e se preparam para a próxima atividade.
“Sempre gostei de jogar futebol e gostei bastante de experimentar o Raí Training. Para quem já brinca com a bola, é ótimo para aperfeiçoar os fundamentos”, fala o administrador de empresas Wander Mendes, 48 anos.
Força
O cinturão elástico exige esforço dobrado na aceleração, pois se tem de vencer a força de resistência no sentido contrário das passadas. Quem acelera e quem sustenta a outra ponta do elástico tem de manter a postura ereta e o abdômen contraído, trabalhando secundariamente a musculatura dessa região. Os grupos musculares mais requisitados são os do quadríceps, glúteos e panturrilhas.
Coordenação
Ainda com o cinturão, passa-se ao treinamento de um fundamento do futebol, como o cabeceio e o passe, em velocidade. Além do aumento da frequência cardíaca – essencial para trabalhar resistência física e queima calórica –, as repetições vão exigir concentração e coordenação motora: todos os movimentos são feitos alternando direita e esquerda, durante um tempo determinado.
Velocidade
Com o uso de bola, arcos, redes e cordas, recorre-se às atividades metabólicas, que exigem velocidade e agilidade. O foco principal desse momento do treino é o aumento da frequência cardíaca, com os participantes em constante movimento, em que alternam saltos e corridas, no sistema de circuito. A recuperação entre uma série e outra é no tempo de espera na fila para repetir a sequência.
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Entrevista
Raí, ex-jogador
Como surgiu a ideia de desenvolver um sistema de treino para academia baseado no futebol?
Depois que eu parei de jogar, formamos a empresa Raí+Velasco e começamos a desenvolver esse projeto. Eu conhecia o Carlinhos (Neves), o melhor o preparador do país. Ele já era o meu amigo e veio para ajudar a desenvolver o lado técnico desse sistema com o treinamento físico do futebol, dentro da academia.
Qual a grande vantagem do método?
É a variedade de exercícios. Por não ser monótono, garante a motivação da pessoa por mais tempo. Tem a parte aeróbica, alongamento e o momento lúdico com a bola… É um treino que, além de trabalhar o aspecto físico, a perda de calorias, faz a pessoa ter mais disposição.
Quando você era atleta, gostava desses treinos físicos?
No meu tempo, era quase todos os dias, por duas horas. Nós adaptamos séries menores e muitas variações em 45 minutos. Teria gostado mais se fosse assim quando eu jogava (risos).
Esportes| 1:14
Futebol em sala de aula
O ex-camisa 10 da seleção, Raí, e o preparador físico Carlinhos Neves criam método de treinamento físico com base nos fundamentos do futebol.