Trabalho braçal quem tinha na mitologia grega era Hércules. Para ser aceito no Olimpo, ele teve de cumprir 12 tarefas nada simples. Ofício menos árduo tinha Hermes, mensageiro dos deuses e inspirador dos corredores por sua velocidade, pois literalmente voava ao correr: tinha asas nos pés. Inspirado no número de trabalhos de um e no principal atributo de outro, o Fôlego sugere 12 pequenos trabalhos para tornar a corrida mais agradável a todos, com uma lista de dicas de boas maneiras
I – Não à pipoca. Nada de correr em eventos para os quais não está inscrito – se tornando um “pipoca”. As provas são projetadas para garantir qualidade a um número limitado de inscritos, desde a quantidade de copos de água até a estrutura do trajeto. Programe-se financeiramente para as competições que mais lhe interessarem. Da mesma maneira que você não gostaria de ser privado dos benefícios pagos na inscrição, não faça o mesmo com os demais.
II – Sem molhadeira. Parece piada, mas quem corre sabe o risco que há nos postos de hidratação. Como não faz bem ingerir grandes goles de água, é comum beber um pouco e cuspir o resto. Mas é muito desagradável ser acertado pelo jato (sim, acontece!). Então, não custa se aproximar do meio-fio, olhar para trás e ter certeza de que não há ninguém lhe ultrapassando nessa hora.
III – Cada um em seu lugar. É iniciante em correr no asfalto? Então não largue junto ao pelotão de elite. Procure um lugar condizente com o seu ritmo de prova – alguns eventos criam áreas na concentração conforme o pace (relação entre a distância percorrida e o tempo) de cada atleta. Você só tem a ganhar: evita desagradáveis encontrões ao ser ultrapassado e dispensa a fama de quem atrapalha os mais rápidos.
IV – Atalho dá trabalho. Há quem corte caminho. Nada mais antidesportivo em corrida. Pega mal entre os colegas de esporte e, pior, quem faz isso se engana com o próprio desempenho. Muitas vezes, o corte não é apenas em uma curva, pela calçada. Mudanças bruscas de direção podem gerar choques com outros atletas.
V – Não terceirize seu chip. Desistiu de correr o evento para o qual se inscreveu? Não dê o chip de controle para outros: a decisão pode ser interpretada como má-fé porque altera o resultado final. Um atleta mais jovem, que corre com a identificação de um mais velho, registrará um desempenho melhor que o normal para a categoria na qual está inscrito. Até corrigir as distorções, a organização da prova atrasa o resultado final. Para não perder o dinheiro investido, avise os responsáveis pela prova, que regularizarão a participação de seu substituto.
VI – Abaixo ao paredão! Correr acompanhado é sempre bom, o problema é quando o grupo ocupa toda a via e impede as ultrapassagens. A solução é seguir em grupos menores, no máximo em trios, e sempre deixar espaço para quem vem acelerando do fundão.
VII – Cavalheirismo. Na dispersão, há mais corredores que lugares para tirar o chip da prova. Então, homens, deem preferência às mulheres. Mulheres, aceitem a gentileza, sem exageros: há mais pessoas chegando para tirar o chip. Na dispersão também é preciso exercitar a paciência: os postos de frutas e reidratação ficam cheios rapidamente. Respeite a fila, pegue os alimentos e ceda lugar.
VIII – Novas companhias. Pode ser estimulante projetar em outro corredor o ritmo desejado. Mas ele pode não achar a ideia tão boa se ficar com a impressão de que é um alvo a ser batido. Para evitar tal inconveniente, avise que vai acompanhá-lo. Se é você quem está sendo seguido, não encare como se tivesse arranjado um carrapato, mas, sim, como alguém que pode auxiliar um colega. Participa de um grupo de corrida? Então é simpático convidar o novo colega para fazer o alongamento junto com a equipe.
IV – Cortesia. A dúvida é banal, mas recorrente: cumprimentar ou não os demais corredores durante os treinos? É simpático dar “bom dia” ou um simples “oi” àqueles corredores que se vê com frequência. Quando for surpreendido com uma saudação, responda e siga em frente. Não é necessário repetir a gentileza a cada volta (a não ser que suas intenções vão além da boa educação…).
X – Ultrapassagem pela esquerda. A regra vem do atletismo de pista e serve para o asfalto: sempre que perceber outro corredor se aproximando, desloque-se para a direita da via, cedendo lugar para a passagem. Se é você quem vai ultrapassar e notou que quem está à frente não o viu, vá pela esquerda (como faria no trânsito), desvie e siga adiante.
XI – Horário de pico. Treinos de tiro não combinam com parque lotado. Nessas horas, reprograme-se. Da mesma forma que seu treino será prejudicado se tiver de desviar dessa turba a todo momento, eles também se incomodarão em evitar encontrões.
XII – Ecologicamente correto.
Nas competições,
não jogue copos de água e sachês de carbogel no caminho. Lance-os próximo ao meio-fio, evitando que outros tropecem ou escorregem no seu lixo. Isso também facilita o recolhimento do material pelos voluntários. Nos treinos, nunca jogue esses materiais no chão. Leve-os consigo até achar uma lata de lixo.
Fontes: Tadeu Natálio (organizador de provas), Vitor Bertoli (V8 Assessoria Esportiva) e Leandro Hadlich (técnico da HP Sports Assessoria Esportiva).
