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Guilherme Santana conta como é guiar recordista mundial de Atletismo
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Neste sábado, o repórter João Carlos Olímpio Fadino contou um pouco da história de atletas que abrem mão da própria glória para deixar outros atletas brilharem, ao relatar a história dos guias de corrida.

Hoje, o Fôlego recebeu o relato do atleta Guilherme Santana, que acompanha a atleta Terezinha Guilhermina, recordista mundial dos 100 m e 200 m rasos.

Para tanto, ele precisa correr mais do que ela, para que o guia seja um apoio, não um fardo. O que quer dizer que ele consegue correr 100 m por volta de 11s (o recorde mundial, de Usain Bolt é 9,58s).

O interessante é que, mesmo no relato, ele prefere falar da Terezinha. Abrir mão de um talento para promover o talento do outro, isso sim (na opinião desta repórter) é superação. Confiram:

“Iniciei com a Terezinha Guilhermina em agosto de 2010 em uma competição em São Paulo, Circuito Loterias Caixa.
Eu nem imaginaria como era guiar alguém e muito menos o tamanho e responsabilidade que estava em minhas mãos.

Conheci a Terezinha na minha cidade Maringá, onde eu treinava e ela me convidou para guiá-la na prova de 400 m porque seu antigo guia, Elton, meu amigo, passou em um concurso público. Gostei da ideia porque seria em outra cidade e, como gosto de viajar, aceitei.

Ela gostou do meu jeito de guiar, diferente de outros guias, que falam durante a prova. Eu apenas oriento quando está iniciando a curva, reta e a chegada para que ela incline o tronco. O meu vicio de corrida favoreceu a corrida dela; cada vez que competíamos juntos, melhorávamos os tempos.

Chegando a competição que mais importava pra ela, o Mundial na Nova Zelândia (janeiro de 2011), ela conseguiu quebrar o recorde dos 200m, que durava 10 anos, deoutra brasileira, a Adria dos Santos, e o recorde mundial da prova de 100m rasos. A Terezinha ficou com 4 medalhas de ouro e foi a melhor atleta do Mundial.

Fiquei muito feliz em participar dessa façanha e procurei motivá-la para as próximas competições. Em maio de 2011, ela quebrou de novo o recorde mundial nos 100 m, com a marca de 12s04. Foi uma alegria e emoção que não tem preço.

Participamos em Guadalajara dos Jogos Parapanamericanos e conseguimos 3 medalhas de ouro. A melhor atleta no atletismo brasileiro e foi eleita a atleta representante das Américas por votos populares feita durante os Jogos.

O mais glorioso: ela foi a PRIMEIRA mulher brasileira a ser indicada para o premio Laureus, considerado o Oscar do esporte, que foi no mês de fevereiro.

A preparaçãoOs treinos são feitos em 2 períodos, manhã e tarde, musculação, pista e pilates. Temos uma equipe de trabalho excelente contando com o técnico, psicóloga, nutricionista, fisiologista e massagista.

Terezinha me auxilia muito, eu estou do lado dela e gosto do que eu faço. Não me considero apenas um guia, mas um amigo, para ajudar no que ela precisar. Nossa relação é de amizade, estamos sempre interagindo como algumas músicas, piadas, filmes e brincamos um com outro para que o treino seja animado. Treino de alto rendimento não é tão gostoso, mas necessário. E para que isso não fique chato fazemos isso

Agora estamos lutando sempre nos treinos para conseguir melhorar a cada dia nossa performance e fazer que a Paralimpíadas de Londres seja a mais lembrada da história.

Auxiliando a Terezinha eu me realizo como atleta. Sua felicidade já me dá ânimo de sempre esta proporcionando mais vitorias e buscamos outros desafios a serem batidos.

A prova de atletismo deixou de ser individual para ser coletiva isso é sensacional.”

Alexandre Mota-Exemplus/CPB
A recordista mundial Terezinha Guilhermina acompanhada de seu guia, Guilherme Santana.
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