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Atleta amador de 79 anos treina cinco horas por dia e garante que vai deixar os mais jovens comendo poeira hoje no Sesc Triathlon de Caiobá

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Há 19 anos, Adir Buschmann, de 79 – quase 80, como salienta o próprio –, pula da cama antes das seis da manhã, toma café, ajeita o par de tênis de corrida, a bicicleta, e veste a sunga de natação para iniciar cinco horas seguidas de treinos. O comerciante aposentado é um dos 750 atletas inscritos na 23.ª edição Sesc Triathlon de Caiobá, amanhã. Por pouco, a tecnologia não o deixou de fora da edição deste ano. “As inscrições eram somente pela internet e não tenho acesso. Por isso perdi o prazo. Acredito que por ser um ‘velho metido’ eles abriram a exceção”, explica ele, brincando com a idade.

Embora não esteja em dia com as novidades da informática, seu Adir se descreve não como o melhor atleta, mas o mais bem preparado. Atento às tendências do esporte, ele tem acompanhamento periódico de uma assessoria esportiva na organização dos treinos, pratica a natação em uma escola especializada e não abre mão de uma bicicleta customizada para pedalar durante a prova. “Tenho resistência. O meu forte é o ciclismo, deixo a gurizada para trás”, garante.

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Contudo, nem sempre foi assim. “Antigamente eu largava a bicicleta e nadava no Rio Iguaçu, em União da Vitória, onde morava. Levei uns 15 tombos de bicicleta, sofro de osteoporose e já tive muitas lesões. Minha mulher [Dona Ecilda] não gosta muito da minha vida esportiva, mas lavo a louça e tento ajudar nas tarefas domésticas para ela não pegar tanto no pé”, disse o aposentado, que se mudou para Curitiba há dois anos só para se dedicar ao esporte.

A evolução de Seu Adir na modalidade acompanha o crescimento da competição do litoral paranaense. De 1989 a 1998 a atividade era batizada de Short Triathlon Caiobá, com distâncias menores em cada uma das modalidades – 750 metros de natação, 20 km de ciclismo e 5 km de corrida, o equivalente à metade das distâncias olímpicas. A partir da 10.ª edição foram incluídas as distâncias olímpicas (1,5 km/natação, 40 km/ciclismo e 10 km/corrida), mas apenas competiam nessas distâncias os atletas da elite.

A primeira edição, em 1989, registrou apenas 220 participantes. No ano passado, esse número já atingiu 714 triatletas. Juraci Moreira Júnior, pentacampeão do Sesc Triatlhon, está fora da disputa desta vez.

“Como é ano pré-olímpico, tenho prioridade total para a conquista da vaga na minha quarta Olim­píada. Mas ano que vem estou de volta, com certeza. Afinal, é minha prova predileta”, avisa o paranaense. O paulista Reinaldo Colucci, vencedor no ano passado, tem presença confirmada na disputa de amanhã.

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A prova

Recorde de atletas

Ciro Campos, especial para a Gazeta do Povo

Matinhos recebe amanhã a 23ª Edição do Sesc Triathlon de Caiobá, primeira etapa do circuito nacional da modalidade. A prova terá a participação recorde de 750 competidores, entre profissionais e amadores. Ao longo do percurso, a expectativa dos organizadores é de um público de até 10 mil pessoas.

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A categoria principal é compos­­ta por 30 homens e 14 mulheres. A largada para esses atletas de ponta está marcada para as 9h30, na Praia Mansa de Caiobá. Eles vão percorrer 1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e, por fim, 10 km de corrida. Já as categorias speed, mountain-bike e comerciário – todas com subdivisões por faixas etárias, totalizando 29 – são destinadas aos competidores amadores e a distância é a metade da profissional. Também há uma categoria para portadores de deficiência física.

Segundo o coordenador-geral do Sesc Triathlon, Marcus Vinícius de Mello, as vagas para a prova se esgotaram em pouco mais de uma hora depois que as inscrições foram abertas pela internet, em 1º de dezembro do ano passado. “Tivemos ainda cerca de 500 pessoas na lista de espera, mas não podemos aumentar a capacidade da prova por questões de espaço e segurança”, explicou.

Apesar de a idade dos atletas variar entre 16 e 82 anos, a média geral dos concorrentes é relativamente alta: de 35 a 37. Para Mello, esses números levam a duas conclusões: “É um sinal de que a renovação tem sido pequena e que cresceu a longevidade no triatlo”.