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Grupo de mães-atletas encontram tempo na agenda apertada correr e garantir assim melhor qualidade de vida com a família e filhos
Mães do Gustavo e da Ana, do Gabriel e do Rafael, da Marina, da Bárbara e do João Arthur, das gêmeas Clara e Marina. Não é incomum que elas se flagrem se apresentando assim (“olá, sou a mãe do…”), indício de que, por vezes, fica em segundo plano que são a Patrícia, a Suzana, a Sirley, a Cristina, a Whyndlei, a Esther, a Cátia.
E foi na corrida de rua que resgataram a identidade de mulheres, além de mães. O que à primeira vista parece egoísta – ter um tempo só para elas – resulta em ganhos, inclusive para os filhos: o exemplo em casa da importância do esporte vida afora, uma mãe mais disposta durante o dia, menos tensa e melhor humorada.
A servidora pública Cátia Cristine Cunha Paupério, 35 anos (mãe das gêmeas Clara e Marina, 5 anos) começou a correr quando as meninas eram bebês. “Meu marido foi para a academia porque queria ser um pai que acompanha as filhas. Achei superlegal e percebi que, apesar de realizada com a maternidade, tinha esquecido minha vaidade, minha individualidade. E fui correr. Foi ótimo”.
Ela conta que as filhas estão crescendo em contato com o gosto pela atividade física. “Descobri que ganhar não é chegar à frente, mas chegar; ensino isso para elas. Quando volto de uma prova, querem ver a medalha, sentem orgulho de mim.”
A educadora física Patrícia Rodrigues Passos, 41 anos, (mãe da Marina, 15), também teve o incentivo dentro de casa: o marido e a filha são triatletas. “Já fiz tudo quanto é esporte, mas quando a gente forma família, esquece um pouco da gente. Comecei a correr há pouco mais de um mês e estou muito animada, já faço sete quilômetros”, comemora. Ela corre com outras mães do colégio da filha.
O grupo se encontra às 7h30, depois de deixarem a prole na escola e, com orientação do técnico João Batista, aceleram. Alguns pais as acompanham, mas ainda são minoria. “O fato de serem mães é um ponto de identificação que ajuda muito para que continuem a treinar, com regularidade”, diz o treinador. “Para mim, sempre foi um sonho começar a correr, para sentir a sensação de liberdade”, diz Sirlei Leitner (mãe de Diandra, 19, Drielle, 17 e Dhuane, 12).
Mais do que o benefício psicológico, da sensação de bem-estar e de liberdade, a corrida proporciona benefícios fisiológicos às mães, ressalta o ginecologista, obstetra e professor da disciplina de Reprodução Humana da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Rafael Pazello. “Há diminuição de sintomas da TPM [tensão pré-menstrual], uma chegada à menopausa mais tranquila. As que amamentam, desde que cuidem para não desidratar, o farão muito melhor”, fala.
Com o esporte, as mães ficam muito mais dispostas para encarar a maratona diária com os filhos: desde acordá-los e servir o café, até o leva e traz para a escola, inglês, balé, judô, natação, médico. Faz mercado, almoço e jantar, ainda arruma tempo para ajudar na lição de casa, mesmo com a dupla jornada de ainda trabalharem fora. E, agora, correr.
“Para os homens é mais fácil criar um espaço na rotina para o exercício. Mas as mulheres têm essa loucura de estar sempre acompanhando os filhos”, diz Whindlei Cristina Borges (mãe da Bárbara, 13, e do João Arthur, 10). Uma boa maneira de “criar espaço” na agenda é justamente incluir a família. O técnico da Trainner Assessoria Esportiva João Henrique dos Santos Moreira indica o revezamento: enquanto o pai corre, a mãe cuida das crianças e vice-versa. Há quem invista em carrinhos de bebê próprios para o esporte: os pais correm levando os rebentos. “Tenho amigas que dizem que os bebês dormem até melhor enquanto são levados”, diverte-se Cátia.
Novas Mamães
O ginecologista, obstetra e professor da UFPR Rafael Pazello, indica os cuidados para as mães de recém-nascidos:
– A atividade física passa a ser recomendada a partir de 40 dias após o parto. Converse com seu obstetra sobre a modalidade mais indicada.
– Algumas mães usam a cinta de compressão, que podem não ser muito confortáveis para o exercício. Pode-se optar por trajes esportivos de compressão.
– A mulher vai evoluir conforme sua memória fisiológica antes da gestação. As que tinham a atividade física regular antes e durante a gravidez vão retomar o ritmo mais facilmente.
– Na corrida, use tops que deixem os seios bem sustentados, para evitar desconforto ou dores.
– Atenção redobrada com a hidratação: a corrida causa grande eliminação de líquido, o que pode prejudicar a amamentação.
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