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Aos 41 anos, o Vanderlei Cordeiro de Lima, bronze na maratona de Atenas-2004, curte a aposentadoria negociando a imagem em provas por todo o país

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“Padrinho da corrida de rua” – eis a ocupação. Há dois anos e meio, quando oficializou sua aposentadoria, na disputa da São Silvestre, cogitava-se que o maratonista paranaense Vanderlei Cordeiro de Lima se tornaria dirigente esportivo.

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Mas o medalhista de bronze na Olimpíada de Atenas, em 2004, apesar de gostar da hipótese, se­­guiu uma rota mais afetiva: participa, quase todos os fins de semana, de provas pelo país como o responsável pela bênção aos amadores. Uma função simbólica, próxima do público, mas geralmente bem-remunerada.

Neste ano, por exemplo, apadrinhará a 16ª Maratona de Curi­­tiba, em novembro. Os valores não são revelados, mas além de um cachê, ele ainda expõe a marca dos seus patrocinadores. Vanderlei participou apenas uma vez da competição curitibana, em uma das primeiras edições, como coelho (pu­­xador do ritmo). “Foi a forma que encontrei para estar na corrida”, lembra. Neste ano, ainda não decidiu se vai correr com os atletas ou acompanhar à beira do asfalto.

“Às vezes entro, às vezes, não. É uma maneira de promover os eventos e o atletismo. É um reconhecimento muito grande, mas também é uma grande responsabilidade, de ser exemplo, referência para os mais jovens e, mais que tudo: de ser uma prova viva de que é possível chegar lá”, fala.

Aos 41 anos (e cerca de 25 dedicados à corrida), o que me­­nos há na fala de Vanderlei Cor­­deiro é pretensão quando afirma que “chegou lá”. Ex-boia-fria, nascido em Cruzeiro do Oeste (Noroeste do Paraná), começou a correr a convite de um professor de Educação Física na escola, a qual frequentemente abandonava para ajudar a família na lavoura. Logo, começou a se destacar nas provas de pista. Em 1993, fez seu melhor tempo nos 1.500 metros correndo em Curitiba, em 3min47seg32. Desde 2008, na prova de São Silvestre, o ídolo decidiu parar por causa de problemas físicos – uma lesão no púbis.

Se invariavelmente é lembrado pelo imprevisto de ser atacado pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan enquanto liderava a maratona na Olim­­píada, o paranaense destaca que, daquele dia, a me­­lhor sua melhor e mais recorrente lembrança foi quando subiu ao pódio, no terceiro degrau. “Foi a realização de um sonho. O momento mais importante da minha carreira”, diz.

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“Quando se é mais jovem, quer aproveitar ao máximo sua velocidade. A partir de um momento, não consegue mais desenvolver tanto a velocidade, mas passa a ter mais resistência para as provas mais longas. Foi o que aconteceu comigo. Como profissional, a prova que mais gostava era a maratona. A preparação é a mais difícil, é verdade, mas quando se faz o que gosta, é ótimo”, diz.

Consultor

Como padrinho, Vanderlei Cor­­deiro acaba exercendo a função de consultor durante as provas que acompanha. “Tenho um relacionamento bastante direto com o público, as pessoas perguntam sobre como direcionar a carreira, o melhor treinamento. É bom poder passar as coisas boas para frente”, conta o ex-competidor, que hoje faz seus treinos nos parques e ruas de Maringá.

Ele destaca a necessidade de os iniciantes não cederem à tentação de cumprir longas distâncias em um curto prazo de tempo. “As pessoas estão aprendendo a gostar da corrida, sabem da importância para a saúde. Mas, até chegar à ma­­ratona, é um processo, tem de se fa­­zer um bom trabalho de base, com orientação de um profissional”, lembra.