Mais leve, com amortecimento; para treino curto ou longo; feito especialmente para uso no asfalto ou terra; masculino e feminino. A tecnologia desenvolvida na fabricação do tênis de corrida não para de evoluir e atende a todo tipo de exigência. Porém todos esses benefícios podem ficar pelo caminho se cuidados simples e diários não forem tomados pelos usuários. Funciona como um manual do proprietário.
A primeira regra é simples, mas essencial. “A melhor dica para aumentar a vida útil de um tênis de corrida é usá-lo para correr. Encare o como um equipamento, e não um mero calçado”, diz Roberto Grupenmacher, diretor da Procorrer, loja especializada no assunto.
Ciente de que o pisante é específico para corrida, o atleta precisa definir seu objetivo ao adquiri-lo. “Tudo interfere na durabilidade do produto: o peso, a força do atleta, o tipo e a temperatura do piso. Mas o importante é o corredor saber que existem tênis de alta performance que têm baixa durabilidade, mas também têm os de alta durabilidade, que podem ser usados em treinos mais longos”, completa o diretor.
Isso funciona com os profissionais do esporte. O brasileiro Marílson Gomes dos Santos, bicampeão da maratona de Nova York, disputa competições com artigos mais leves, para ganhar velocidade, e, no entanto, treina com os mais resistentes.
“Alternar os pares em treinos consecutivos é importante. Eles precisam de um tempo de descanso, isso melhora a capacidade de absorção de impacto”, garante o personal trainer Adriano Santos.
Além da alternância, o gênero deve ser levado em conta. “Os pés e as pernas femininas não são a reprodução em menor escala dos masculinos. As mulheres costumam ter canelas mais largas e longas, a circunferência do tornozelo é maior e o arco da sola do pé mais cavado. Já os homens têm pés 0,12% mais largos do que as mulheres e 0,3% mais compridos. Por isso, há diferença na composição e formato”, revelou o estudo do médico americano Peter Cavanagh. Ele usou dados do Exército norte-americano, que mediu os pés de 16 mil homens e mulheres para fabricar botas mais confortáveis.
Respeitados todos esses requisitos, basta ter cuidado na hora da limpeza. “Sabão ou outros produtos químicos podem contaminar a sola e entressola. Não é recomendável usar água em grande quantidade, pois será muito difícil secar internamente, pois o calor e a exposição ao sol também podem danificar o tecido do cabedal”, explica Grupenmacher, lembrando que a vida útil de um tênis bem tratado é de 500 km em média.
Estudo
Sem tênis?
Na contramão da tecnologia empregada na fabricação de tênis para diferentes tipos de pisada, um estudo da Universidade de Harvard traçou um comparativo entre correr com ou sem tênis.
A partir de testes, os cientistas constataram que a maior parte dos que correm descalços tem a tendência de tocar o chão primeiro com a parte central ou da frente do pé – o que para os pesquisadores é uma vantagem, pela ausência de impacto inicial do calcanhar com o solo, evitando lesões.
O estudo, contudo, não tem tanto avalistas. “Não aconselho. O ideal e o correto é que a pessoa use uma palmilha especial moldada ao pé e tênis adequado. Corrida é uma atividade de muito impacto, de fácil lesão. Correr sem tênis, só acostumado”, explica Victor Marcassa Neto, fisioterapeuta especialista em Podoposturologia (reeducação postural através de palmilhas).