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Após anos sem organização política no estado, modalidade que agrega corrida, natação e ciclismo terá amanhã o 1º Campeonato Estadual

A popularização do triatlo como atividade física – um fenômeno em várias regiões do país – começa a ter reflexos no Paraná. Uma luta árdua para o renascimento do esporte é a responsável por isso – batalha bem mais difícil do que nadar, correr e pedalar no mesmo dia.

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Inativa por mais de dez anos, a Federação Paranaense de Triathlon (FPtri) foi reativada neste ano, tendo de administrar uma dívida aproximada de R$ 25 mil deixada por gestões anteriores. Em pouco mais de sete meses, já soma mais de 150 atletas federados.

O número ainda é pequeno se comparado ao da entidade catarinense, que absorve a maioria dos atletas do estado e conta com o dobro de filiados ativos. “Te­­mos de matar um leão por dia e ainda deixar mais outro tonto para resgatarmos nossos filiados”, diz Teófilo Ozir Guimarães, conselheiro da nova diretoria da FPtri.

Ser federado é pré-requisito indispensável para quem almeja participar de competições nacionais e internacionais. Sem representação local, triatletas paranaenses viram-se obrigados a se filiar por outros estados.

Foi o caso de Thiago Assad, que começou nas corridas de rua, passou pelo triatlo e já disputou o Mundial de Duatlon Terrestre por Santa Catarina. “As cidades de lá acabam apoiando mais os atletas. Ano passado competi por Blumenau”, lembra.

O curitibano Juraci Moreira, três olimpíadas no currículo, reforça essa tese. “Ficamos anos sem representação e isso me chateava um pouco. Conheço o pessoal da federação, que está com boa vontade”, elogia ele, ainda filiado à federação paulista. Em busca do índice olímpico para Londres 2012, Juraci faz parte de um grupo brasileiro que reside e treina na cidade portuguesa Rio Maior, a 80 km de Lisboa.

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A retomada começa, de fato, amanhã, quando será realizado o primeiro Campeonato Para­­naense, em Caiobá. “Tivemos um aumento de 30% no número de praticantes do triatlo no estado no último ano. É o esporte da moda”, comenta Luiz Iran Gui­­marães, organizador do inédito evento. A disputa regional tem largada às 8 horas.

Também diretor-técnico da nova FPtri, Guimarães diz acreditar que a junção das três modalidades (corrida, natação e ciclismo) é o principal chamariz para os mais de 700 praticantes do esporte no Paraná.

“Se um corredor de rua participa de um triatlo, é provável que ele consiga baixar o seu tempo final na corrida, pois a musculatura já foi trabalhada posteriormente no ciclismo”, explica.

Serão 250 participantes em Matinhos na prova com distâncias de 1.500 m de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida, realizada no mesmo percurso do tradicional Sesc Triathlon.

Também haverá a categoria Open, com metade do trajeto, destinada aos iniciantes. Con­forme a organização, devido à demanda, haverá uma etapa nos mesmos moldes em Foz do Iguaçu e mais uma no litoral.

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Diante dessa espécie de “nova era”, caras novas surgem. É o caso de Kauê Willy Cardoso, de 15 anos. Ele vai competir neste fim de semana, após estagiar por 15 dias na equipe brasileira que treina em Portugal. “Lá temos pistas exclusivas de treino, os motoristas dão prioridade aos ciclistas quando estamos na rodovia. Aqui no Brasil cada treino é motivo de preocupação. Tem muito atropelamento de ciclistas”, compara.

Futuro

Atleta olímpico critica falta de projetos no PR

Apesar da iminente expansão do triatlo, o paranaense Juraci Moreira Júnior, três olimpíadas na bagagem (Sydney-2000, Atenas-2004 e Pequim-2008), está preocupado com a renovação brasileira. Já projetando os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio, ele acredita que a ausência de projetos nas federações estaduais é o principal obstáculo enfrentado pela nova geração.

“Acho que é tarde falar em 2016, pois não se forma nenhum campeão olímpico do zero em quatro anos. Os jovens têm de ser preparados para 2020, 2024, daí sim é um prazo bom”, analisa ele.

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Para chegar à quarta olimpíada, o paranaense optou treinar na cidade portuguesa Rio Maior, a 80 km de Lisboa. O complexo esportivo é considerado por ele o mais capacitado para receber o triatlo. “Tudo tem fácil acesso, não precisamos nos deslocar para nada”, explica o integrante, que compõe a equipe nacional como convidado. Por causa de problema nos tendões de Aquiles dos dois pés, Juraci ficou fora de algumas etapas do Mundial que valiam pontos no ranking olímpico. O problema é crônico e acompanha o triatleta desde os Jogos Olímpicos de Atenas. “Ano passado tive de parar por seis meses para tratar de verdade. Caso contrário, não conseguiria continuar”, garante.

Com isso, a vaga em Londres 2012 está ainda distante. “Estou numa situação complicada devido à lesão que tive ano passado e não pontuei. Só agora que estou voltando a pontuar. Mas nada ainda está definido”, garante.