Volta aos treinos, após uma parada involuntária, é frustrante e exige o dobro de empenho. O ideal passa pela ajuda de médicos, fisioterapeutas e educadores físicos
Iniciar a prática de uma atividade física não é fácil. Voltar depois de um tempo parado é ainda mais difícil. Preguiça e queda na potência física fazem parte de uma espécie de combo à retomada.
O publicitário Fábio Biscaia, 41 anos, que o diga. Corredor, o esportista sempre possuiu uma rotina rígida de exercícios, tendo a participação em provas extenuantes como o objetivo de seu treinamento. Em 2009 e 2010, percorreu os 42 km da Maratona de Curitiba buscando melhorar suas marcas.
Entretanto, em março de 2011, durante a preparação para a maratona de Porto Alegre, uma lesão no tornozelo – a mais comum entre atletas do asfalto – o tirou das ruas, deixando-o parado por dois meses, em recuperação. Seu treino foi retomado em maio, mas tudo era diferente. Foi quase um ano marcado por momentos de desânimo e falta de estímulo.
“Quando eu voltei a correr, senti muita diferença. Meu corpo tinha perdido o condicionamento, mas a minha cabeça achava que eu ainda conseguia fazer o que fazia antes da lesão. Isso deu uma desmotivada, até porque eu estava vindo num ritmo forte.”
Naquele ano, Biscaia tentou correr a tradicional Maratona de Curitiba novamente, mas sem o mesmo desempenho de outrora. “Durante a prova, não conseguia fazer com aquela empolgação de antes, principalmente por saber que não iria conseguir baixar o meu tempo anterior.”
A assessora esportiva de Fábio, Rosa Naimara, conta que, durante esse período, foi preciso variar o foco do treinamento para dar uma nova motivação ao publicitário. “Após a lesão, nós passamos a trabalhar para uma meia-maratona de montanha. Eu pedi para o professor de musculação dele que desse uma ênfase na preparação para essa prova, até porque esses exercícios ajudariam na recuperação do tornozelo.”
Para a fisiologista Solange Carvalho, casos como o de Fábio costumam ter dois aspectos principais como motivos de frustração de atletas na hora de voltar ao treinamento: corporal e mental.
“O psicológico é aquele em que o atleta pensa que terá de começar do princípio, passar por todo o processo de adaptação, as dores musculares, todo aquele sofrimento inicial para o corpo entrar no ritmo novamente. Já no aspecto físico, é muito mais fácil o corpo se acostumar com a inatividade. Quando você esta treinando e para, por qualquer que seja o motivo, o corpo entra numa zona de conforto. Quando ele recomeça os exercícios, tem de se readaptar a essa nova fase, e aí surgem as dificuldades.”
Solange recomenda que, nessas situações, seja reunido um grupo de profissionais [médicos, fisioterapeutas, educadores físicos] que amparem, direcionem e auxiliem o retorno desses esportistas.
“É preciso uma equipe responsável, comprometida com o treinamento e com a qualidade esportiva desse atleta, para que ele se sinta motivado e seguro. É fundamental que ele se sinta seguro com essa equipe. A partir dai o rendimento dele vai ser super tranquilo”, explica.
Um ano após a lesão, Fábio admite que o resultado de não desistir foi positivo. “Neste ano, meu objetivo era fazer a maratona de Buenos Aires [em março] abaixo de 4 horas. Fiz em 3h55min. Posso dizer que estou num ritmo melhor do que estava antes da lesão. Mas demandou tempo.”
Dica
Não tenha pressa por causa do verão
Com o final de ano se aproximando, é comum ver os atletas de verão voltando às academias, parques e clubes na busca imediata de um corpo definido. Porém, em grande parte dos casos, esse retorno é feito sem serem levadas em conta algumas precauções importantes.
“Nessa época do ano as pessoas querem um resultado rápido, e têm o hábito de procurar um treinamento mais pesado, ficando mais horas na academia. Com isso elas ficam mais suscetíveis a lesões musculares, articulares e de outros gêneros”, alerta a fisiologista Solange Carvalho.
“É sempre fundamental para esses esportistas procurar um médico, fazer um check-up clínico geral para saber quais são as condições físicas existentes antes de voltar. A partir daí eles devem buscar uma academia ou espaço esportivo para que tenham segurança na prática de exercícios e evitem essas lesões”, completa.
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