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Sujeira na pista
| Foto:
Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
A engenheira civil e ciclista Juliana Pilotto usa roupas chamativas nos treinos

O melhor lugar para treinar ciclismo de estrada é na… estrada! Mas também é a opção mais pe­­rigosa. “Faltam estradas asfaltadas secundárias mas, no Pa­­raná, ainda é menos complicado do que em outros lugares do país”, destaca o técnico da equipe DataRo de ciclismo, Her­­nan­­des Quadri Júnior. O que não significa que o risco é baixo. Os ciclistas são os mais vulneráveis em casos de queda ou choque com outro veículo.

Em 25 de maio, o ciclista da equipe DataRo Mário Cesar Baena, 43 anos, morreu após cho­­­­car-se com um carro no km 75 da BR-277, em São José dos Pinhais, quando tentava se aproximar do pelotão. A rodovia, que leva ao litoral paranaense, é uma das rotas favoritas dos ciclistas e triatletas que precisam de alta ro­­dagem de treinamento. “É uma das melhores estradas para pedalar, embora longe de ser ideal” diz o empresário e triatleta Eduardo Sovierzoski, 37 anos, que participou, em 2010, do Iron­­man do Havaí.

Outro caminho bastante usado para quem precisa pedalar longas distâncias é no sentido oposto da BR-277, de Curitiba em direção à Ponta Grossa. No último sábado (23/7), o ciclista Paulo Vitor Pedrini, de 48 anos, também foi atropelado durante um treino e precisou ser hospitalizado. “Vi o acidente. Uma situação dessas faz a gente lembrar o risco que corremos e pensar que, muitas vezes, é melhor reduzir a velocidade e perder um pouco do treino, preservar a vida”, diz Sovierzoski.

“É preciso prudência das duas partes, do ciclista e do motorista. Outro problema é quando tem sujeira na pista”, lembra o triatleta vice-campeão do Ironman Brasil, Guilherme Manocchio. Uma pequena pedra no caminho pode tirar a estabilidade da bicicleta. Considerando que nos treinos os atletas pedalam entre 45 km/h a 60 km/h, o impacto (e o estrago) na queda é grande.

O chefe de Operações do Ba­­talhão da Polícia Rodoviária Estadual, tenente Sheldon Vor­­tolin, destaca ainda que o excesso de confiança do ciclista também con­­tribui para o aumento do número de acidentes com bi­­ci­­cleta nas rodovias. “Alguns querem aproveitar o vácuo criado pe­­­los automóveis e invadem a pista. Mas não têm como prever quan­­do um automóvel deixa de ace­­lerar e podem [os ciclistas] não ter tempo de frear. Esquecem que para-brisa de ciclista é a própria testa”, fa­­la.

A desatenção do motorista com a presença do ciclista no acostamento também é causa de acidentes. “Principalmente quando estão para entrar na rodovia”, diz Manocchio. Nessa situação, alerta, o melhor é o ciclista sempre desconfiar e reduzir a velocidade.

Outra estratégia é fazer-se notar. A engenheira civil e triatleta Juliana Pilotto adotou alguns procedimentos: comprou trajes fosforescentes e evita horários de maior fluxo de automóveis. “Na temporada de verão, busco outras rotas que não a via das praias”, avisa. Além disso, ela deixa o treino para mais tarde quando a manhã é de nevoeiro, tudo para facilitar para que seja vista pelos motoristas.

No entanto, muitos que estão no volante ainda não entendem o ciclista como parte do trânsito, mas como um intruso. “Já levei um susto uma vez que um carro tocou em mim durante o treino. Fiquei com a impressão que o motorista quis fazer uma brincadeira de muito mau gosto”, conta Juliana. “Há quem passe buzinando, provocando. Até lata de cerveja já me jogaram”, lembra Sovierzoski.


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