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Superlativo
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Tudo no Ironman Brasil é grandioso: as longas distâncias da prova, o tempo de preparo dos atletas e o sofrimento na preparação e na disputa

Henry Milléo/ Gazeta do Povo
O analista de sistemas José Wanderlei Lozano estreará em Ironman

Pode até não ser a mais longa, mas certamente é a mais famosa prova de triathlon endurance do Brasil. O Ironman chega amanhã à sua 12.ª edição desafiando os triatletas a passarem até 30 horas seguidas em atividade física.

Os números do evento impressionam: a competição começa com 3,8 km de natação em mar aberto para os 2 mil atletas inscritos. Então, serão 180 km de ciclismo para alcançar a última etapa: os 42 km (o equivalente a uma maratona) de corrida. Tudo ininterruptamente, em um único dia.

O que refresca é a geografia do local da disputa: as belas paisagens e o percurso terrestre predominantemente plano da praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis (SC).

A competição premia o campeão com 15 mil dólares (R$ 31 mil). O principal atrativo do Ironman Brasil é a possibilidade de os atletas amadores se classificarem para a edição havaiana do Ironman nas categorias por idade.

Mas, simplesmente entrar para a seleta lista de “Homens de Ferro” já basta para fazer atletas amadores treinarem ano (s) a fio com o objetivo de largar (e completar) a prova.

“O mais difícil é conseguir chegar preparado para a prova”, afirma o médico da Federação Paranaense de Triathlon, Luis Antonio de Ridder Bauer. Isso porque o aumento considerável do volume de treinos semanais (em média, diários, de quatro a seis horas, com os longões nos fins de semana) é essencial.

O corpo exige condicionamento em longo prazo para a prova: os participantes devem ter bagagem em distâncias menores, como o triatlo olímpico (1,5 km de natação, 40 km de bicicleta, 10 km de corrida). Alimentação regrada, suplementação e descanso também têm de virar rotina.

Tudo isso não elimina o risco de lesões e queda de resistência imunológica do corpo. Sem falar que manter a motivação para participar da competição comumente leva os triatletas à obsessão. “Há muitos casos de lesões como a periostite [inflamação da membrana externa dos ossos], também chamada de canelite”, diz o médico.

Ao final da disputa – que pode levar entre oito horas (para o pelotão de elite) a quase um dia inteiro para os meros mortais – o quadro dos atletas é de grande fadiga, hipoglicemia e de quase transe mental para conseguir manter-se na prova.

O analista de sistemas José Wanderlei Lozano, 33 anos, tenta amanhã o seu primeiro Ironman e conta outra situação comum aos supertriatletas: a mudança do comportamento social nos meses pré-prova. “Os amigos estranham. A família sente falta. Como treino muito, ao final do dia, quero descansar. Deixei de sair à noite, exceto em casos especiais, como aniversários de amigos, que só dou uma passada. Minha família mora em Londrina e não os visito desde que comecei a treinar só para o Iron, em janeiro”, conta.

O brasileiro a ser batido

Guilherme Manocchio, curitibano, 2.º lugar do Ironman Brasil 2011, melhor resultado de um brasileiro na prova.

Como você se preparou para o IM deste domingo?

Treinei bem mais que no ano passado, disputei um Ironman na África em que cheguei em décimo lugar. O problema é que voltei um pouco doente, acho que caiu minha resistência imunológica. Procurei me recuperar nessas últimas semanas.

A elite masculina deste ano tem 35 atletas, de oito países. Os argentinos Eduardo Sturla (tetracampeão da prova) e Oscar Galindez (tricampeão) são seus maiores adversários?

Além deles, a Argentina também tem o Ezequiel Moralez (terceiro colocado em 2011). São bons, treinaram bem e virão bem, como no ano passado. No Brasil, o Santiago Ascenço está meio quietinho, mas soube dos treinos dele, e está melhor que no ano passado e virá forte.

Este ano você chega ao Ironman com status de brasileiro a ser batido. Isso ajuda ou atrapalha?

Ser o favorito é bom, quer dizer que construí um bom histórico, porém, tenho de me esforçar para repetir ou melhorar o desempenho.


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