Braços, pernas ou abdômen não vão sozinhos à academia. De tão óbvio, o raciocínio soa até estranho. Mas ele é um dos pontos fundamentais do treinamento funcional. A ideia é simples: o corpo humano é um só e atua sempre em conjunto, e nenhuma pessoa é igual à outra.
“Isso serve tanto ao meio profissional quanto aos movimentos do dia a dia – como sentar, agachar ou levantar uma caixa –, que demandam um número grande de musculatura e de articulações”, explica o professor de educação física Vitor Hugo Nemetz, que atua na preparação física dos jogadores do Coritiba. “Você gasta menos energia, usa os músculos e as articulações de maneira correta, e fica menos suscetível a lesões”, resume.
Recentemente, Nemetz fez um curso do Instituto Cooper, dos EUA, um dos pioneiros na área. Uma das técnicas ensinadas, ressalta, é o FMS (Teste de Movimento Funcional, sigla em inglês), que consiste na realização de uma série de movimentos, aos quais são atribuídas notas de desempenho. “Com esse acompanhamento, você consegue identificar necessidades específicas, como pouca mobilidade e pouca flexibilidade do quadril, e trabalhar sobre elas”, complementa.
O instrutor João Carlos Longo, da academia Corpus, conta que a partir da avaliação individual é possível montar uma planilha de treinos personalizada. “Assim, você direciona para a atividade que a pessoa pratica. E não precisa ser um atleta, os benefícios são gerais: maior agilidade, flexibilidade, condição cardiorrespiratória e até a intensidade dos exercícios”, frisa.
Melhor postura em casa ou no trabalho; diminuição de dores nos joelhos, nas costas; essas são apenas algumas das mudanças percebidas por quem começa o treinamento funcional.
A coordenadora de fitness da academia BeHappy, Rafaela Buso, destaca outra vantagem: a praticidade para quem “corre” o dia inteiro, mas só no sentido negativo do verbo correr. “Hoje em dia essa busca pela qualidade de vida vem crescendo muito no fitness, não é só a musculação. E muita gente não tem tempo, então prefere o funcional. O rendimento é muito maior, porque estimula o global, desgasta mais e dá mais aptidão”, analisa.
A designer de interiores Maurete Schumacher começou com o treinamento funcional há quatro meses. Mesmo para ela – que é também triatleta e já vinha de um bom condicionamento físico –, os exercícios são bem puxados. “Em alguns movimentos eu ainda tenho dificuldades, não tenho força, coordenação ou agilidade para fazer. Às vezes, a gente sai até com a língua pra fora”, brinca.
“Mas acho que por ser treino e não só musculação, a evolução é muito mais rápida. Em dois meses já dá para sentir diferença, os movimentos ficam melhores, a gente fica mais ágil e fortalece a musculatura, o que me ajudou no meu próprio treino”, completa Maurete.