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Válvulas da engrenagem
| Foto:
Antonio Costa/ Gazeta do Povo
Teste com esteira identifica o funcionamento corporal para a atividade física

Quem pratica corrida de rua sabe que algumas frases, mesmo que não proferidas em voz alta, são bastante comuns após um treinamento ou uma prova. Alguém poderia dizer que “hoje o fôlego foi bom, mas faltou perna”; outro ficaria no “meu coração quase explodiu, apesar de as pernas estarem bem”; ou ainda: “Foi difícil respirar, mas cheguei inteiro”.

O significado dessas frases não se reduz apenas ao fato de que o cansaço tomou conta durante o exercício, mas evidencia um descompasso im­­portante e que serve de alerta, principalmente para os atletas amadores. Quando alguma parte do corpo vai bem, porém outra nem tanto, fica o alerta de que coração, pulmão e pernas (músculos) não estão trabalhando com o mesmo ritmo. E isso explica muita coisa.

Eles são as três grandes en­­grenagens que movem o corpo humano e não apenas durante exercícios físicos, mas até mesmo em simples tarefas diárias. “Essa interação se dá desde o simples ato de escovar os dentes até os exercícios mais intensos. O que acontece muitas vezes é que uma dessas três pode não estar funcionando da maneira mais adequada”, explica o fisioterapeuta, educador físico e coordenador da Academia do Coração do Hos­­pital Costantini, Rafael Ma­­cedo.

Cada órgão tem uma função determinada. O pulmão capta o oxigênio na atmosfera. O coração distribui esse oxigênio de forma sistêmica. Já os músculos recebem o oxigênio para transformar em movimento. E todos funcionam interligados. Ou seja, caso um não esteja trabalhando bem, os outros acabam sofrendo os reflexos.

A maneira ideal para identificar qual engrenagem está operando em um nível abaixo é por meio de exames específicos, sempre com o intuito também de descartar qualquer problema clínico. “Existem exames clínicos que as pessoas de­­vem fazer para praticar es­­porte com segurança, que vão identificar os potenciais cardíaco e respiratório de prática de exercício”, sugere o es­­pe­­cia­­lista em Medicina do Es­­porte do Hospital Vita, Luiz Bauer.

Se tudo está dentro dos limites normais, mas o rendimento segue comprometido, é hora de expandir o treinamento para além da corrida pura e simplesmente. Normalmente são exercícios específicos para cada engrenagem, que se apresentam com necessidades diferentes.

Em relação às pernas, Bauer é bastante direto. “O que precisa mesmo é de treinamento”, resume. E esse treinamento não significa apenas correr com mais frequência ou em ritmo acelerado, mas se estende a atividades de musculação dirigidos para os membros inferiores. O objetivo é aumentar a resistência e a força.

O coração, por sua vez, é um órgão que consegue se adaptar mais facilmente à exigência do exercício ao longo do tempo, porém o recomendado é encontrar um ritmo de frequência cardíaca confortável. Da mesma forma, a cada degrau e mu­­dança no treinamento, é aconselhado adaptar o ritmo cardíaco para não exagerar.

Já o pulmão é o órgão que vai dar mais trabalho ao corredor. “Uma alternativa é treinar a musculatura ventilatória com exercícios respiratórios, assim melhora-se a capacidade de correr por retardar a fadiga das pernas. São trabalhos de fisioterapia respiratória”, recomenda Macedo.

Apesar dessa fórmula básica, fica sempre o aviso dos especialistas de que cada pessoa reage de forma diferente ao exercício. Portanto, qualquer repetição de sintomas que atrapalhem o rendimento, a recomendação é a prudência e a visita a médicos relacionados ao problema identificado.

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