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Quem pratica corrida de rua sabe que algumas frases, mesmo que não proferidas em voz alta, são bastante comuns após um treinamento ou uma prova. Alguém poderia dizer que “hoje o fôlego foi bom, mas faltou perna”; outro ficaria no “meu coração quase explodiu, apesar de as pernas estarem bem”; ou ainda: “Foi difícil respirar, mas cheguei inteiro”.

O significado dessas frases não se reduz apenas ao fato de que o cansaço tomou conta durante o exercício, mas evidencia um descompasso im­­portante e que serve de alerta, principalmente para os atletas amadores. Quando alguma parte do corpo vai bem, porém outra nem tanto, fica o alerta de que coração, pulmão e pernas (músculos) não estão trabalhando com o mesmo ritmo. E isso explica muita coisa.

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Eles são as três grandes en­­grenagens que movem o corpo humano e não apenas durante exercícios físicos, mas até mesmo em simples tarefas diárias. “Essa interação se dá desde o simples ato de escovar os dentes até os exercícios mais intensos. O que acontece muitas vezes é que uma dessas três pode não estar funcionando da maneira mais adequada”, explica o fisioterapeuta, educador físico e coordenador da Academia do Coração do Hos­­pital Costantini, Rafael Ma­­cedo.

Cada órgão tem uma função determinada. O pulmão capta o oxigênio na atmosfera. O coração distribui esse oxigênio de forma sistêmica. Já os músculos recebem o oxigênio para transformar em movimento. E todos funcionam interligados. Ou seja, caso um não esteja trabalhando bem, os outros acabam sofrendo os reflexos.

A maneira ideal para identificar qual engrenagem está operando em um nível abaixo é por meio de exames específicos, sempre com o intuito também de descartar qualquer problema clínico. “Existem exames clínicos que as pessoas de­­vem fazer para praticar es­­porte com segurança, que vão identificar os potenciais cardíaco e respiratório de prática de exercício”, sugere o es­­pe­­cia­­lista em Medicina do Es­­porte do Hospital Vita, Luiz Bauer.

Se tudo está dentro dos limites normais, mas o rendimento segue comprometido, é hora de expandir o treinamento para além da corrida pura e simplesmente. Normalmente são exercícios específicos para cada engrenagem, que se apresentam com necessidades diferentes.

Em relação às pernas, Bauer é bastante direto. “O que precisa mesmo é de treinamento”, resume. E esse treinamento não significa apenas correr com mais frequência ou em ritmo acelerado, mas se estende a atividades de musculação dirigidos para os membros inferiores. O objetivo é aumentar a resistência e a força.

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O coração, por sua vez, é um órgão que consegue se adaptar mais facilmente à exigência do exercício ao longo do tempo, porém o recomendado é encontrar um ritmo de frequência cardíaca confortável. Da mesma forma, a cada degrau e mu­­dança no treinamento, é aconselhado adaptar o ritmo cardíaco para não exagerar.

Já o pulmão é o órgão que vai dar mais trabalho ao corredor. “Uma alternativa é treinar a musculatura ventilatória com exercícios respiratórios, assim melhora-se a capacidade de correr por retardar a fadiga das pernas. São trabalhos de fisioterapia respiratória”, recomenda Macedo.

Apesar dessa fórmula básica, fica sempre o aviso dos especialistas de que cada pessoa reage de forma diferente ao exercício. Portanto, qualquer repetição de sintomas que atrapalhem o rendimento, a recomendação é a prudência e a visita a médicos relacionados ao problema identificado.