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Devagar se vai ao longe, diz o provérbio. A ideia é de que um bom trabalho exige persistência e paciência, o que cai bem na corrida de rua. Um novo tipo de treinamento sugere uma mudança no ditado para “pulando se vai ao longe”.

O hopping propõe o uso de um calçado suíço – que mais parece uma bota de patins roller adaptada com uma espécie de mola, o chamado IPS (sistema de proteção do impacto) – na rotina de treinos.

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A atividade seria mais uma forma de usar outras modalidades que contribuem pa­­ra a melhora da performance na corrida de rua – chamado de cross training.

O calçado é mais conhecido pe­­lo nome de um de seus fabricantes, a empresa suíça Kangoo Jumps, e chegou às academias brasileiras em 2009 com a promessa de favorecer a perda rápida de calorias e torneamento de pernas e bum­bum, com a vantagem do baixo impacto.

Fora das salas de ginástica, tem dado bons resultados para quem corre. “Sinto mais facilidade para correr, levo mais tempo para cansar, depois que combinei o hopping à corrida. Acho que a carga das bo­­tas faz com que eu me esforce mais”, diz a engenheira civil, 46 anos, Ana Maria Dilay.

“Ninguém corre com caneleiras de peso porque tem alto risco de lesão. Mas as botas, que pesam 1,8 kg, têm o sistema de amortecimento que absorve 80% do impacto do corpo com o chão, o que minimiza esse risco”, explica o professor da modalidade e gerente de mar­­­­keting da Cia. Athletica, Igor Andrade.

Com o IPS do calçado, toda a mus­­culatura dos membros inferiores é mais exigida na corrida, desde as panturrilhas até os anteriores das coxas. “E é eficiente co­­mo atividade funcional [que estimula outros músculos, se­­cun­dariamente, mais profundos e mais difíceis de trabalhar], o que é ótimo para quem corre”, se­­­­gue Andrade. Entre as regiões beneficiadas estão, principal­men­­te, abdome e coluna.

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Os pulos como atividade física anaeróbia (de fortalecimento muscular, especialmente) não são no­­vidade: basta lembrar o “ancestral” pular corda, que tem também grande função aeróbica (de melhora da capacidade cardiorrespiratória). A atividade foi ganhando complexidade: as aulas de jump – em cima do minitrampolim – viraram febre justamente por ter me­­nos impacto, mais exigência muscular e alto gasto calórico do que os saltos no piso.

Depois, com a kangoo jump, aliou-se à redução do impacto a possibilidade de se deslocar e um consumo de energia ainda maior (cerca de 700 kcal por hora, contra 600 kcal do Jump).

Com o maior esforço muscular e gasto energético, as seções com o calçado não chegam a uma hora (são de 45 minutos), divididas em mo­­mentos de movimentos coreografados e corridas indoor. “É uma boa opção para ver resultados rápidos, para quem não tem muito tempo para a academia”, diz a su­­pervisora de vendas Sandra Souza Santos, 35 anos, que começou a prática da atividade há dez meses para perder o peso ganho na gravidez.

Sessões de corrida no asfalto com as botas podem ser inclusas nas planilhas semanais dos atletas, mas com moderação: não de­­vem ultrapassar duas vezes na semana, para não fadigar a musculatura, e com tempo de duração inferior do que treinos com tênis.

“A pisada é diferente no uso dos dois tipos de calçados, mas o atleta se adapta rapidamente às duas formas, sem prejuízo no mo­­vimento da corrida”, explica Igor.

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Postura

Para usar as botas, é preciso ajustar a postura e a pisada. Coluna reta e barriga para dentro, com a sensação de “empurrar” as costelas para dentro fortalecem o abdome, evitam excesso de carga na coluna e facilitam o equilíbrio sobre o equipamento. A pisada é feita com toda a sola do pé contra o chão, de uma só vez, diferentemente da corrida com tênis – em que se inicia com um leve toque do calcanhar no solo, seguido do restante da sola do pé – ou das aulas sobre o minitrampolim, em que o centro da pisada é no calcanhar.

Para baixo

Nem todos podem utilizar as botas com amor­­te­­cimento:

– Pessoas obesas não devem usar o equipamento se estiverem sedentárias. É neces­­sário um período de condicio­­na­­mento físico.

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– Diabéticos precisam de atenção redobrada com os pés: as botas po­­dem gerar bolhas nos pés e peque­­nos cortes. A indicação – que vale para todos – é usar meias grossas e de canos altos antes de calçar o equipamento.

– Hipertensos e pessoas recuperadas de lesões nos tornozelos, joelhos e coluna precisam de acompa­­nha­­mento profissional para esta­­be­­lecer os limites da intensidade das sessões de hopping. Dor ou mal-estar são sinais para interromper a atividade e investigar suas causas.

Para cima

Conheça cinco vantagens de incluir treinos com a kangoo jumps:

1) Alto gasto calórico: em uma hora de atividade, são gastas até 700 kcal.

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2) Alta exigência da musculatura dos membros inferiores, fortalecidos mais rapidamente do que na corrida tradicional.

3) Ativação e fortalecimento de musculatura profunda dos membros inferiores e região do core (coluna e abdome).

4) Baixo impacto. O fabricante promete uma redução de 80% da força de reação no choque da sola do pé com o chão nas passadas.

5) Pode ser usado para atividades indoor, no hopping, ou nas corridas no asfalto.