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Zebra africana
| Foto:
Conade
O mexicano Mario Hernandez, campeão mundial e paralímpico, é o grande nome da maratona

A associação quase automática que se faz entre a disputa de uma maratona e um vencedor africano não vale nos Jogos Paralímpicos. Como já é tradicional, a prova de 42,195 km será uma das atrações do último dia de competições da Paralimpíada. Neste domingo (9), o público de Londres poderá acompanhar quatro competições diferentes nas ruas da cidade.

No masculino, são três ca­­te­­gorias: para atletas com baixa visão (T12), atletas com um ou dois braços amputados (T46) e cadeirantes (T54). Somente essa última classe também será disputada entre as mulheres. O Brasil tem dois representantes na capital inglesa – Tito Sena e Ozivam Bonfim, na T46.

E a prova na qual correm os brasileiros é um dos exemplos de que, em maratonas adaptadas, os atletas da África não têm vez. Nesta classe, em Pequim-2008, o melhor resultado de um competidor do continente foi o sexto lugar do tunisiano Samir Chaabani.

Se considerarmos as quatro categorias, não há nenhuma medalha de ouro na história dos Jogos Paralímpicos; apenas três pódios. Os melhores resultados (uma prata e dois bronzes) vieram com atletas da África do Sul. Nada de Etiópia ou Quênia, os grandes “bichos-papões” da Olimpíada.

“Eles têm um talento nato, que aparece principalmente nos Jogos Olímpicos, mas na Paralimpíada ainda não conseguiram ganhar destaque”, relata Sena. Nos últimos Jogos, cada classe teve um medalhista de ouro de um continente diferente. Nem assim, os africanos conseguiram quebrar o tabu, já que subiram ao alto do pódio um mexicano (T46), um chinês (T12), um australiano (T54 masculina) e uma suíça (T54 feminina). Como comparação, na disputa convencional, os atletas da África venceram quatro maratonas desde a Olimpíada de 2000. Além disso, entre os homens, somente em Atenas-2004, o pódio não foi inteiramente formado por competidores do continente.

“Ameaças reais que temos são de atletas da Espanha e do México, que têm bons tempos e sabemos que vão dar trabalho”, projeta Bonfim. Sem a incômoda concorrência, os brasileiros são colocados no grupo dos favoritos. Tito Sena é o atual medalhista de prata da Paralimpíada, enquanto Ozivam Bonfim ficou em quinto lugar em 2008. Na maratona de Paris deste ano, os dois fizeram dobradinha brasileira, com Sena como vencedor.

“É minha terceira Para­­limpíada e pretendo brigar entre os três primeiros. Espero que 2012 seja o meu ano”, diz Bonfim. “Vou tentar ficar sempre no pelotão da frente para, depois dos 30, 35 km, dar aquele gás maior para garantir o pódio”, emenda Sena.

O percurso da maratona, em todas as classes, será o mesmo utilizado na Olim­­píada: um circuito em que os corredores dão uma volta inicial menor, de 3,571 km, e depois três maiores, de 12,875 km, totalizando os pouco mais de 42 km. Como atrações estão pontos turísticos como o Big Ben, o Palácio de Buckingham e a Catedral de Saint Paul. Outra característica à parte é a presença próxima do público.

“Vamos encerrar a Pa­­ra­­limpíada com chave de ouro. Muitas pessoas, que às vezes nem conseguiram ir ao Estádio Olímpico, vão gostar”, promete Sena.

*O jornalista viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro

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