Reflexões de Paulo Marcos: leva o espectador a ir além da superfície por meio de uma narrativa lírica e poética.
Por Fabiano Ferreira
O fotógrafo Paulo Marcos é o entrevistado dessa semana da websérie No Olhar, youtube.com/noolhartv. Com a intenção de registrar ações de pessoas e situações corriqueiras, busca em seu trabalho uma narrativa lírica e poética que proponha uma subjetividade na imagem, que leve o espectador a ir além da superfície. “Fotografar é descobrir novas camadas e cavar dentro dessa imagem um novo significado. Pode ser a coisa mais boba do mundo, o rosto de uma pessoa, uma planta, uma parede, qualquer coisa é motivo pra isso. A gente vai vendo que não fotografa o mundo, a gente fotografa nós mesmos, dentro desse mundo”, afirma.
O fotógrafo acredita que a fotografia digital revela um tema curioso e instigante, pois as pessoas se relacionam com algo que é não palpável, “Você está vendo uma imagem que não existe. Mas eu gosto de tentar fazer com que brote sentido dessa fotografia, mesmo sendo hoje em dia feita apenas de luz, dentro da tela do computador. Tudo é passível de ser interpretado através de uma imagem bidimensional e nosso desafio é ir além da bidimensionalidade da fotografia”, explana Paulo.
Analisa, também, a relação do tempo na fotografia contemporânea: “Tem uns fotógrafos, hoje em dia, que expandem essa textura do tempo ao máximo, para fazer com que essa passagem acumule novas camadas de significados. Esse é um campo muito vasto pra ser explorado ainda com o digital e o analógico. Como é que a gente faz com que o tempo fique parado, congelado? Por que nós estamos constantemente correndo contra o tempo? Que tempo é esse? É o tempo da finitude, porque uma hora nós todos vamos morrer”, conclui o fotógrafo.
“Fotografar é descobrir novas camadas e cavar dentro dessa imagem um novo significado¨
Sobre o projeto:
De acordo com o diretor da websérie, Tiago Ferraz, a ideia de produzir o No Olhar surgiu da necessidade de encontrar informações sobre fotógrafos brasileiros compiladas em formato documental. “Hoje encontramos muitos tutoriais técnicos, mas ainda existe uma carência em conteúdo sobre linguagem fotográfica e sobre a trajetória dos fotógrafos. Durante a produção da primeira temporada, percebemos que este projeto ia além de um simples registro e o que tínhamos em mãos era um acervo da memória da fotografia brasileira dos últimos anos”, complementa.
A busca pelo lado humanista dos entrevistados também aparece na contrapartida do projeto. Mais de 100 crianças da rede pública de ensino tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre fotografia, se deixando encantar pela arte, assim como relatou Walter Carvalho, no primeiro episódio. “Essa iniciativa é muito gratificante, pois promove a descoberta de novos talentos nas áreas menos favorecidas da sociedade”, acrescenta Ferraz.
Acesse: youtube.com/noolhartv