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Chuva, enchente, prejuizo e muita tristeza

Vida de repórter fotográfico

Dia de chuva é dia de preocupação não só pra quem vive nas áreas de risco e fundos de vale em Curitiba e Região Metropolitana. Para nós, que trabalhamos com a notícia e necessitamos ir até os lugares pra fazer as imagens sempre é um dia de trabalho muito tenso. Primeiro porque acabamos sentindo na própria carne a dor e o desespero das pessoas. E quando essas pessoas são de nossa convivência de trabalho, a situação fica ainda mais complicada.

Foi o que aconteceu ontem. Dia todo chuvoso e passei a maior parte da tarde na Assembleia fotografando deputados no plenário. Saindo de lá, minha próxima pauta era uma matéria sobre a segurança particular do governador Beto Richa e foi aí que as coisas começaram a ficar tensas.
O motorista que estava comigo recebeu um telefonema da mãe, que estava chorando e avisando que sua casa estava cheia de água da enchente. De pronto fomos lá. Trânsito confuso em toda a cidade e em mais ou menos meia hora chegamos ao local, nas proximidades do Parque Tingui, região norte de Curitiba.

Quando estávamos no local, outra noticia triste para a família: a irmã do Daniel teve a casa derrubada pela enxurrada em Almirante Tamandaré. Sem vacilar, fomos para a casa da irmã do Wilt. Chegando lá foi um choque em ver que pessoas tão próximas estavam numa situação de muita perda material. E, pior, estavam correndo risco de vida. Muito choro e gritos me deixaram confuso. Até que a mãe do companheiro de trabalho desmaiou.

Situação tensa outra vez. Sem perder o foco do trabalho, as imagens eram fortes e todos queriam falar alguma coisa pra mim, dando dicas de outros lugares que também tinham problemas maiores.
Repórter no local de tragédia passa a ser a autoridade do pedaço e os moradores vêm até pedir cesta básica, manilha, telhas, entre outras coisas. E você tem a obrigação de dar atenção a todos, ao menos para tentar confortá-los – se é que isso é possível – e ainda fazer as fotos antes que escureça ou que a situação fuja de controle.

No final fico feliz por ter saído do local com boas fotos (slide show abaixo) e torcendo pra que o jornal publique uma boa matéria que possa de alguma maneira ajudar as pessoas que estão passando por este drama.

Albari Rosa, repórter fotográfico da Gazeta do Povo.

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