Plantão de feriado é assim: nunca se sabe exatamente o que se tem pela frente. Vou contar um pouco da cobertura que fizemos durante três dias, eu o repórter Osny Tavares, da chuva que mais uma vez prejudicou a população do Vale do Itajaí, em Santa Catarina.

CARREGANDO :)

Saímos tarde de Curitiba na sexta-feira (9), por volta das 14 horas, e pelo, adiantado da hora, não podíamos errar o tiro, já tínhamos o compromisso de produzir a matéria já a partir do mesmo dia da viagem. Na estrada, fomos avaliando as distâncias entre as cidades atingidas. Resolvemos ir para Blumenau, cidade que, assim como o desastre de 2008, o maior da história do país e pelo mesmo motivo, tinha o maior número de desabrigados. Sabíamos que chegar lá e fazer uma matéria com tempo de transmitir seria arriscado.

Decidimos parar na primeira área alagada em que houvesse famílias desabrigadas. Assim que chegamos, não demorou pra encontrarmos a primeira barreira na estrada e um aglomerado de gente. Vila Sertão Verde, município de Gaspar, cenário de completa desolação. Casas só com o telhado fora da água, canoas improvisadas circulando nas ruas alagadas. De pronto um morador se ofereceu para me levar para fotografar os pontos mais atingidos da vila.

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Em poucos minutos já da para ter a dimensão do drama daquela gente. O barqueiro vai avisando que as casas que estou fotografando são de dois andares, tamanha é a quantidade de água. Casas normais são as que aparecem só os telhados. Carros nem dá para ver: estão todos submersos.

Uma foto aqui outra ali e seguimos em frente pela BR-470. Conforme avançamos em direção ao Alto Vale do Itajaí, o tráfego vai ficando mais lento. Na entrada de Blumenau se tem uma noção do que enfrentaremos. A cidade esta em estado de calamidade. Nossa meta é chegar até a região central. E fazer foto aquela altura estava difícil por causa da falta da luz natural que ia se enfraquecendo. Mas o que conseguíssemos seria lucro. Conseguimos chegar na Rua Sete de Setembro, centro de Blumenau, depois de muitas voltas e bloqueios. Matéria e fotos transmitidas com tempo de publicação.

Segundo dia (sábado, 10) fechamento do jornal ao meio-dia, tinha que ser correria. Apostamos nas casas que haviam sido soterradas por um deslizamento de encosta. Acordamos muito cedo e saímos para rua perguntando como chegar ao bairro da Velha. Em dias normais isso seria uma tarefa fácil, mas com a maioria das ruas alagadas sabíamos das dificuldades.

Sempre de olho no relógio, conseguimos achar a região. O cenário também era muito triste. Lama e destroços que apenas davam uma vaga ideia de que ali tinham algumas casas. Moradores contando histórias do lugar e vamos saindo para visitar um abrigo da prefeitura. Hora de enviar o material pra Curitiba.

Na parte da tarde fomos rumo a Rio do Sul, pela BR-470. Tínhamos a informação de que a estrada estava interrompida pelas águas do Tio Itajaí-Açu. Quando chegamos no ponto da barreira, deixamos o carro no acostamento da estrada e pedimos carona num barco do Exército. De lá para frente uma outra carona de carro até a cidade. Uma circulada a pé pelas ruas alagadas no centro da cidade, algumas histórias e fotos. É hora de voltar. Mais uma carona até a barreira, e para atravessar de volta subimos na carroceria de um caminhão: mais uma hora de viagem para voltar a Blumenau.

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Terceiro dia (domingo, 11) nosso trabalho fechava em Itajaí. Ultima cidade a ser atingida pela enchente porque esta localizada na foz dos rios Itajaí-Açu e Itajaí Mirim.

Nesta etapa da cobertura, resolvemos abordar o trabalho dos voluntários e da força-tarefa no auxilio das famílias desabrigadas com a distribuição de água e sextas básicas.

Acompanhamos os voluntários e o Exército na entrega na Vila da Miséria. Chegamos lá no caminhão da força-tarefa e o horário começava a ficar apertado. Tínhamos de voltar a Curitiba. Sair, só de caminhão, mas ia demorar a distribuição da comida. Então o jeito foi apelar par o carroceiro Zequinha.

Cobertura de tragédias é assim. Tem de ter sorte e resolver cada problema na sua hora.