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No caminho da pauta, cruzes, oratórios e muita fé
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Por André Rodrigues

Dias atrás percorri alguns caminhos entre Curitiba e região metropolitana em busca de “pequenos locais de peregrinação”. Na verdade, pauta do talentoso jornalista José Carlos Fernandes, acerca dos espaços do catolicismo popular. Encontramos esses locais e as pessoas que guardam esses “tesouros da religiosidade popular”, como destacou José Carlos Fernandes na reportagem “Ó Deus, salve os oratórios”.

Rodamos por caminhos bucólicos na região metropolitana de Curitiba – Colônia Santa Gabriela, em Almirante Tamandaré; Colônia Dom Pedro II e Colônia Rebouças, em Campo Largo. E um tanto no bairro Santa Cândida, região norte da capital, em busca de uma santa. No trecho encontramos muitas manifestações de fé, boas pessoas e histórias que se misturam no zelo dos espaços como cruzeiros, oratórios, grutas e aquelas capelinhas nos frontões das casas.

Entre estas pessoas, destaco a simpática agricultora Bárbara Belinoski, 84 anos, há 66 ‘cuidadora’ de um dos cruzeiros da Dom Pedro II – além de um belo jardim de roseiras que a nora fez questão de me mostrar. “Nossas rezas aqui já salvaram a colônia muitas vezes. Pedimos chuva. A chuva veio”, contou a veterana para José Carlos Fernandes.

O sol a pino, de uma tarde quente, ditava o ritmo do trabalho. Ainda mais porque eu não queria deixar dona Bárbara naquele calor e ainda tínhamos que visitar outros lugares. Optei por usar duas lentes: uma 17-35 mm para compor as cenas mais gerais (retrato no ambiente) e uma 50mm para um retrato mais fechado. Para contrapor a luz dura e as sombras fortes ou mesmo o contraluz, optei pelo uso de um flash remoto em potência 1/8 em alto sincronismo.

Na Colônia Rebouças, Mário Fedalto, 45 anos, sobrinho do arcebispo emérito dom Pedro Fedalto, cuida de um oratório dedicado a São Marcos Evangelista. E o oratório é marcado por uma história que remonta ao século passado. Segundo consta, “em 1884, uma “peste” matou 13 italianos, que se instalaram naquele vale depois de trabalhar na construção da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá. Assustados, os moradores saíram em procissão, passando com velas, onde houvesse enfermos. Conta-se que depois das rezas ninguém mais morreu. A devoção, no entanto, continuou, todo dia 25 de abril, o que faz dela, com folga, uma das mais antigas manifestações públicas de fé no Paraná. Seriam 129 anos de reedições ininterruptas”, destacou José Carlos Fernandes.

Olhar (e fotografar) aqueles monumentos de fé é como voltar no tempo. Ter um contato com uma cultura que é engolida pela modernidade ou mesmo pela desconsideração. Como ressaltou José Carlos: “Ignorados pelo Estado e pela própria Igreja Católica – que, de acordo com a Cúria Metropolitana, não tem qualquer sorte de registro a respeito –, dependem da piedade dos cidadãos comuns.”

Num país em que a expressão religiosa faz parte da nossa cultura, vale dizer que a preservação desses pontos é necessária. Ainda bem que contamos com pessoas como dona Bárbara, o Mário, ou o pedreiro Roque Walesko, 80 anos, cuidador do oratório dedicado a São Roque no bairro Santa Cândida.

Roque Walesko, 80 anos, “cuidador” do Oratório a São Roque – na esquina das Ruas Padre José Winslinski com Maria Noêmia dos Santos

Filomena Kachel Schluga, 83 anos. Em viagem a Aparecida, trouxe uma imagem da Padroeira do Brasil.

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