Pedro Vasquez ressalta o resgate das técnicas antigas com a finalidade de aprimorar o processo criativo
Por Fabiano Fereira
Pedro Vasquez é fotógrafo, professor, curador e pesquisador sobre a fotografia do século XIX no Brasil. Desde o início de sua carreira, optou por fazer dessa atividade uma ferramenta de expressão pessoal, como os grandes poetas e escritores. Com esse pensamento, nunca se dedicou à área comercial, mas produz com muito entusiasmo, seja com câmera fotográfica ou com o celular. “Eu trabalho normalmente em séries, faço uma fotografia contemplativa que é algo meio espiritual, zen, metafísico. E outra linha que produzo seria uma tentativa meio dolorosa de fazer alguma espécie de street photography com o celular”, salienta.
Transitando entre temas atuais e releituras de fotos históricas, Vasquez elabora seu processo criativo no próprio cotidiano, transformando o banal em imagens icônicas. Uma de suas séries fotográficas estava sendo produzida nas caminhadas entre seu trabalho e sua casa e foi intitulada Liberdade Condicional, por ter sido inspirada neste intervalo que o assalariado tem livre, porém condicionado pelo horário de almoço.
O fotógrafo considera que o momento atual é o mais rico da História da Fotografia, só comparável ao advento desta imagem técnica. “Nessas três últimas décadas de 1990, 2000 e agora desde 2010, a gente vê a mesma efervescência que no início. Inclusive com essa coisa maravilhosa do resgate das técnicas antigas, com a finalidade de aprimorar o criativo, com os processos trabalhosos, complicados como a daguerreotipia. Então, um método não precisa acabar com o outro. Até traz uma renovação para o meio”, finaliza.
Sobre o projeto:
No Olhar é uma websérie que exibe toda semana episódios com os principais fotógrafos e fotógrafas do Brasil. O projeto está em sua segunda temporada e tem apoio da Secretaria da Cultura de Estado do Paraná e Companhia de Energia Elétrica (Copel). As entrevistas têm o desafio de revelar ao expectador uma leitura mais apurada da fotografia e sua linguagem, além de contar de maneira intimista sobre as influências e histórias de vida desses profissionais. Os vídeos com duração de nove a 12 minutos são lançados todas as segundas-feiras no canal do youtube.com/noolhartv.
De acordo com o diretor da websérie, Tiago Ferraz, a ideia de produzir o No Olhar surgiu da necessidade de encontrar informações sobre fotógrafos brasileiros compiladas em formato documental. “Hoje encontramos muitos tutoriais técnicos, mas ainda existe uma carência em conteúdo sobre linguagem fotográfica e sobre a trajetória dos fotógrafos. Durante a produção da primeira temporada, percebemos que este projeto ia além de um simples registro e o que tínhamos em mãos era um acervo da memória da fotografia brasileira dos últimos anos”, complementa.
A busca pelo lado humanista dos entrevistados também aparece na contrapartida do projeto. Mais de 100 crianças da rede pública de ensino tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre fotografia, se deixando encantar pela arte, assim como relatou Walter Carvalho, no primeiro episódio. “Essa iniciativa é muito gratificante, pois promove a descoberta de novos talentos nas áreas menos favorecidas da sociedade”, acrescenta Ferraz.
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