O ministro do STF Alexandre de Moraes.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Vai ficar uma coisa muito descarada, digamos assim. Mas não tenho alternativa senão ser sincero com o leitor. Estou escrevendo na sexta passada, não nesta em que tens o texto disponível diante dos olhos.

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Um parênteses antes de continuar: usei a segunda pessoa do singular no parágrafo acima, mas já me arrependi porque podem me confundir com alguém da escumalha de pernósticos que existem por aí. Mas não apagarei, nem este parênteses, porque preciso encher linguiça.

Sim, admito, estou fora do rito do cronista ou pitaqueiro, que é o de tratar dos acontecimentos fresquinhos, as fofocas mais recentes, as inquietações do momento. Será que o escândalo do que vem sendo chamado de “Vaza Toga” ainda estará vivo? Vai ficar uma coisa chata para mim se não estiver. E talvez incompreensível para o leitor, que nem lembrará mais das mensagens vazadas e perderá as referências pelo texto.

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É demasiado humana essa tentação de prever o imprevisível. No caso dos poderosos, também de tentar controlar o incontrolável, garantindo que as coisas caminhem conforme o rito mais conveniente

Mas vamos deixar uma coisa clara: não estou aqui para “afrontar” o rito. Não quero ser visto como aquele que desafia a ordem das coisas, como se estivesse escrevendo uma crônica antes que os fatos sequer tenham acontecido. Talvez eu só esteja tentando fazer com o tempo o que fazem com a verdade em certas esferas do poder: manipular, quero dizer, ajustar à minha conveniência.

Se juízes e ministros podem antecipar decisões antes dos fatos, redigindo votos antes mesmo de escutarem as partes, por que eu, um mero cronista, não posso também me adiantar e já deixar pronto o texto da semana que vem? Mas cuidado, leitor, não vá pensar que estou sugerindo que a escrita antecipada seja um ato deliberado de precognição ou que o cronista pretende ser uma espécie de vidente. Longe disso!

Aqui estou, construindo parágrafos que seriam sobre um presente que ainda não chegou, mas que, quando você estiver lendo, será passado. Seriam, mas fracassei. Embora um assessor tenha me dito: “use a sua criatividade… rsrsrs”, não consegui ajustar a escrita ao que de melhor poderia prever sobre a próxima semana, quer dizer, sobre esta. Ah, você entendeu. Enfim, se algo de muito relevante ocorrer entre agora e a publicação, bom, alguém aí pode levantar e montar um dossiê? É a pedido do ministro.

Na verdade, é demasiado humana essa tentação de prever o imprevisível. No caso dos poderosos, também de tentar controlar o incontrolável, garantindo que as coisas caminhem conforme o rito mais conveniente, que às vezes, até é o da Constituição Federal, das leis. É raro, mas acontece. Quer dizer, acontecia. Hoje, só para quem tem vida longa com o chefe.

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No caso dos cronistas, cujo poder é nenhum, trata-se apenas de uma brincadeira com o tempo mesmo, uma tentativa de estar em dois lugares ao mesmo tempo – o aqui e o lá, o agora e o depois. Então, se por acaso eu conseguisse acertar alguma previsão, deixaria registrado que foi puro talento criativo. Mas, como desisti de prever, fica apenas esta publicação jornalística com uma ou outra opinião mais ácida.

O autor, em nota oficial, deixa por fim consignado que todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos arquivos desta Gazeta do Povo, com integral participação do editor.

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