Em 17 de janeiro de 2013, durante o 8.º Encontro Hemisférico do Centro de Estudos de Arte e Política realizado no Departamento de Artes Cênicas da USP, a atriz guatemalteca Regina José Galindo apresentou sua performance corporal intitulada Piedra. Nua, com o corpo pintado de preto, a artista se “transformou” em uma pedra e realizou sua performance que envolvia, dentre outras coisas, convidar homens da plateia a urinarem sobre seu corpo.
Quem lesse o folheto explicativo da apresentação descobriria o que isso significaria. Segundo consta do site do tal Encontro, era para mostrar a opressão sofrida pela mulher latino-americana durante séculos e que “como uma pedra, armazenou o ódio e o rancor da memória para transformá-los em energia e vida”. Quem não leu o folheto, porém, viu apenas uma mulher pelada, pintada de preto, sendo urinada por homens da plateia. Há fotos no site, aliás, veja por sua conta e risco, se for tão curioso assim.
A peça teatral Macaquinhos, nascida em 2011, ganhando notoriedade em 2014 e que voltou aos palcos em 2017, é feita por oito artistas nus explorando os ânus uns dos outros. Segundo consta da notícia do retorno da peça no site Catraca Livre, a intenção dos realizadores seria buscar “a transformação subjetiva do corpo em seu estado limite, através das ações contínuas de paquerar, cutucar, assoprar, procurar e tocar um o rabo do outro”. Há vários vídeos pela internet, procure e assista por sua conta e risco, se for tão curioso assim.
Em 2015, duas outras performances anais foram realizadas no Instituto de Artes da Unesp, em São Paulo. Em Frieza os atores introduziram cubos de gelo no ânus para “criticar as relações interpessoais e mostrar como as pessoas são frias umas com as outras”. Já em Tomar no Cu introduziram no orifício uma garrafa de vinho “para questionar a relação de poder entre Estado e população”. A notícia das peças foi acompanhada de fotos da apresentação, veja por sua conta e risco, se for tão curioso assim.
Em 2016 e 2017, outra performance autointitulada artística, chamada Transbordação, trazia mulheres que voluntariamente se candidataram para participar da peça urinando em suas calças em público. De acordo com a criadora, Dora Smék, isso era realizado porque, nesse contexto, “o ato de urinar deixa de ser simplesmente uma necessidade fisiológica e passa a ser uma experiência poética”. Há vídeos da performance por aí, então, já sabe, assista por sua conta e risco, se for tão curioso assim.
Na segunda-feira do carnaval de 2019, durante a passagem do bloco Blocu, no centro de São Paulo, dois sujeitxs (seriam artistas?) subiram em um ponto de ônibus e realizaram performances, com um explorando o próprio ânus e depois permitindo que o outro urinasse em sua cabeça. O vídeo circulou pelas redes sociais e ganhou alcance imenso por ter sido compartilhado pelo presidente da República. Se ainda não assistiu, faça por sua conta e risco, se for tão curioso assim.
Algumas dessas performances geraram polêmicas, como seria analtural nesses casos, menos a última. Jamais vi unanimidade tamanha contra algo. Ninguém veio defender os performistas de ponto de ônibus, falar em liberdade de expressão, quiçá artística, ao menos cultural. Nada. Estou impressionado. Os mais contrários, aliás, foram os que criticaram o presidente por postar o vídeo. Acharam tão absurda, mas tão absurda a performance que nem o vídeo aceitam que seja mostrado. Se não viu essas críticas, procure por sua conta e risco os perfis em redes sociais de jornalistas e opinadores na imprensa, se for tão curioso assim.
Enfim, de minha parte, sinto-me confortável em mostrar, pois temos de expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que temos virado no Brasil com Bolsonaro no poder: estamos todos conservadores. Que esse amor seja eterno enquanto dure. Amém.
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