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Francisco Escorsim

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Eleições nos EUA

O surto da esquerda “woke” e o exemplo de Bill Maher

Bill Maher
O apresentador Bill Maher, em foto de 2022. (Foto: Nina Prommer/EFE/EPA)

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Perdoe atrapalhar sua diversão acompanhando as reações de jornalistas e celebridades à vitória de Donald Trump na eleição norte-americana, mas eu preciso trabalhar, terminar esta coluna e não estou conseguindo com você aí se entretendo e eu não.

Falar nisso, você viu a reação da turma do The View? Não conhece? Deve ser o programa de tevê aberta mais esquerdista dos EUA. É aquele que se parece com a banda Titãs dos anos 1980, com centenas de integrantes. A diferença é que no programa são mulheres, e a vantagem é que elas não cantam. A mais famosa, para nós aqui, creio que seja a atriz Whoopi Goldberg, que atuou em filmes como Ghost e aquele lá em que se vestia de freira, não lembro o título. Whoopi se recusa a chamar Trump pelo nome, para você ter uma noção do quão radical o programa é.

O descolamento da realidade de boa parte da esquerda mundial hoje é impressionante

Uma das integrantes, não faço ideia de quem seja, chegou ao ponto de dizer que Kamala Harris fez tudo certo em sua campanha, que não havia nada de diferente que pudesse ter feito. Ou seja, como Kamala perdeu no Colégio Eleitoral e no voto popular, o erro só pode ter sido do eleitor que nela não votou. Se eu não tivesse assistido, acho que não teria acreditado. É de uma soberba tão imensa e tão ridícula que chega a dar pena.

Nos diversos talk shows noturnos (programas que imitamos por aqui, como era o do Jô Soares e, hoje, acho que temos ao menos o de Pedro Bial e outro do Danilo Gentili, pelo menos), a choradeira foi parecida, com Jimmy Kimmel, um dos mais famosos deles, literalmente chorando na tevê, dizendo que foi um resultado terrível, inclusive para os eleitores de Trump, que apenas ainda não se deram conta disso. Ah, a soberba...

Confesso que me divirto com tamanha desfaçatez. Como alguém consegue se achar tão superior, lúcido, até profético? O descolamento da realidade de boa parte da esquerda mundial hoje é impressionante e, por mais que sejam surrados pelos fatos, parecem distantes de despertar, o que não deixa de ser muito engraçado, já que o termo woke, que tanto adoram, significa justamente isso: alguém que acordou.

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Para ser justo, há exceções que apenas confirmam a regra, como Bill Maher, outro apresentador de talk show que, embora de esquerda e detestando Trump, como seus colegas, há tempos vem sendo voz dissonante ali, escancarando o ridículo do progressismo desvairado (o tal woke) e entendendo que é justamente isso que explica muito melhor o sucesso de alguém como Trump.

Dias atrás, em um de seus programas, Bill Maher perguntado por um entrevistado o que ele faria se Trump vencesse. Sua resposta merece destaque: “Nada. Continuarei com meu show e fazendo piadas à custa dele toda semana. E é por isso que este é um grande país. Porque por mais louco que seja, ele não fez nada contra isso na primeira vez. Então, não vou surtar por causa disso”.

Que época insana vivemos, em que um cadinho de bom senso já faz o sujeito parecer um sábio. Aliás, Maher talvez seja o único progressista a entrevistar pessoas com quem discorda profundamente, como Megyn Kelly (uma famosa jornalista de direita), Jordan Peterson e Elon Musk, dentre outros. Enfim, como são necessários mais Bill Maher por aí – também na direita, aliás.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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