E eu, que assisti à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos na íntegra? Não sou tão fã dos jogos como o amigo e editor Marcio Antonio Campos, mas gosto de acompanhá-los, “entrar no clima”, como diziam os antigos, ou “na vibe”, segundo a turma atual.
Achei uma chatice, na verdade. Sem o pôr-do-sol a emoldurar os cenários, quase tudo perdeu a graça, arrastando-se até noite adentro. No fim, não pareceu mais do que uma sequência interminável de apresentações de artistas de rua nos semáforos em um dia chuvoso.
E os barcos em que os atletas desfilaram, sem identificação dos países, nenhum ornamento, nada? Foi como passar a tarde assistindo a um passeio de balsas cheias de imigrantes com visto de turista.
Já sobre aquela parte da blasfêmia, antes de tudo, leia o que o Marcio escreveu. Disse tudo e mais um pouco. De nada.
Só não digo que a religião woke celebrada nesta abertura olímpica é vazia porque o ridículo não deixa de ser algo. E do ridículo se ri
Para mim, dado que a história da França foi retratada a partir do ponto de vista da revolução de 1789, ignorando tudo o que existiu antes e o que não combina depois (oi, Santa Teresinha!), não vejo como poderia terminar a não ser como terminou: num festim sem Deus, com música “de boate” em um vazio de símbolos próprios que, por isso mesmo, precisa contrariar os alheios e apelar aos antigos (como o Dionísio smurfizado) para tentar se dar uma identidade que, na realidade, não possui.
Só não digo que a religião woke celebrada nesta abertura é vazia porque o ridículo não deixa de ser algo. E do ridículo se ri. Como não gargalhar ao ver que escolheram Imagine, do John Lennon, cuja letra, se levada a sério, significaria o fim dos Jogos Olímpicos? Afinal, imagine there’s no countries…
Mas a verdade é que, se essa religião se impuser de fato, não haverá mais Olimpíadas mesmo; afinal, como se poderia premiar o mérito pessoal acima de critérios raciais, de gênero etc.? O piano pegando fogo tocando Imagine, portanto, precisamos reconhecer, foi perfeitamente coerente com a real consequência da implantação da cosmovisão woke.
Agora, confesso que me surpreendi mais com a considerável rejeição à blasfêmia, a ponto de o comitê organizador tentar retirar da internet os vídeos com esta parte da cerimônia, além de ter se retratado.
Pode parecer pouco, e até é, mas, somando-se a outros sinais que vêm surgindo, como o de grandes empresas deixando de aplicar as pautas woke, não deixa de ser mais um indicativo de que o wokismo está envelhecendo como leite aberto deixado fora da geladeira, azedando rapidamente.
Nessa religião é impossível transformar leite em vinho, mas na cristã parodiada na cerimônia a ofensa vem sendo transfigurada em glória a Deus todos os dias, como temos visto com as manifestações de diversos atletas, como as nossas medalhistas Rayssa Leal, no skate, e Larissa Pimenta, no judô.
Aquela, fazendo uso dos sinais de libras, disse ao mundo que “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”. Já Larissa, ao ganhar, caiu no choro, incrédula com a vitória. Sua adversária, mas também sua amiga, veio confortá-la dizendo o que depois Larissa fez ecoar pelo mundo: “Vai, levanta e dá pra Ele a glória. Dá glória a Deus. Vai. Dá glória a Deus.” Amém.
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