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Mark Wahlberg, no papel de “Stu” Long; e Mel Gibson, que interpreta o pai de Stu, em cena de “Luta pela fé – A história do padre Stu”.
Mark Wahlberg, no papel de “Stu” Long; e Mel Gibson, que interpreta o pai de Stu, em cena de “Luta pela fé – A história do padre Stu”.| Foto: Divulgação

“A vida vai lhe dar muitos motivos para ter raiva, garoto. Você só precisa de um para ser grato.” Das várias boas frases ditas no filme Luta pela Fé: a História do Padre Stu, baseado em fatos reais da vida do sacerdote, esta foi a que mais ficou comigo depois de assistir. Pelo momento em que foi dita, pela pessoa que a disse, pela razão para ser grato. E no que segue haverá spoilers, fica o aviso.

Na história, o protagonista é Deus. Por vezes, revelando-se de forma explícita, como na cena em que Nossa Senhora aparece a Stu à beira da morte depois de um acidente de trânsito. Em outras, não tanto, como na cena minutos antes daquele acidente, quando um sujeito desconhecido puxou papo com Stu no bar e, dentre outras coisas, disse aquela frase. Depois de recuperado, Stu não conseguia tirar o sujeito da cabeça. Teria sido Jesus? Pelo contexto, senão Ele, Ele.

“A experiência do sofrimento é a experiência maior do amor de Deus.” Stu entendeu isso, aceitou isso, viveu isso. Mas não é algo que se explique, pois a sabedoria de Deus parece loucura aos olhos dos homens; é algo de que se dá exemplo

Os motivos para Stu sentir raiva eram inúmeros, a começar pela morte de seu irmão. Stu tinha 9 anos quando seu irmão, que tinha 5, morreu. Isso destruiu a família, levando à separação dos pais, com Stu vivendo conduzido pela revolta (contra Deus). Depois, falharam todas as tentativas de se dar bem na vida. O filme retrata seu período como boxeador, depois tentando ser ator em Hollywood; antes disso, tinha tentado ser lutador de luta livre e jogador de futebol americano, todas as tentativas sem sucesso.

No fim das contas, tudo o que restou era uma vida medíocre (aos seus próprios olhos), como atendente de açougue num mercadinho, onde se encantou por uma freguesa, Carmen, que a todo custo tentou levar para a cama. Para tanto, valia qualquer negócio, inclusive começar a frequentar a igreja da moça, que era catequista, e até aceitar ser batizado. Sem, claro, estar de fato convertido.

Até que aconteceu o acidente, quando o processo de conversão de fato teve início. Recuperado, enfim conseguiu o que queria de Carmen, mas aí já não pareceu algo bom, sentindo remorso por tê-la feito pecar. Procurou o padre em confissão para tentar entender isso, injuriado. A resposta do sacerdote nos leva à única coisa de que precisaria para ser grato: onde Stu lamentava, vendo uma perda, sentindo frustração, o padre enxergou a graça de Deus, chamando Stu para Si.

A partir dali o filme retrata, em breves minutos, o drama interior de Stu sentindo-se chamado a se tornar padre, o que decidiu tentar. Entretanto, ainda no seminário, descobriu uma doença degenerativa que praticamente o invalidaria para qualquer coisa, o que fez com que seus superiores não aprovassem sua ordenação. Numa das melhores cenas do filme vemos Stu aos prantos, rezando, pedindo a Deus para que lhe explicasse o porquê. Como se sentir grato a Deus diante disso tudo?

Não darei o spoiler final, mas “a experiência do sofrimento é a experiência maior do amor de Deus”. Stu entendeu isso, aceitou isso, viveu isso. Mas não é algo que se explique, pois a sabedoria de Deus parece loucura aos olhos dos homens; é algo de que se dá exemplo. Foi o que Stu fez, anunciando que a graça de Deus também está no sofrimento, seja de que ordem for, fazendo o velho homem morrer para nascer um novo cujo exemplo arrasta, como o dele arrastou, a começar pelo pai, que parou de beber, se converteu e retomou o casamento com sua ex-esposa. Não é um excelente motivo para ser grato?

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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