O movimento Conferência Global do Futuro Anglicano (Global Anglican Future Conference, ou Gafcon) representa o movimento global de anglicanos unidos para conservar e restaurar “o Evangelho imutável e transformador de Jesus Cristo e proclamá-Lo ao mundo”, e trabalhar “para guardar e proclamar o Evangelho, que é imutável e transformador, mediante a pregação e o ensino biblicamente fiéis, que liberam nossas Igrejas para fazerem discípulos por meio de um testemunho claro e fiel de Jesus Cristo ao redor do mundo”. A jornada do Gafcon começou em 2008, quando o comprometimento moral, o erro doutrinário e o colapso do testemunho bíblico em partes da Comunhão Anglicana atingiram um nível tal que a maioria dos líderes anglicanos em todo o mundo sentiu a necessidade de assumir uma posição de unidade pela verdade cristã. Cerca de mil fiéis, incluindo arcebispos, bispos, clérigos e líderes leigos, reuniram-se em Jerusalém para a Conferência Gafcon, em 2008.
Em 2019 o Gafcon publicou uma declaração que tratou do sentimento de traição que experimentaram quando o próprio Evangelho pelo qual estão sofrendo ao redor do mundo está sendo desvirtuado e negado em outras partes da Comunhão Anglicana. Em fevereiro de 2023, dez arcebispos da Fraternidade das Igrejas Anglicanas do Sul Global (Global South Fellowship of Anglican Churches, GSFA), da qual faz parte a Igreja Anglicana no Brasil, divulgaram uma declaração afirmando que haviam rompido comunhão e não mais reconheciam o arcebispo da Cantuária, Justin Welby, como “o primeiro entre iguais” (primus inter pares) da Comunhão Anglicana, em resposta à decisão do Sínodo Geral de aprovar a autorização para se fazer “orações de ação de graças, dedicação e súplica pela bênção de Deus” para uniões civis de pessoas do mesmo sexo.
A Comunhão Anglicana reúne cerca de 85 milhões de fiéis ao redor do mundo e, na semana passada, 85% de seus membros, representados pelo Gafcon e pela GSFA, romperam com o arcebispo da Cantuária, rejeitando assim o status da Igreja da Inglaterra de igreja-mãe da Comunhão Anglicana internacional. Isso ocorreu por causa do afastamento da Igreja da Inglaterra dos ensinamentos cristãos tradicionais sobre sexualidade, que teve como clímax a controversa decisão do Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra autorizando as orações pela “bênção de Deus” para uniões civis de pessoas do mesmo sexo. Como o Gafcon afirmou, um “falso evangelho” está sendo promovido dentro da Comunhão Anglicana, que nega a singularidade de Jesus Cristo e promove “uma variedade de preferências sexuais e comportamentos imorais como um direito humano universal” (Declaração de Jerusalém). Por isso, Keith Sinclair, que foi bispo de Birkenhead, na Inglaterra, terminou seu discurso na plenária do Gafcon IV em lágrimas, lamentando que “a igreja que Deus usou para levar o Evangelho a tantas partes do mundo por causa de sua fé na revelação bíblica agora parece ter sucumbido ao próprio cativeiro cultural que apelou a tantos para renunciar”. Um segundo tema da conferência foi o desejo de que os dois movimentos, o Gafcon e a GSFA, se unam ou caminhem mais próximos. Oferecemos aqui os trechos principais do “Compromisso de Kigali”, publicado após o Gafcon IV, que ocorreu em Kigali (Ruanda), em abril de 2023.
O Compromisso de Kigali
“Ele (Cristo) é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia.” (Colossenses 1:18) [...]
O tema da nossa conferência para 2023, “Para quem iremos nós?” (João 6,68), juntamente com nossos estudos bíblicos na Carta aos Colossenses, concentrou nossa atenção em Jesus, aquele em quem habita corporalmente toda a plenitude de Deus, o Senhor de toda a criação e a cabeça de seu corpo, a Igreja (Cl 1,15-19; 2,9). Nosso presidente, em seu discurso de abertura, nos incentivou a sermos uma igreja que se arrepende, uma igreja reconciliadora, uma igreja que se multiplica e uma igreja persistentemente compassiva. Esta é a igreja que queremos ser. Fomos lembrados de que o propósito e a missão da igreja é dar a conhecer a um mundo perdido as gloriosas riquezas do Evangelho, proclamando Cristo crucificado e ressuscitado, e vivendo fielmente juntos como seus discípulos.
“As atuais divisões na Comunhão Anglicana têm sido causadas por afastamentos radicais do Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Alguns dentro da Comunhão foram levados cativos por filosofias vazias e enganosas deste mundo.”
Trecho do Compromisso de Kigali
Nossa comunhão mútua
Demos graças pela bondade e pela fidelidade de Deus ao movimento Gafcon desde o seu início, em 2008, enquanto nos regozijávamos com uma nova geração de líderes emergentes. É Deus quem nos une a si mesmo e uns aos outros no poder do seu Espírito (1Co 12,13). Em meio à diversidade de nossas diferentes origens e culturas, nos deleitamos em nossa unidade em Cristo e no amor que compartilhamos.
Muitos de nós viemos de contextos de perseguição ou conflito e sabemos que quando uma parte do corpo sofre, todos sofrem. Por esta razão, alguns não puderam comparecer à conferência. Oramos por nossos irmãos e irmãs no Sudão e pela igreja perseguida. Também ouvimos testemunhos do poder do Evangelho para transformar vidas, mesmo nessas circunstâncias, por meio da oração, bondade e compaixão dos cristãos.
A autoridade da palavra de Deus
As atuais divisões na Comunhão Anglicana têm sido causadas por afastamentos radicais do Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Alguns dentro da Comunhão foram levados cativos por filosofias vazias e enganosas deste mundo (Cl 2,8). Tal falha em ouvir e atender à Palavra de Deus prejudica a missão da igreja como um todo.
A Bíblia é a Palavra de Deus escrita, soprada por Deus, como foi registrado por seus fiéis mensageiros (2Tm 3,16). Ela carrega a própria autoridade de Deus, é sua própria intérprete e não precisa ser complementada, nem pode jamais ser anulada pela sabedoria humana.
A boa Palavra de Deus é a regra de nossas vidas como discípulos de Jesus e é a autoridade final na igreja. Ela fundamenta, vivifica e dirige a nossa missão no mundo. A comunhão que desfrutamos com nosso Senhor ressuscitado e ascendido é nutrida à medida que confiamos na Palavra de Deus, obedecemos a ela e nos encorajamos mutuamente a permitir que ela molde cada área de nossas vidas. Esta comunhão é quebrada quando nos desviamos da Palavra de Deus ou tentamos reinterpretá-la de qualquer forma que subverta a leitura simples do texto em seu contexto canônico e, assim, negamos sua veracidade, clareza, suficiência e, portanto, sua autoridade (Declaração de Jerusalém, n. 2).
A crise atual na Comunhão Anglicana
Apesar de 25 anos de advertências persistentes por parte da maioria dos primazes anglicanos, repetidos afastamentos da autoridade da Palavra de Deus rasgaram o tecido da Comunhão. Esses avisos foram flagrantemente e deliberadamente desconsiderados e agora, sem arrependimento, este rasgo não pode ser restaurado.
O mais recente desses afastamentos é o voto majoritário no Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra, em fevereiro de 2023, acolhendo as propostas dos bispos para permitir que casais do mesmo sexo recebam a bênção de Deus. Entristece o Espírito Santo e a nós que a liderança da Igreja da Inglaterra esteja determinada a abençoar o pecado. Visto que o Senhor não abençoa as uniões entre pessoas do mesmo sexo, é pastoralmente enganoso e blasfemo elaborar orações que invoquem bênçãos em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Qualquer recusa em seguir o ensino bíblico de que o único contexto apropriado para a atividade sexual é a união vitalícia exclusiva de um homem e uma mulher em casamento viola a ordem criada (Gn 2,24; Mt 19,4-6) e põe em risco a salvação (1Co 6,9).
As declarações públicas do arcebispo de Cantuária e de outros líderes da Igreja da Inglaterra em apoio às bênçãos para união de pessoas do mesmo sexo são uma traição aos seus votos de ordenação e sagração para banir o erro e manter e defender a verdade ensinada nas Escrituras. Estas declarações são também um repúdio à Resolução I.10 da Conferência Lambeth de 1998, que declara que “a prática homossexual é incompatível com as Escrituras” e desaconselha a “legitimação ou a bênção das uniões entre pessoas do mesmo sexo”. Isto ocorreu apesar de o arcebispo de Cantuária ter afirmado que “a validade da resolução aprovada na Conferência de Lambeth de 1998, I.10, não é questionada e que toda a resolução ainda está em vigor”.
A Conferência de Lambeth de 2022 demonstrou as profundas divisões na Comunhão Anglicana, já que muitos bispos optaram por não comparecer e alguns dos que compareceram se retiraram da partilha na mesa do Senhor.
“Aqueles que se recusam a se arrepender abdicaram de seu direito à liderança dentro da Comunhão Anglicana.”
Trecho do Compromisso de Kigali
O fracasso do arcebispo de Cantuária e dos outros Instrumentos de Comunhão
Não temos confiança de que nem o Arcebispo de Cantuária nem os outros Instrumentos de Comunhão por ele liderados (a Conferência de Lambeth, o Conselho Consultivo Anglicano e as Reuniões dos Primazes) sejam capazes de proporcionar um caminho divino que seja aceitável para aqueles que estão comprometidos com a veracidade, clareza, suficiência e autoridade das Escrituras. Os Instrumentos da Comunhão não conseguiram manter a verdadeira comunhão baseada na Palavra de Deus e a fé compartilhada em Cristo.
Todos os quatro instrumentos propõem que a direção para a Comunhão Anglicana é aprender a caminhar juntos em “boa discordância”. Entretanto, rejeitamos a afirmação de que duas posições contraditórias podem ser igualmente válidas em assuntos que afetam a salvação. Não podemos “caminhar juntos” em boa discordância com aqueles que deliberadamente escolheram afastar-se da “fé uma vez por todas confiada aos santos.” (Jd 3). O povo de Deus “anda em seus caminhos”, “anda na verdade” e “anda na luz”, tudo isso exige que não andemos em comunhão cristã com os que estão nas trevas (Dt 8,6; 2Jo 4; 1Jo 1,7).
Sucessivos arcebispos de Cantuária não conseguiram guardar a fé ao convidar para Lambeth bispos que abraçaram ou promoveram práticas contrárias às Escrituras. Este fracasso da disciplina da Igreja foi agravado pelo atual arcebispo de Cantuária, que, por sua vez, acolheu favoravelmente a provisão de recursos litúrgicos para abençoar estas práticas contrárias às Escrituras. Isto torna seu papel de liderança na Comunhão Anglicana totalmente indefensável.
Chamado ao arrependimento
O arrependimento define e molda a vida cristã e a vida da igreja. A cada dia na Conferência, em resposta à Palavra de Deus na carta aos Colossenses, fomos direcionados a um tempo de arrependimento. Reconhecendo nossos próprios pecados e humildemente como pecadores perdoados, oramos para que aqueles que negaram a fé cristã ortodoxa em palavras ou atos se arrependam e retornem ao Senhor (Declaração de Jerusalém, n. 13).
Uma vez que aqueles que ensinam serão julgados com mais rigor (Tg 3,1), convocamos as províncias, dioceses e líderes que se afastaram da ortodoxia bíblica a se arrependerem de sua falha em defender os ensinamentos da Bíblia. Isto inclui assuntos como a sexualidade humana e o casamento, a singularidade e divindade de Cristo, sua ressurreição corporal, seu retorno prometido, o chamado à fé e ao arrependimento e o julgamento final.
Ansiamos por este arrependimento, mas, até que isto aconteça, nossa comunhão com eles permanecerá rompida. Consideramos que aqueles que se recusam a se arrepender abdicaram de seu direito à liderança dentro da Comunhão Anglicana, e nos comprometemos a trabalhar com os primazes ortodoxos e outros líderes para restabelecer a Comunhão em seus fundamentos bíblicos.
Apoio aos anglicanos fiéis
Desde o início do Gafcon, tem sido necessário que os Primazes do Gafcon reconheçam novas jurisdições ortodoxas para os anglicanos fiéis [...]. Encorajamos os Primazes do Gafcon a continuar a oferecer esse porto seguro para os anglicanos fiéis. Em vista da crise atual, reiteramos nosso apoio àqueles que não podem permanecer na Igreja da Inglaterra por causa da falha de sua liderança. Regozijamo-nos com o crescimento [...] de outras redes alinhadas com o Gafcon. Também continuamos a nos apoiar e a orar pelos anglicanos fiéis que permanecem dentro da Igreja da Inglaterra. Apoiamos seus esforços para manter a ortodoxia bíblica e para resistir às violações da Resolução I.10.
Cuidado pastoral apropriado
Conscientes de nosso próprio pecado e fragilidade, nos comprometemos a proporcionar um cuidado pastoral adequado a todas as pessoas em nossas igrejas. Isto é ainda mais necessário no atual contexto de confusão sexual e de gênero, agravado por sua promoção deliberada e sistemática em todo o mundo. O cuidado pastoral apropriado afirma fidelidade no casamento e abstinência na vida de solteiro. Não é um cuidado pastoral apropriado enganar as pessoas, fingindo que Deus abençoa os relacionamentos sexualmente ativos entre duas pessoas do mesmo sexo. Isto é pouco amoroso, pois os leva ao erro e coloca um obstáculo no caminho de sua herança do Reino de Deus (1Co 6,9-11).
Afirmamos que cada pessoa é amada por Deus e estamos determinados a amar como Deus ama. Como afirma a Resolução I.10, nos opomos à difamação e à calúnia de qualquer pessoa, inclusive daquelas que não seguem os caminhos de Deus, já que todos os seres humanos são criados à imagem de Deus. Somos gratos a Deus por todos aqueles que procuram viver uma vida de fidelidade à Palavra de Deus em face de todas as formas de tentação sexual. Comprometemo-nos a apoiar e cuidar uns dos outros de uma forma amorosa e pastoralmente sensível, como membros do corpo de Cristo, edificando uns aos outros na Palavra e no Espírito, e encorajando uns aos outros a experimentar o poder transformador de Deus enquanto caminhamos pela fé no caminho do arrependimento e da obediência que leva à plenitude da vida.
“Os Primazes do GSFA e do Gafcon compartilham a opinião de que, devido aos desvios da ortodoxia, eles não podem mais reconhecer o arcebispo de Cantuária como um Instrumento de Comunhão, nem como o “primeiro entre iguais” dos Primazes.”
Trecho do Compromisso de Kigali
Redefinindo a Comunhão
Ficamos maravilhados em receber em Kigali os líderes da Fraternidade das Igrejas Anglicanas do Sul Global ([...] GSFA) e de termos tido uma reunião conjunta entre os primazes Gafcon-GSFA. Juntos, esses primazes representam a esmagadora maioria (estimada em 85%) dos anglicanos em todo o mundo. A liderança de ambos os grupos afirmou e celebrou seus papéis complementares na Comunhão Anglicana. Gafcon é um movimento focado em evangelismo e missão, plantação de igrejas e apoio, bem como é um lar para anglicanos fiéis que são pressionados ou isolados por dioceses e províncias revisionistas. O GSFA, por outro lado, está focado em estabelecer estruturas baseadas na doutrina dentro da Comunhão.
Alegramo-nos com o compromisso em unidade de ambos os grupos sobre três fundamentos: o senhorio de Jesus Cristo; a autoridade e clareza da Palavra de Deus; e a prioridade da missão da igreja para o mundo. Reconhecemos sua concordância de que a “comunhão” entre igrejas e cristãos deve ser baseada na doutrina (Declaração de Jerusalém, n. 13; Pacto GSFA 2.1.6). A identidade anglicana é definida por isto e não pelo reconhecimento da Sé de Cantuária. Ambos os Primazes do GSFA e do Gafcon compartilham a opinião de que, devido aos desvios da ortodoxia articulada acima, eles não podem mais reconhecer o arcebispo de Cantuária como um Instrumento de Comunhão, nem como o “primeiro entre iguais” dos Primazes. A Igreja da Inglaterra optou por prejudicar sua relação com as províncias ortodoxas da Comunhão.
Nós aplaudimos a Declaração da Quarta-feira de Cinzas do GSFA em 20 de fevereiro de 2023, pedindo um restabelecimento e a reordenação da Comunhão. Parabenizamos o convite dos Primazes do GSFA para colaborar com o Gafcon e com os outros agrupamentos anglicanos ortodoxos, para trabalhar juntos a forma e a natureza de nossa vida comum e como devemos manter a prioridade de proclamar o Evangelho e fazer discípulos de todas as nações.
Redefinir a Comunhão é um assunto urgente. Ela precisa de uma base adequada e robusta que aborde as complexidades legais e constitucionais das diversas Províncias. O objetivo é que os anglicanos ortodoxos no mundo todo tenham uma identidade clara, um “lar espiritual” global do qual possam se orgulhar, e uma forte estrutura de liderança que lhes dê estabilidade e direção como anglicanos globais. Portanto, nos comprometemos a orar para que Deus guie este processo de redefinição e que o Gafcon e o GSFA se mantenham em sintonia com o Espírito. [...}
O mais importante de tudo, nós nos comprometemos novamente com a missão evangélica de proclamar o Cristo crucificado, ressuscitado e ascendido, convidando todos a reconhecê-lo como Senhor no arrependimento e na fé, e vivendo uma obediência alegre e fiel à sua Palavra em todas as áreas de nossas vidas. Exploraremos novas maneiras de encorajar uns aos outros, de orar uns pelos outros e de nos responsabilizarmos uns pelos outros nestes pontos.
Nós nos entregamos nas mãos do nosso todo-poderoso e amoroso Pai celestial com a confiança de que Ele cumprirá todas as suas promessas e, mesmo através de um tempo de poda, Cristo edificará a sua igreja.
“Para onde iremos nós?” Vamos a Cristo, o único que tem as palavras da vida eterna (Jo 6,68) e, então, vamos com Cristo para o mundo inteiro. Amém.
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