A Sagrada Escritura registra que a primeira vez que os discípulos de Jesus Cristo foram chamados de “cristãos” foi na cidade de Antioquia (At 11.26), a moderna Antáquia, na Turquia. Nesta ocasião, os apóstolos Barnabé e Paulo ensinavam a igreja e se dedicavam à evangelização naquela cidade. Como I. Howard Marshall comenta, “Lucas especialmente menciona este fato porque ‘cristão’ viera a ser um termo familiar em certas áreas na ocasião em que escreveu. Já nos inícios do século 2.º, o nome é atestado em Roma, na Ásia Menor, e em Antioquia”. Desde então, esse adjetivo tem sido usado para abarcar católicos, ortodoxos, protestantes, evangélicos e pentecostais.
As Escrituras são o berço de Jesus
Para os cristãos, a Sagrada Escritura é recebida como a Palavra de Deus, e lida “como uma totalidade e uma unidade”, segundo Bento XVI. Por exemplo, na Confissão Belga lê-se que “recebemos [... a Sagrada Escritura] para regular, fundamentar e confirmar nossa fé. Acreditamos, sem dúvida nenhuma, em tudo que eles contêm, não tanto porque a igreja aceita e reconhece estes livros como canônicos, mas principalmente porque o Espírito Santo testifica em nossos corações que eles vêm de Deus, como eles mesmos provam. Pois até os cegos podem sentir que as coisas, preditas neles, se cumprem”. E o Catecismo da Igreja Católica afirma: “A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito divino. [...] Na Sagrada Escritura, a Igreja encontra continuamente o seu alimento e a sua força, porque nela não recebe apenas uma palavra humana, mas o que ela é na realidade: a Palavra de Deus” (§ 81, 104).
Durante uma palestra nos Estados Unidos, um estudante perguntou ao teólogo Karl Barth: “Qual foi a coisa mais profunda que o senhor já aprendeu em seu estudo teológico?” Barth pensou um pouco e respondeu: “Cristo me ama, a Bíblia diz assim”, citando um trecho de um hino para crianças. Os estudantes sorriram diante da resposta aparentemente simplista, mas logo estavam sorrindo timidamente quando perceberam que Barth estava falando sério. Não podemos separar a Escritura como revelação de Deus e a pessoa de Jesus Cristo como o centro dessa revelação. Parafraseando Martinho Lutero, a Escritura é o berço pelo qual Jesus Cristo vem a nós. Portanto, a Escritura inteira, do começo ao fim, é sobre o Senhor Jesus Cristo, nascido da virgem, crucificado no lugar de pecadores, ressuscitado dentre os mortos, ascendeu aos céus: “Então [Jesus] lhes disse: Ó tolos, que demorais a crer no coração em tudo que os profetas disseram! Acaso o Cristo não tinha de sofrer essas coisas e entrar na sua glória? E, começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a seu respeito em todas as Escrituras” (Lc 24,26-27).
Sendo assim, é necessário aprendermos o que as Escrituras Sagradas ensinam sobre Jesus Cristo. Se somos cristãos, precisamos ter claro quem é aquele em quem nós cremos, amamos, proclamamos e seguimos.
Os títulos de Jesus no Novo Testamento
Os autores do Novo Testamento citaram textos do Antigo Testamento sobre Deus, aplicando-os à pessoa de Jesus Cristo: “o trono dele é para sempre” (Sl 45,6-7; cf. Hb 1,18), “ele enche o céu e a terra” (Jr 23,24 cf. Ef 4,10), ele é o criador, o rei eterno, o juiz de toda a terra, nossa esperança, fonte de nossa força e único salvador. E o próprio Jesus assumiu nos evangelhos alguns títulos cheios de significado, que enfatizam sua majestade e singularidade.
O primeiro título a se considerar é Messias (Mashiah = Christos). Este título, já no Antigo Testamento, nos remete a alguém ungido para realizar uma missão que envolve redenção, julgamento e representação do próprio Deus. Refere-se à expectativa de um redentor, que inaugurasse um reino sem fim (Is 9,1-7). Por isso, os evangelhos sinóticos apresentam Jesus como o Messias. Como Bento XVI destaca: “A [...] cena do batismo [nos evangelhos] nos diz que Jesus recebeu esta verdadeira ‘Unção’, que Ele é o Ungido esperado – que a Ele naquela hora foi conferida formalmente, para a história e perante Israel, a dignidade real e a dignidade sacerdotal”. Assim, respondendo à pergunta de Jesus – “mas vós [...], quem dizeis que eu sou?” – Pedro confessou: “Tu és o Cristo” (Mt 16,15-16), que veio, afirma N.T. Wright, “como o representante do povo de YHWH, para dar fim ao exílio, renovar a aliança e trazer perdão dos pecados” por meio da crucificação e da ressurreição. Portanto, este título se tornou o mais importante de todos, e terminou por ser o nome próprio de Jesus. Assim, por ser o Cristo, Jesus “foi ordenado por Deus Pai e ungido com o Espírito Santo para ser nosso supremo Profeta e Mestre, nosso único Sumo Sacerdote e nosso eterno Rei. Como Profeta Ele nos revelou plenamente o plano de Deus para nossa salvação; como Sumo Sacerdote Ele nos resgatou pelo único sacrifício de seu corpo e, continuamente, intercede por nós junto ao Pai; como Rei Ele nos governa por sua Palavra e Espírito e nos protege e guarda na salvação que Ele conquistou para nós” (Catecismo de Heidelberg, p. 31).
Muitas das referências feitas a Jesus como Senhor consistem em citações de textos do Antigo Testamento que se referem a Deus
Um segundo título é Senhor (Kyrios). Esta é a designação mais frequente de Jesus no Novo Testamento, sendo o centro da mensagem de Paulo: “Pregamos [...] Jesus Cristo, o Senhor” (2Co 4,5). Devemos notar que o grego “Senhor” é usado como substituto do tetragrama sagrado, as quatro letras hebraicas usadas para representar o nome de Deus, YHWH, indicando que Jesus é o próprio Deus no exercício do domínio de toda a criação. Muitas das referências feitas a Jesus como Senhor consistem em citações de textos do Antigo Testamento que se referem a Deus. Portanto, como menciona Bento XVI, esta “é a designação divina que se encontra no Antigo Testamento, com a qual se substituía o inefável nome de Deus da sarça ardente”. Por isso, no Novo Testamento, a identificação de Cristo com o Pai é tão evidente que não se tem certeza se ‘Senhor’ está sendo empregado em referência ao Pai ou ao Filho. Então, como escreve Alister McGrath, “o reconhecimento de que ‘Jesus é o Senhor’ (Rm 10,9) parece ter se tornado uma das primeiras confissões da fé cristã, servindo para distinguir entre os que creem e os que não creem em Jesus”. E os cristãos são chamados a confessar, viver e proclamar o senhorio total de Cristo.
Um terceiro título é Filho do Homem. Jesus assim se intitulou dezenas de vezes nos evangelhos. E esta expressão foi atribuída por Jesus a si próprio, nunca pelos discípulos. Ele é “o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt 20,28). O uso da expressão aplica-se a três situações na vida de Jesus, ou seja, o ministério terreno, a humilhação e morte e a vinda gloriosa no futuro para inaugurar o reino de Deus. Os judeus aparentemente desconheciam o significado deste nome aplicado a um ser humano pois, provavelmente, não havia conotação messiânica neste nome, mas, na verdade, uma alusão à própria divindade: “Vi que alguém parecido com filho de homem vinha nas nuvens do céu. [...] E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino é tal que não será destruído” (Dn 7,13-14). Por fim, o título remete-nos à proclamação do caráter messiânico de Jesus, “o fundador do Israel definitivo”, diz Bento XVI, em plena identificação com a humanidade culpada. Como Bento XVI escreveu, o “Filho do homem [...] vem de Deus, Ele é Deus. Mas precisamente por isso Ele traz [...] a verdadeira humanidade. [...] É desta nova humanidade que vem de Deus que se trata no seguimento de Jesus Cristo”.
Um quarto título é Filho de Deus. Esta afirmação aparece no evangelho de João desde o início: “Este é o Filho de Deus [...] o rei de Israel” (Jo 1,32-34, 49), ao passo que nos evangelhos sinóticos os discípulos apreendem este conceito somente a partir da metade do ministério de Jesus (Mt 16,13-16). João também destaca Jesus como o único Filho de Deus – “Porque Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16) –, e o significado desta ênfase é distinguir a natureza de relacionamento que Jesus tinha com o Pai da natureza dos relacionamentos com os outros filhos de Deus. João também destaca em seu evangelho algumas características desse relacionamento especial entre o Pai e o Filho, tais como o amor, as obras, as palavras, o conhecimento mútuo e o domínio e a honra. A missão do Filho é tornar os homens participantes da vida divina, dar a sua vida pelos pecados do mundo – “Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29) – e exercer juízo. Uma ênfase importante é que Jesus é o eterno Filho de Deus: “Agora, pois, glorifica-me, ó Pai, junto de ti mesmo, com a glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse” (Jo 17,5).
Portanto, de acordo com Bento XVI, “o homem histórico Jesus é o Filho de Deus, e o Filho de Deus é o homem Jesus.” Ele continua: “Assim, [...] só o ressuscitado Cristo é que é o verdadeiro Filho de Deus, ao qual todos os povos da terra pertencem e somente ao qual, na unidade com o Pai, o Filho e o Espírito, é devida divina veneração. A em si não política fé dos cristãos, que não exige poder político, mas que reconhece a legítima autoridade (Rm 13,1-7), colide assim inevitavelmente no título ‘Filho de Deus’ [...] com os poderes políticos totalitários, apertada em situação de martírio, na comunhão com o crucificado que só domina a partir da cruz”.
O quinto título é o Verbo (logos), uma terminologia encontrada exclusivamente na literatura escrita pelo apóstolo João: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito existiria” (Jo 1,1-3). À luz do Antigo Testamento, o Verbo seria a Palavra de Deus como poder criador e mantenedor de todas as coisas, assim como a Sabedoria como personificação do poder de Deus. No Novo Testamento, este conceito denota a preexistência e a divindade de Jesus. Também significa que o Verbo é o agente criador. João enfatiza que o próprio Deus, na pessoa do Verbo, entrou na história humana, não como uma espécie de fantasma, mas como um homem real, verdadeiro. Também é afirmado que o Verbo é revelador de vida, da luz, da graça, da verdade, da glória e até mesmo do próprio Pai: “Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está ao lado do Pai, foi quem o revelou” (Jo 1,18). Em conclusão, Jesus é Deus que “se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).
Jesus usou conceitos simples, como pão, luz, porta, bom pastor, caminho, videira, mas também conceitos abstratos, como ressurreição, verdade e vida, para afirmar sua messianidade e divindade
Um sexto título é o “Eu Sou”. Tal expressão, que nos lembra o nome de YHWH dito a Moisés: “Eu Sou o que Sou” (Êx 3,13-14), aparece diversas vezes no Evangelho de João (Jo 4,26; 8,24,28,58; 18,6). O uso dessa expressão é um indicativo da divindade de Jesus, do Salvador “falando no estilo próprio da divindade”, segundo Leon Morris, que vai se apresentando através de imagens que expressam sua exclusividade como aquele que oferece salvação ao ser humano. Assim, Jesus usou conceitos simples, como pão, luz, porta, bom pastor, caminho, videira, mas também conceitos abstratos, como ressurreição, verdade e vida, para afirmar sua messianidade e divindade – isto é, Jesus partilha da existência eterna de Deus, sendo um com o Pai (Jo 10,31). Portanto, ainda de acordo com Morris, “João utiliza esta expressão sagrada [‘Eu Sou’] para expressar a verdade de que seu Mestre era alguém com um relacionamento especial com o Pai celestial, um relacionamento no qual se deve reconhecer que ele compartilha da natureza da divindade e um relacionamento tal que não nega a verdade de que há um só Deus”. Bento XVI afirma que estamos diante de “Jesus, o revelador do nome de Deus”. Com isso, todos são chamados a crer na divindade de Cristo, assim como em sua autoridade, exclusividade e singularidade.
O comentário que D. A. Carson faz sobre João 10,9-10 aplica-se à revelação de Jesus como o “Eu Sou”, em agudo contraste com as ilusões de salvação políticas: “Enquanto o ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir, Jesus vem para que tenham vida, e a tenham plenamente. Essa é uma forma proverbial de insistir que há somente um meio de receber vida eterna [...]; somente uma fonte de conhecimento de Deus; somente uma fonte de nutrição espiritual; somente uma base para a segurança espiritual – somente Jesus. O mundo ainda procura seus salvadores humanísticos e políticos – seus Hitlers, Stalins, Maos e Pol Pots – e, só muito tarde, fica-se sabendo que eles confiscaram descaradamente propriedades privadas (eles vieram ‘apenas para roubar’), cruelmente espezinharam a vida humana (eles vieram ‘apenas para [...] matar’), e desdenhosamente atacaram tudo que é valioso (eles vieram ‘apenas para [...] destruir’). Jesus tem razão. Não é a doutrina cristã do céu que é o mito, e sim o sonho humanista de utopia”. Somente Jesus é “o caminho, a verdade e a vida; ninguém chega ao Pai” a não ser por ele (Jo 14,6).
Uma poderosa tradição
A partir destas afirmações calcadas nas Escrituras Sagradas, a igreja desde cedo proclamou Jesus como Deus e único salvador, e prestou culto a Jesus como Deus. O ensino bíblico guiou os Pais da Igreja antiga, e, assim, nos concílios realizados em Niceia (325), Constantinopla (381) e Calcedônia (451), testemunhou-se que “para a salvação eterna [...] é necessário crer fielmente na encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo”, “o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não feito, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram feitas”, e “verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, [...] ‘em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado’, [...] um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação”.
Porque Jesus Cristo é Deus e homem, sua morte na cruz tem valor infinito para todos os que nele creem. Por meio da fé em Cristo, somos justificados pela graça, tendo o perdão dos nossos pecados, a esperança da ressurreição e a vida eterna com o Deus altíssimo.
“Personal Jesus”
Scott Horrell nota algumas aberrações que surgem entre os cristãos quando o ensino das Escrituras sobre Cristo é desconsiderado. Por exemplo, em grande parte do cristianismo brasileiro se enfatiza o Jesus divino, distante dos homens. Portanto, Jesus Cristo é visto como uma figura nebulosa posicionada entre Deus e os santos, alguém menos poderoso e menos importante do que Deus Pai, Maria e que o próprio Satanás – e, de novo, menos relevante que o panteão de santos, onipresente na religião popular latino-americana. Isso pode ser ilustrado no filme O Auto da Compadecida, baseado na peça teatral de Ariano Suassuna, de 1955. Para estes, o significado bíblico da natureza divina de Cristo é tão distante e insignificante quanto a ideia de sua natureza humana. Confessa-se que ele é o Deus Filho. Porém, Jesus Cristo perde a relevância na prática popular da igreja – especialmente como homem, mas até mesmo como Deus.
Outro significativo segmento defende vigorosamente a divindade de Jesus Cristo, diante dos ataques e abusos das seitas. Mas abandonou-se uma séria meditação na real humanidade de Cristo. Como consequência, tende-se a venerar pregadores, superpastores e padres televisivos. Seguindo o argumento de Horrell, ele diz que se proclama que a vida cristã traz as bênçãos de felicidade emocional, estabilidade financeira, bem-estar familiar e sucesso profissional – a despeito do exemplo do próprio Jesus que adoramos. Pois, enquanto os benefícios humanos do evangelho são muitos, o Redentor repetidamente nos indica que devemos deixá-los, para seguir a via dolorosa da cruz – e não de forma passiva, mas deliberada, dando-nos uns aos outros em amor e em obediência ao Senhor.
Em outras frações, o Jesus humano é menos que divino. Entre o bebê Jesus sossegado nos braços de sua mãe Maria e o Jesus agonizante da cruz, quase nada da vida do Salvador é reconhecido como essencial e relevante para o viver diário. Horrell conclui: “Sem ressurreição, o Cristo popular da América Latina sacraliza o sofrimento e deixa o povo sem recursos para uma vitória espiritual e material. Identificar-se com a humanidade de Jesus significa, na realidade, submeter-se passivamente à desumanidade e injustiça do mundo à sua volta”. Com isso, Jesus tem sido interpretado e banalizado na cultura contemporânea “cristã” como um coach, um terapeuta, um revolucionário político, um filósofo ou um exemplo moral. E, no lugar do Cristo revelado nas Escrituras e testemunhado pela Igreja, colocam-se ações, moralismo e experiência interior. Em suma, o cristianismo sem Cristo oferece uma mistura tosca de docetismo, gnosticismo, arianismo, nestorianismo, pelagianismo, moralismo e existencialismo. Como Michael Horton escreveu: “Não mais mártires – isto é, testemunhas – para a singular intervenção de Deus na história – na encarnação, na vida, na morte e na ressurreição de Cristo –, nós nos tornamos clientes satisfeitos que oferecem testemunhos de quanto um relacionamento pessoal com Jesus tem melhorado nossa vida”.
Mas Jesus não somente revela quem é Deus, mas também revela quem é o homem. Em sua natureza humana, Jesus nos mostra como viver. No poder do Espírito, a imagem de Deus, com a qual fomos criados, é renovada dia a dia, na antecipação do Dia do Senhor, por isso somos chamados a segui-lo e imitá-lo. Também somos chamados a viver uma vida realista, que nos engaje em um mundo necessitado, sem deixar de reconhecer que talvez não sejamos nós que transformemos este país, mas que devemos tentar, sendo obedientes e diligentes no poder do Espírito Santo. Não basta se apresentar como “culturalmente cristão” ou até mesmo ser um “ateísta cristão”. Importa sermos chamados, banhados e alimentados em Cristo. O Brasil, que no anseio de utopias milenaristas transforma os candidatos políticos em paródias messiânicas, precisa do verdadeiro Deus-homem. Somente através de Cristo entraremos no Reino de Deus.
Jesus tem sido interpretado e banalizado na cultura contemporânea “cristã” como um coach, um terapeuta, um revolucionário político, um filósofo ou um exemplo moral
E como Anne Applebaum afirmou: “Nenhuma vitória política jamais é permanente; nenhuma definição de ‘nação’ tem garantia de durar; e nenhuma elite, de nenhum tipo, seja ‘populista’, ‘liberal’, ou ‘aristocrática’, governa para sempre.” Na longa história do Ocidente houve alternância entre períodos de leveza cultural e tempos de trevas despóticas. O que ajudará aqueles que lutam em favor da liberdade e dos valores e virtudes civilizacionais de não serem dirigidos e consumidos pelo ódio ou caírem no desespero e apatia é manter os olhos fixos no Senhor Jesus Cristo, o “Rei dos Reis e Senhor dos Senhores” (Ap 19,16). Deste modo, poderemos ser confortados conforme escreveu John Owen: “Mesmo que caiamos, a nossa causa será certa, verdadeira e infalivelmente vitoriosa porque Cristo está assentado à mão direita de Deus. O Evangelho triunfará, e isso me conforta extraordinariamente”.
Devemos dobrar nossos joelhos e adorar a Cristo Jesus, como fizeram os magos. Ele é o ícone vivo de Deus. Que Cristo seja publicamente exibido como o crucificado semana após semana, na Palavra e nos Sacramentos. Seu sacrifício é retratado diante dos cristãos por meio de prédicas fiéis. Somos batizados em sua morte e ressurreição. Somos alimentados com seu corpo e sangue. Em cada um destes atos litúrgicos não fazemos nada. Banhados. Alimentados. Julgados e justificados. Isso vem do alto, de fora de nós.
Assim, diante do mistério proclamado nas Escrituras, só nos resta adorar a Jesus, o Messias, o Senhor, o Filho do Homem, o Filho de Deus, o Verbo, o Eu Sou, o verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que veio ao mundo para a salvação de pecadores. Pois, “esta é a fé católica. Quem não crer com fidelidade e firmeza não poderá salvar-se”.
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