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Imagem ilustrativa.| Foto: Marcio Antonio Campos com Midjourney

Nos últimos anos, temos testemunhado um conjunto de influências que, juntas, representam uma ameaça sem precedentes à alma dos jovens, especialmente da Geração Z, nos Estados Unidos, Europa e Brasil. A combinação de falta de conhecimento bíblico, propaganda russa, plataformas digitais chinesas, uso desenfreado da liberdade de expressão em redes sociais como X e YouTube, fazendas de bots asiáticas e o ressurgimento das ideologias comunista e nazista constituem uma ameaça direta à fé, aos valores civilizacionais e à integridade moral dessa geração. Diante desse cenário complexo, é crucial uma resposta vigorosa e imediata daqueles que seguem a fé cristã.

A falta de conhecimento bíblico: a origem do declínio moral

A ausência de conhecimento bíblico é talvez a mais perniciosa dessas ameaças porque mina os fundamentos sobre os quais as sociedades ocidentais foram edificadas. Por séculos, a Bíblia moldou a moral e ética no Ocidente; no entanto, atualmente muitos jovens relegam suas orientações à irrelevância em suas vidas. Sem o referencial das Escrituras Sagradas, os mais jovens estão se distanciando dos princípios que historicamente serviram como guias morais e espirituais para o Ocidente.

As Escrituras são inspiradas por Deus e úteis para ensinar, repreender, corrigir e instruir em justiça (2Timóteo 3,16). Quando negligenciamos essa fonte de sabedoria, os jovens ficam suscetíveis a ideologias e filosofias que não apenas se opõem aos princípios cristãos, mas também promovem uma visão de mundo relativista, sem absolutos morais. Sem a orientação da Bíblia, conceitos como verdade, justiça e amor ao próximo perdem seu significado, deixando os jovens perdidos em um mar de incertezas e enganos.

Em entrevista concedida em 2016 ao jornal El País, Leonard Cohen comentou sobre as referências bíblicas em sua música You want it darker: “Esse é o vocabulário com o qual cresci. A paisagem bíblica é muito familiar [para mim] e é normal que use esses pontos como referência. Durante algum tempo foram referências universais e todos entendiam e repetiam. Não é mais assim. Mas continua sendo minha paisagem”. Na atualidade, essas referências bíblicas poderão soar “muito estranhas” mesmo por aqueles que se identificam como cristãos – basta notar a forma frívola e tola com que um dos grandes sucessos de Cohen, Hallelujah, é empregado em casamentos religiosos.

Sem o referencial das Escrituras Sagradas, os mais jovens estão se distanciando dos princípios que historicamente serviram como guias morais e espirituais para o Ocidente

A educação secular, muitas vezes hostil ou zombeteira em relação à fé cristã, contribui significativamente para esse problema. Instituições educacionais, desde escolas até universidades, frequentemente criam um ambiente onde a religião cristã é considerada irrelevante ou até prejudicial ao progresso. Essa desconexão com as raízes espirituais do Ocidente abre caminho para filosofias hedonistas, autoritárias e materialistas que exaltam o individualismo, o Estado e o prazer acima da santidade, da aliança e da alegria em Deus.

Propaganda russa: minando a coesão social e a fé cristã

A Rússia, com sua longa história de antagonismo em relação ao Ocidente, está envolvida em uma guerra de desinformação cujo objetivo é minar os fundamentos sobre os quais as sociedades ocidentais foram construídas. A propaganda russa busca provocar conflitos, dúvidas e incertezas, atacando diretamente os princípios cristãos. A geração mais jovem, que consome a maior parte de suas informações por meio das redes sociais, é especialmente suscetível a essas campanhas de desinformação.

O governo russo utiliza estratégias avançadas, empregando bots e trolls para amplificar as divisões sociais, questionar a autoridade da Igreja cristã e promover perspectivas que exaltam o autoritarismo. Essas campanhas de desinformação frequentemente se disfarçam de movimentos legítimos, adotando narrativas que aparentam defender valores morais ou conservadores à primeira vista, mas que realmente têm como objetivo afastar os jovens da fé cristã.

Essas narrativas são particularmente perigosas porque minam a credibilidade das instituições tradicionais – incluindo a Igreja – e incentivam um ceticismo corrosivo que abala a fé dos mais jovens. A propaganda russa retrata o Ocidente como decadente e moralmente corrupto, apresentando o autoritarismo e o messianismo político como alternativas viáveis. Para os cristãos, isso representa uma ameaça direta à liberdade religiosa e à integridade moral dos jovens.

Plataformas chinesas: controle social e influência cultural

As plataformas digitais chinesas, como o TikTok, estão ganhando rapidamente influência significativa na vida dos jovens; no entanto, por trás da fachada aparentemente inofensiva desses espaços on-line reside um perigo muito mais profundo. Sob o controle de um governo comunista que nega a existência de Deus e restringe severamente a liberdade religiosa, essas plataformas não apenas coletam uma grande quantidade de dados, mas também exercem influência sobre a cultura e os valores da juventude ocidental.

O TikTok, por exemplo, recebe críticas por promover uma cultura superficial que valoriza a aparência e a gratificação imediata acima de tudo. Essa promoção de valores materialistas e hedonistas se opõe aos princípios cristãos, que nos orientam a viver em santidade e buscar a vontade divina acima dos prazeres passageiros.

Além disso, preocupa o uso dessas plataformas pelas autoridades chinesas para vigilância e influência cultural. O histórico do governo chinês revela sua tendência em empregar tecnologia para reprimir dissidências e controlar as massas. Ao exportar essas plataformas para o Ocidente, é possível que o governo chinês esteja não apenas tentando moldar a cultura ocidental, mas também minar a fé e os valores que sustentam as sociedades ocidentais.

Para os jovens cristãos, há um perigo duplo: eles são constantemente expostos a conteúdos que promovem uma visão secularista e materialista do mundo; ao mesmo tempo, estão sujeitos à vigilância de um regime que enxerga o cristianismo como uma ameaça à sua autoridade. Este desafio requer atenção imediata, não apenas por meio de medidas regulatórias para proteger a privacidade, mas também através de uma renovação espiritual que fortaleça a fé dos jovens.

A Geração Z, em um momento crucial de sua formação identitária, está especialmente suscetível a conteúdos que promovem violência, perseguição e extremismo político

A liberdade de expressão nas redes sociais: um campo de luta ideológica

Plataformas digitais são consideradas como pilares da liberdade de expressão, mas também podem ser usadas para espalhar mensagens de ódio e ideologias que vão contra os princípios cristãos. Embora a liberdade de expressão seja um direito essencial, é crucial que seja exercida com responsabilidade, evitando prejudicar os outros. Quando é mal utilizada para normalizar conceitos perigosos, essa liberdade pode comprometer os valores fundamentais que sustentam a sociedade ocidental.

A Geração Z, em um momento crucial de sua formação identitária, está especialmente suscetível a conteúdos que promovem violência, perseguição e extremismo político. As teorias da conspiração, disseminadas rapidamente em plataformas da internet, têm o potencial de distorcer a visão da realidade dos jovens e desafiar diretamente a fé cristã. Muitas dessas teorias incentivam a renúncia à fé em favor de ideologias políticas ilusórias que prometem libertação, mas levam à escravidão espiritual e miséria na prática.

É fundamental que as pessoas compreendam o impacto significativo das palavras e ações on-line, especialmente porque essas interações podem influenciar mentes em desenvolvimento. A crescente normalização do discurso de ódio na internet, incluindo ideologias perigosas como o comunismo, o nazismo e o radicalismo islâmico, representa um desafio cada vez maior. Essas ideias prejudiciais estão encontrando novos meios para se difundir on-line e estão conquistando jovens que muitas vezes não têm plena consciência das atrocidades associadas a elas.

Cabe aos usuários cristãos das redes sociais considerarem como suas interações on-line refletem seus valores e a influência que podem exercer sobre os outros, especialmente aqueles mais vulneráveis. Neste contexto, é crucial defender e promover ativamente os princípios bíblicos não apenas em reação a tais ataques, mas também como uma orientação valiosa em um mundo cada vez mais turbulento e dividido.

Fazendas de bots na Ásia: a manipulação em grande escala

As fazendas de bots na Ásia representam um novo desafio na batalha pelo coração da Geração Z. Com milhares de contas falsas, essas operações têm o poder de influenciar a opinião pública em larga escala, criando a impressão de consenso em torno de ideologias que vão contra os princípios cristãos. Essas fazendas de bots, principalmente localizadas em países como China e Índia, são usadas para disseminar propaganda, manipular debates on-line e moldar as tendências culturais.

Para os mais jovens, que muitas vezes consideram a popularidade nas redes sociais como um indicador de veracidade, essas fazendas de bots criam um ambiente onde a mentira e o engano se proliferam. A verdade bíblica frequentemente é suprimida por uma enxurrada contínua de informações falsas que inundam as redes sociais.

O impacto dessas fazendas de bots sobre os jovens é significativo. Elas não apenas propagam desinformação, mas também intensificam as divisões sociais e culturais, aumentando a polarização que já ameaça a coesão das nossas sociedades. A influência em larga escala na opinião pública é uma estratégia poderosa que pode desviar os jovens da verdade e levá-los a aderir a ideologias e movimentos que se opõem aos ensinamentos de Cristo.

Ideologias totalitárias: o retorno de um pesadelo

O ressurgimento das ideologias comunista e nazista é motivo de grande preocupação atualmente. Estas ideologias geminadas, responsáveis por 100 milhões de mortes no século 20, estão ganhando adeptos entre os jovens, principalmente por meio das redes sociais. A internet, ao permitir a conexão entre pessoas ao redor do mundo, tornou-se um terreno fértil para disseminação de ódio e violência.

Para os mais jovens, que muitas vezes consideram a popularidade nas redes sociais como um indicador de veracidade, fazendas de bots criam um ambiente onde a mentira e o engano se proliferam

Para a Geração Z, que talvez não tenha plena consciência das atrocidades cometidas em nome dessas ideologias, o perigo é real. A normalização do discurso odioso e a exaltação de figuras históricas malignas são indícios de uma sociedade decadente. A Bíblia nos alerta sobre como “o diabo anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pedro 5,8), e essas ideologias alimentam suas intenções.

O ressurgimento dessas ideologias é especialmente alarmante, pois elas se opõem diretamente aos ensinamentos cristãos. O nazismo, com sua ênfase na pureza racial e no “princípio do líder” (Führerprinzip), contrasta diretamente com a mensagem do Evangelho, que promove o reinado de Jesus, a reconciliação, a misericórdia e a justiça. O comunismo é incompatível com a fé cristã, uma vez que enfatiza a destruição da propriedade privada, a eliminação da liberdade individual e a imposição de um sistema igualitário que nega a diversidade e a iniciativa pessoal, desconsiderando a revelação divina, a salvação de Jesus, a espiritualidade e a dignidade pessoal.

É importante lembrar que o radicalismo islâmico, que tem também seduzido os jovens, recebeu influência e apoio tanto do nazismo quanto do comunismo. Durante a Segunda Guerra Mundial, o nazismo colaborou com líderes islâmicos que compartilhavam ênfases comuns, como o ódio aos judeus e a oposição aos Aliados ocidentais. Durante a Guerra Fria, o comunismo influenciou movimentos islâmicos na adoção de táticas revolucionárias e terroristas empregadas contra Israel e os países ocidentais e na organização de massas. O radicalismo islâmico é uma ameaça à segurança por causa de seu extremismo inerente, da erosão dos valores tradicionais ocidentais e do potencial aumento de tensões culturais e religiosas devido à imigração sem controle, sobretudo em cidades e capitais da Europa ocidental e em cidades dos Estados Unidos.

A resposta cristã: um chamado à ação

Frente a essas diversas ameaças, é crucial que a resposta cristã seja clara e firme. Não podemos simplesmente observar passivamente enquanto os jovens estão sob ataque. Proteger a fé, os valores cristãos e o caráter moral dessa geração deve ser uma prioridade para todos aqueles que se importam com o futuro de nossa sociedade.

A normalização do discurso odioso e a exaltação de figuras históricas malignas são indícios de uma sociedade decadente

Em primeiro lugar, é fundamental incentivarmos o retorno à Escritura Sagrada entre os jovens. A Escritura deve servir como fundamento para suas escolhas e caminhos na vida. As igrejas, famílias e comunidades cristãs precisam intensificar seus esforços para ensinar a Escritura de forma relevante e acessível aos jovens de hoje. Isso inclui adotar tecnologias modernas como aplicativos de estudo bíblico e plataformas de mídia cristã para alcançar essa juventude em seu ambiente.

Em segundo lugar, devemos permanecer vigilantes contra influências externas que buscam minar nossa fé e nossos princípios. Isso requer uma análise crítica do conteúdo consumido pelos jovens, bem como fomentar uma cultura de discernimento entre eles. Pais, professores e clérigos cristãos têm o dever de orientar os jovens na identificação e rejeição de mentiras e desinformação.

Além disso, é crucial que cada pessoa assuma sua própria responsabilidade ao utilizar as plataformas digitais, buscando se proteger de influências negativas. Isso envolve, eventualmente, exigir transparência das empresas de tecnologia e responsabilizá-las pela propagação de conteúdos prejudiciais, além de fazer escolhas conscientes sobre o que visualizam e compartilham na internet.

A batalha pela mente e alma da Geração Z é uma luta pela verdade e liberdade. A liberdade verdadeira só pode ser encontrada em Cristo, e a verdade é o alicerce dessa liberdade

No enfrentamento das influências negativas, é essencial que os cristãos criem e incentivem opções digitais que reafirmem os valores bíblicos. Plataformas de mídia cristã, aplicativos para estudo da Bíblia e redes sociais dedicadas à divulgação da mensagem de Cristo são fundamentais para contrapor as correntes culturais seculares. Igrejas e organizações cristãs precisam investir na criação de conteúdo digital que não apenas eduque, mas também inspire e capacite os jovens a viverem conforme sua fé. Podcasts, vídeos, blogs e outras formas de mídia digital são recursos poderosos para alcançar os mais jovens, oferecendo uma alternativa às influências seculares.

Em conclusão, a batalha pela mente e alma da Geração Z é uma luta pela verdade e liberdade. A liberdade verdadeira só pode ser encontrada em Cristo, e a verdade é o alicerce dessa liberdade. Como defensores da fé cristã, devemos nos levantar contra as forças que buscam destruir a próxima geração, e defender os valores que construíram e sustentaram a sociedade ocidental por séculos. Se fracassarmos, o preço será a perda de uma geração para a escuridão espiritual e moral. Mas, se formos bem-sucedidos, asseguraremos um futuro em que a luz de Cristo continuará a brilhar, guiando o caminho para as gerações vindouras.

“Deus do universo, Senhor do futuro, que nos chamaste a ser Igreja: ajuda-nos a pôr de lado aquilo que nos divide, e a ver as nossas diferentes tradições [cristãs], não como sendo obstáculos à unidade, mas dons que nos enriquecem uns aos outros. Liberta-nos do mau hábito de te servirmos separadamente; permite que nos aproximemos da imagem de Cristo, cujos braços, amplamente abertos sobre a cruz, abrangem o mundo para lhe dar vida. Ajuda-nos a amar e a servir a humanidade, promovendo a justiça, resistindo ao mal, e proclamando Jesus crucificado e ressuscitado como nosso juiz e nossa esperança. Amém.” (Livro de Oração Comum)

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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