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Franklin Ferreira

Franklin Ferreira

Franklin Ferreira é pastor da Igreja da Trindade e diretor-geral e professor de teologia sistemática e história da igreja no Seminário Martin Bucer, em São José dos Campos-SP, professor-adjunto no Puritan Reformed Theological Seminary, em Grand Rapids-MI, nos Estados Unidos, secretário geral do Conselho Deliberativo do IBDR, presidente da Coalizão pelo Evangelho e consultor acadêmico de Edições Vida Nova.

Oriente Médio

A Operação Amanhecer e o direito de Israel se defender de seus inimigos

Jato F-16 israelense decola como parte das ações da Operação Amanhecer, contra alvos da Jihad Islâmica. (Foto: Israeli Air Force/Página oficial/Facebook)

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Entre 6 e 21 de maio de 2021 ocorreu mais um conflito entre israelenses e palestinos, marcado por protestos e tumultos em Jerusalém, ataques de foguetes realizados contra Israel pelo Hamas e pela Jihad Islâmica Palestina (PIJ) – no total, cerca de 4 mil foguetes foram disparados contra cidades israelenses, causando 14 mortes – e ataques aéreos retaliatórios israelenses contra bases militares e lançadores de foguetes na Faixa de Gaza. A operação militar israelense foi chamada de Operação Guardião das Muralhas. No fim, cerca de 250 palestinos foram mortos; vários, inclusive, perderam suas vidas atingidos por foguetes do Hamas e PIJ que caíram dentro de Gaza – algo entre 80 e 200 mortos pertenciam aos grupos terroristas. Agora, na primeira semana de agosto de 2022, as Forças de Defesa de Israel (IDF) lançaram a Operação Amanhecer, contra alvos terroristas da PIJ na Faixa de Gaza.

A escalada do conflito

A Jihad Islâmica Palestina é uma organização terrorista, reconhecida como tal por Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia, Japão, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Israel, e apoiada diretamente por Irã e Síria. É o segundo maior grupo terrorista na Faixa de Gaza depois do Hamas, que atualmente governa o território – e que também é reconhecido como organização terrorista por Canadá, União Europeia, Israel, Japão, Austrália, Reino Unido e Estados Unidos. A Jihad Islâmica é diretamente responsável por dezenas de ataques terroristas contra Israel, incluindo atentados suicidas, lançamentos de foguetes e ataques a tiros contra civis.

Na terça-feira, 2 de agosto, as IDF prenderam Bassam al-Saadi, líder da PIJ diretamente envolvido em ataques terroristas contra civis israelenses, na área de Jenin, na Cisjordânia. Na ocasião da prisão houve tiroteio entre forças das IDF e palestinos, e um destes foi morto. Após a prisão, a Jihad Islâmica ameaçou bombardear o sul e o centro de Israel. As estradas ao longo da fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza foram bloqueadas, e os civis na área foram avisados para permanecer dentro de suas casas, para ficarem a salvo de possíveis ataques terroristas.

A Jihad Islâmica é diretamente responsável por dezenas de ataques terroristas contra Israel, incluindo atentados suicidas, lançamentos de foguetes e ataques a tiros contra civis

Na quarta-feira, 3 de agosto, um membro da PIJ na Faixa de Gaza declarou: “Temos todo o direito de bombardear Israel com nossas armas mais avançadas e fazer seus moradores pagarem um alto preço. Não vamos nos contentar em atacar em torno de Gaza, mas vamos bombardear o centro do chamado Estado de Israel”. Assim, o grupo terrorista ameaçou atacar áreas onde vivem a grande maioria dos israelenses, como a cidade de Tel Aviv. Com a ameaça de ataques, um alerta especial do Comando da Frente Doméstica das IDF foi emitido para uma área de até 80 quilômetros da Faixa de Gaza, incluindo Tel Aviv. Os israelenses nesta área foram aconselhados a permanecer dentro de suas casas e perto de abrigos antiaéreos.

Na sexta-feira, 5 de agosto, aeronaves das IDF começaram a atacar a Jihad Islâmica na Faixa de Gaza. Isso ocorreu após tentativas de Israel de persuadir o grupo terrorista a parar suas ameaças de atacar o país. Os líderes israelenses afirmaram que Israel não permitiria que a PIJ mantivesse milhões de cidadãos israelenses reféns, por meio de ameaças de ataques em todo o país. O primeiro-ministro de Israel, Yair Lapid, fez uma declaração, naquele dia, sobre a situação na Faixa de Gaza:

“Aproximadamente quatro horas atrás, as IDF – em cooperação com a Agência de Segurança de Israel [Shin Bet] – atacaram alvos da Jihad Islâmica em Gaza. Entre os mortos estavam Taysir al-Jabari, um dos dois comandantes mais importantes da PIJ, bem como uma célula se preparando para lançar um ataque de mísseis antitanque contra Israel. A diretriz que as forças de segurança receberam de nós era clara: Israel não ficará de braços cruzados enquanto houver quem tente prejudicar seus civis. Este governo tem uma política de tolerância zero para qualquer tentativa de ataque – de qualquer tipo – de Gaza em direção ao território israelense. As organizações terroristas não definirão a agenda na área adjacente a Gaza, não toleraremos nenhuma ameaça contra nossos civis. Todos que precisem ser presos serão presos. Qualquer tentativa de ferir civis ou soldados terá uma resposta dura. A atividade de hoje em Gaza foi contra ameaças concretas que interromperam a rotina diária no sul de Israel. Israel não está interessado em um conflito mais amplo em Gaza, mas também não se esquivará de um. Apelo a todos que obedeçam às diretrizes, nos próximos dias. Tenho fé no público israelense e tenho certeza de que eles darão total apoio ao nosso estabelecimento de segurança. Não importa o tempo que demore, eliminaremos a ameaça aos nossos cidadãos. O povo de Israel é forte, entende a importância da dissuasão, apoia os moradores do sul. Nossas forças de segurança estão preparadas com um conjunto de respostas poderosas a qualquer ataque. Enfrentaremos o inimigo com força, juntos.”

Neste primeiro dia de ataques aéreos da IDF, um prédio de apartamentos foi atacado na Faixa de Gaza. Neste estava abrigado Taysir al-Jabari, comandante da ala norte da Jihad Islâmica, que foi morto. Ele foi responsável por muitos ataques terroristas contra civis israelenses e militares das IDF. Um outro ataque aéreo também foi realizado contra dez terroristas da PIJ que estavam a caminho da fronteira, para realizar um ataque contra Israel – todos foram mortos. No sábado, 6 de agosto, aeronaves das IDF mataram Khaled Mansour, comandante da ala sul da PIJ na Faixa de Gaza. Além dos dois comandantes, em torno de 20 outros membros do grupo foram eliminados. Com estas ações, toda a liderança militar da PIJ na Faixa de Gaza foi destruída. E as IDF prenderam, em 6 de agosto, 19 pessoas na Cisjordânia, membros da Jihad Islâmica. E no domingo, 7 de agosto, outras 20 pessoas relacionadas com a PIJ foram presas, de acordo com uma fonte israelense. Israel caracterizou os ataques aéreos sobre a Faixa de Gaza como uma “medida preventiva” para impedir a PIJ de se vingar da prisão de Al-Saadi, e chamou a operação de “uma campanha direcionada contra a PIJ”.

Embora as IDF façam todo o possível para não ferir civis em seus ataques, isso é extremamente difícil na Faixa de Gaza, porque os grupos terroristas como a Jihad Islâmica se escondem entre os civis palestinos, colocando seu próprio povo em perigo enquanto atacam ou ameaçam civis israelenses. Fontes palestinas acusaram Israel de matar quatro crianças em Jabalia. Mas um vídeo mostrou que foi um foguete do próprio PIJ, disparado do meio da população civil de Gaza, que atingiu o bairro, causando as mortes. A Associated Press informou que mísseis disparados pela PIJ em Gaza podem ter resultado em 12 mortes de palestinos. No total, 45 palestinos foram mortos nos ataques e 350 foram feridos.

Embora o cessar-fogo mediado pelo Egito entre a PIJ e Israel tenha começado na noite de 7 de agosto, continuaram a ocorrer disparos de foguetes da Faixa de Gaza em direção a Israel. Ao longo da operação, a PIJ disparou cerca de 1,1 mil foguetes, 200 dos quais caíram em Gaza. Dos 990 foguetes que cruzaram a fronteira, 380 foram interceptados pelo Iron Dome, o sistema de defesa antiaérea de Israel, com 96% de sucesso. Os outros 610 caíram no mar ou em espaços abertos. E 41 israelenses foram feridos nos ataques da PIJ. Ao todo, a IDF atingiu mais de 170 alvos da Jihad Islâmica na Faixa de Gaza, incluindo esconderijos de armas, postos de observação e locais de lançamento de foguetes. Nesses ataques foram empregados pelas IDF aeronaves F-15, F-16 e F-35, além de drones e artilharia.

A ideologia dos grupos terroristas palestinos

Tanto para a Jihad Islâmica como para o Hamas – que, curiosamente, ficou à margem do conflito atual –, a própria existência do Estado de Israel é inaceitável. Para estes grupos terroristas, a única opção é continuar a luta armada até uma eventual derrota de Israel. Eles preferem nenhum Estado judeu a um Estado palestino em paz com Israel. O alvo da PIJ é a destruição do Estado de Israel e a constituição de um Estado islâmico palestino na região, e é considerado por israelenses como um dos “grupos armados palestinos mais perigosos e radicais”. Os objetivos do Hamas são libertar a região da “ocupação” israelense e transformar todo o território em um Estado islâmico. O estatuto do Hamas declara que “Israel existe e existirá até que o Islã o destrua, assim como já destruiu outros”. Um dos artigos do estatuto do grupo terrorista confessa: “O Movimento de Resistência Islâmica [Hamas] acredita que a terra da Palestina é um Waqf islâmico consagrado para as futuras gerações muçulmanas até o Dia do Julgamento. Ela ou qualquer parte dela não pode ser desperdiçada, não se pode desistir dela ou de qualquer parte dela”. E outro artigo do estatuto afirma: “O Dia do Julgamento não chegará até que os muçulmanos combatam os judeus, mesmo que os judeus se abriguem por detrás de árvores e pedras. As árvores e pedras dirão: Oh! Muçulmanos, Oh! Abdullah, há um judeu por detrás de mim, venha e mate-o”.

Embora as forças israelenses façam todo o possível para não ferir civis em seus ataques, isso é extremamente difícil na Faixa de Gaza, porque os grupos terroristas como a Jihad Islâmica se escondem entre os civis palestinos

Na atualidade, a esmagadora maioria dos palestinos não acredita na solução de dois estados, Israel e Palestina, e prefere que o Hamas substitua a Autoridade Nacional Palestina (ANP), liderada por Mahmoud Abbas, para representar e liderar o povo palestino. Uma pesquisa conduzida em junho de 2022, pelo Palestinian Center for Policy and Survey Research, indicou que a oposição à ideia da solução de dois Estados é de 69% entre os palestinos. Outros 75% dos entrevistados também expressaram oposição à ideia de uma solução de um Estado onde israelenses e palestinos viveriam juntos e gozariam dos mesmos direitos num único país. A pesquisa constatou que 55% dos palestinos apoiam o recomeço dos confrontos armados contra Israel. Além disso, uma maioria de 59% disse apoiar os ataques terroristas realizados dentro de Israel por palestinos. A grande maioria dos palestinos, 69%, também se opõe a uma retomada incondicional das negociações de paz entre palestinos e israelenses (os porcentuais se referem à Cisjordânia, os da Faixa de Gaza são mais altos).

Tanto o Hamas como a Jihad Islâmica usam a Faixa de Gaza para tentar destruir Israel. Os líderes destes grupos estão sendo claros quanto à sua intenção de eliminar Israel e matar os judeus. Durante a recente visita ao Líbano, um dos líderes do Hamas afirmou que “não há futuro” para Israel na “terra da Palestina”. Nessa ocasião, este líder do Hamas participou de uma reunião da Conferência Nacional Islâmica, com representantes de Egito, Líbia, Kuwait, Síria, Marrocos, Jordânia, Iêmen, Líbano e Argélia, além de líderes da milícia Hezbollah, apoiada pelo Irã – e que é considerada um grupo terrorista por Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Argentina, Israel, Canadá, Países Baixos, pela Liga Árabe e pelo Conselho de Cooperação do Golfo. A conferência expressou total apoio ao Hamas e ao terrorismo, afirmando: “A conferência apoia todas as formas de resistência diante do inimigo sionista”. Aliás, o aiatolá Ali Khamenei, o atual líder supremo do Irã, disse tempos atrás que “a missão da República Islâmica do Irã é apagar Israel do mapa da região”.

Assim, se alguém está seguro de que a “Palestina” é um país que tem suas raízes registradas pela história, espero que possa responder algumas perguntas a este respeito: 1. quando foi fundada, e por quem? 2. quais eram suas fronteiras? 3. qual era sua capital? 4. como se chamavam suas principais cidades? 5. quais eram suas bases econômicas? 6. quais eram suas formas de governo? 7. quem eram seus líderes antes do egípcio Yasser Arafat? 8. que idioma falavam? Pois, como o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) Zuheir Mohsen afirmou, em março de 1977, em entrevista ao jornal holandês Trouw: “O povo palestino não existe. A criação de um Estado palestino é apenas um meio para continuar a nossa luta contra o Estado de Israel em nome da unidade árabe. Na realidade, hoje não há nenhuma diferença entre jordanianos, palestinos, sírios ou libaneses”. No fim, os árabes palestinos se tornaram um joguete nas mãos de lideranças muçulmanas, que têm como alvo a destruição de Israel e dos judeus.

Uma data sombria

Estes ataques de foguetes da Jihad Islâmica ocorreram entre os dias 6 e 7 de agosto, o Tisha B’Av, quando os judeus relembram um momento sombrio na história de Israel. Esta data marca o dia mais triste do ano para o povo judeu. Este é o dia do calendário judaico, 9 do mês de Av, em que ocorreram dois dos mais trágicos eventos da história judaica – a destruição do Templo de Salomão, o Primeiro Templo de Jerusalém, em 586 a.C., arrasado pelo exército do império babilônico sob o comando do rei Nabucodonosor II; e a destruição do Segundo Templo, em 70 d.C., pelo exército imperial romano, sob o comando de Tito. A área do Templo, em Jerusalém, é o local mais sagrado do judaísmo.

O Tisha B’Av é separado como um dia de jejum e de luto, quando se costuma ler o livro bíblico das Lamentações, atribuído ao profeta Jeremias: “Quero trazer à memória o que pode me dar esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. O Senhor é bom para os que esperam nele, para aqueles que o buscam. Bom é aguardar a salvação do Senhor, e isso, em silêncio. Bom é para o homem suportar o jugo na sua mocidade. Que ele se assente solitário e fique em silêncio, porque esse jugo Deus pôs sobre ele. Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança” (Lamentações 3, 21-29).

Enquanto o povo judeu lamenta esta data trágica em sua história, é preciso reconhecer que as ameaças contínuas ao povo judeu não desapareceram. Israel é chamado a lembrar das tragédias do passado. Mas também a não subestimar as ameaças do presente e a garantir um futuro melhor para si lutando contra o terror e a violência que o cercam. Portanto, à luz das constantes ameaças de extermínio por parte dos muçulmanos, como, então, ficar em silêncio ou indiferente diante das ameaças ao Estado de Israel? O povo de Israel precisa do Estado de Israel para ser protegido dos vizinhos árabes que desejam destruí-los. Então, só se pode afirmar, com toda o vigor necessário, “Holocausto nunca mais!”, defendendo o Estado de Israel. Ele não é perfeito, como nenhuma nação e nem mesmo a Igreja cristã é perfeita. Mas o Estado de Israel, uma forte e vibrante democracia – na verdade, a única democracia em toda a região –, é a única proteção de todo o povo de Israel.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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