Jane Mathison Haining foi uma missionária escocesa da Igreja da Escócia em Budapeste, Hungria. Sua coragem e compaixão durante o Holocausto foram reconhecidas em 1997 pelo Yad Vashem, em Israel, que a homenageou como “Justa entre as Nações” por colocar sua vida em risco para auxiliar meninas judias durante um dos momentos mais sombrios da história contemporânea. As poucas informações sobre Jane, sobretudo de sua prisão e martírio, estão resumidas em An Inspiration to All of Us: Jane Haining of the Scottish Jewish Mission, Budapest, escrito por Jennifer Robertson, que se baseia na obra Jane Haining of Budapest, de David McDougall.
Infância e educação
Jane Haining nasceu em 6 de junho de 1897 na fazenda Lochenhead, em Dunscore, Dumfriesshire, Escócia. Ela era a quinta filha de Jane Mathison e Thomas John Haining, um fazendeiro. Sua mãe faleceu em 1902, quando Jane tinha apenas 5 anos, deixando Thomas Haining responsável por seis filhos. Mais tarde, ele se casou novamente, mas também veio a falecer em 1922, pouco antes de sua segunda esposa, Robertina Maxwell, dar à luz a uma filha chamada Agnes.
Jane cresceu como parte da Igreja Craig, em Dunscore, que fazia parte da Igreja Unida Livre da Escócia. Ela frequentou a escola local de Dunscore e se destacou academicamente, conquistando uma bolsa de estudos para a Academia de Dumfries em 1909. Na academia, Jane demonstrou excelência acadêmica ao receber vários prêmios e se formar com distinção em disciplinas como Inglês, Francês, Alemão e Matemática.
A infância e adolescência de Jane foram caracterizadas por sua dedicação aos estudos e pelo envolvimento ativo na vida religiosa. A influência da igreja e sua educação rigorosa forneceram uma base moral e intelectual que moldaria suas escolhas futuras. A atmosfera rural e o forte senso de comunidade em Dunscore também contribuíram para o desenvolvimento do seu compromisso social e senso de solidariedade.
A escolha pela carreira missionária demonstrava não apenas a fé cristã fervorosa de Jane, mas também seu profundo desejo de ajudar o próximo e causar impacto significativo no mundo
Vocação missionária
Após concluir seus estudos, Jane fez um curso no Athenaeum Commercial College, em Glasgow, e trabalhou para um fabricante de linhas entre 1917 e 1927, começando como escriturária e depois se tornando secretária. Durante esse período, ela morou em Glasgow e frequentou a igreja paroquial de Queen’s Park West, ligada à Igreja Unida Livre da Escócia, onde também lecionava na escola bíblica dominical.
Em 1927, Jane participou de uma reunião do Comitê da Missão Judaica em Glasgow, onde ouviu o reverendo George Mackenzie falar sobre seu trabalho missionário. Foi nesse momento que ela decidiu seguir a vocação missionária. Depois de completar um curso de um ano no Glasgow College of Domestic Science, Jane assumiu temporariamente o cargo de matrona em Manchester antes de responder a um anúncio na revista Life and Work, da Igreja da Escócia, procurando uma matrona para um internato de meninas em Budapeste, Hungria. Em 1929 a Igreja Unida Livre da Escócia se uniu à Igreja da Escócia.
Essa escolha de abraçar uma carreira missionária demonstrava não apenas sua fé cristã fervorosa, mas também seu profundo desejo de ajudar o próximo e causar impacto significativo no mundo. A formação recebida no Glasgow College of Domestic Science foi fundamental para seu papel futuro ao fornecer as habilidades práticas necessárias para cuidar e administrar um internato.
O Comitê da Missão Judaica enviou Jane para mais treinamento no St. Colm’s Women’s Missionary College, em Edimburgo. Sua entrega ao trabalho missionário aconteceu na Igreja de Santo Estêvão, em Edimburgo, em 19 de junho de 1932, durante uma cerimônia liderada pelo presidente do comitê da Missão Judaica, Stewart Thompson. Ela partiu para Budapeste no dia seguinte. Sete meses depois, em 30 de janeiro de 1933, Adolf Hitler se tornou chanceler da Alemanha.
A Missão Escocesa em Budapeste
A Missão Judaica da Igreja da Escócia em Budapeste cuidava de uma escola para meninas judias e cristãs, um internato onde Jane começou a trabalhar em 1932. O edifício da missão, situado na Rua Vörösmarty, 51, acolhia aproximadamente 400 alunas com idades entre 6 e 16 anos, das quais 30 a 40 eram residentes.
A Igreja da Escócia estabeleceu essa missão (também conhecida como Igreja de São Columba) em 1841, com o objetivo de evangelizar os judeus húngaros. Os clérigos fundadores, Alexander Black e Alexander Keith, juntamente com Andrew Bonar e Robert Murray McCheyne, estavam a caminho de Jerusalém quando Black se feriu em um acidente. Isso resultou na decisão dele e de Keith retornarem à Escócia. Durante sua passagem por Budapeste, onde permaneceram por mais tempo por Keith ficar doente, conheceram a arquiduquesa Doroteia da Áustria. Após fazer amizade com eles, ela convenceu os dois a criarem uma missão escocesa na cidade.
Jane decidiu se tornar missionária movida por um profundo chamado interior: “Encontrei minha verdadeira vocação”, registrou. Bonar e McCheyne relataram sua viagem à então Palestina Otomana em 1839 “para testemunhar a realidade e o caráter do antigo povo de Deus, buscando formas de despertar o interesse de outros pela causa [dos judeus]”. Seguindo essa tradição escocesa, Jane demonstrava interesse genuíno na causa judaica.
Jane cuidava das alunas com dedicação, proporcionando não só educação, mas também apoio e proteção. Embora a lei húngara proibisse a conversão religiosa antes dos 18 anos, a escola tinha como objetivo preparar as estudantes judias para receberem Jesus como seu único Senhor e Salvador. Todas as alunas tinham aulas diárias de estudo da Bíblia, incluindo o Novo Testamento. Ela trabalhava arduamente para criar um ambiente acolhedor e seguro para todas as meninas, independentemente de sua crença. “Nunca sentimos que não éramos iguais entre nós ou com os alunos cristãos”, disse uma ex-aluna, Zsuzanna Pajzs. “Nem sequer notávamos quem era cristão e quem era judeu.”
Jane fez várias viagens de trem para resgatar meninas judias cujos pais haviam sido obrigados pelo governo húngaro a realizar trabalhos forçados
A escola era conhecida por seu ambiente acolhedor e pelo alto padrão educacional. As alunas recebiam uma formação acadêmica completa e eram incentivadas a desenvolver habilidades práticas e valores éticos sólidos. A presença de Jane na escola desempenhou um papel fundamental no bem-estar das meninas, servindo como exemplo de bondade, integridade e dedicação.
Guerra, prisão e morte
Quando a Segunda Guerra Mundial começou, em 1.º de setembro de 1939, Jane estava aproveitando suas férias na Cornualha com Margit Prém, a diretora húngara da escola. Assim que a guerra teve início, elas retornaram a Budapeste. Em 1940, a Igreja da Escócia sugeriu que ela voltasse ao Reino Unido, mas ela optou por permanecer na Hungria, sentindo que suas alunas precisavam dela mais do que nunca. Ela escreveu: “Se essas crianças precisavam de mim nos dias de sol, quanto mais precisam de mim nestes dias de escuridão?”
Jane fez várias viagens de trem para resgatar meninas judias cujos pais haviam sido obrigados pelo governo húngaro a realizar trabalhos forçados. Ela compartilhou com sua irmã Agnes as dificuldades enfrentadas por essas crianças e seu desejo sincero de ajudá-las. Sua dedicação às suas alunas e seu compromisso com sua missão eram inquebrantáveis, mesmo diante das crescentes ameaças da guerra. Conforme relatado por um colega, ela se levantava cedo pela manhã nos dias de mercado para conseguir comida para a escola e carregava as sacolas pesadas sozinha, de volta. Relatos dizem que ela cortou sua própria mala de couro para consertar os sapatos das meninas.
A Alemanha invadiu a Hungria em 19 de março de 1944 e imediatamente começou o processo de deportação dos judeus húngaros para campos de extermínio, incluindo Auschwitz-Birkenau, na Polônia ocupada. O SS-Obersturmbannführer (tenente-coronel) Adolf Eichmann chegou a Budapeste em 21 de março e estabeleceu a sede do Sondereinsatzkommando Ungarn (Comando de Missão Especial na Hungria) no Hotel Majestic, localizado na Rua Svábhegy, em Budapeste. Em um período de seis semanas, 424 mil judeus foram enviados em 147 trens para Auschwitz. Dentre esses, 320 mil encontraram a morte neste campo de extermínio. O comandante do campo, o SS-Obersturmbannführer Rudolf Höss, testemunhou após o término da guerra: “Nunca houve um processo de eliminação [dos judeus] tão preciso e meticuloso”.
O comitê da Missão Judaica da Igreja da Escócia em Edimburgo escreveu ao Ministério das Relações Exteriores britânico, por volta da época da invasão da Hungria, afirmando que estava “sob uma profunda dívida de gratidão com a srta. Jane Haining (...) Por sua influência pessoal e fidelidade, ela inspirou tanta lealdade que a Missão [Judaica] de Budapeste manteve seus antigos padrões elevados. Eventos recentes alteraram seriamente a situação e os pensamentos da Igreja estarão com [ela] e seus colegas nas novas dificuldades que surgiram”. Jane continuou protegendo suas alunas, fornecendo-lhes comida e abrigo conforme necessário. No entanto, como matrona, ela precisava garantir que as meninas judias usassem a Estrela de Davi amarela discriminatória, um momento doloroso em sua vida.
Em 25 de abril, dois agentes da Gestapo chegaram à Missão para prender Jane após ser denunciada por uma faxineira sob acusação de possuir um rádio secreto. Eles vasculharam seu escritório e quarto, dando-lhe apenas 15 minutos para arrumar suas coisas. Inicialmente detida em uma casa usada pela Gestapo nas colinas de Buda, amigos levavam-lhe comida e roupas limpas. De acordo com uma colega de prisão, Francis W. Lee, Jane foi questionada duas vezes e enfrentou as seguintes acusações: trabalhar entre os judeus; chorar ao colocar Estrelas de Davi amarelas nas meninas; demitir sua governanta, que era ariana; ouvir as transmissões de notícias da BBC; se intrometer em atividades políticas; receber muitos visitantes britânicos; visitar prisioneiros de guerra britânicos e enviar-lhes pacotes de mantimentos. Ela confessou todas as acusações, mas negou as alegações de que se envolvesse com política.
Após ser interrogada pela Gestapo, foi enviada para a prisão da Rua Fő, em Budapeste, onde permaneceu por aproximadamente um mês, sob a acusação de cometer “espionagem em nome da Inglaterra”. Sua detenção e subsequente deportação marcaram o início de um período de sofrimento indescritível. Jane manteve uma postura digna e resistente, recusando-se a renunciar às suas convicções e valores cristãos. Mesmo com autoridades políticas húngaras tentando conseguir sua libertação, ela foi enviada pela Gestapo para o campo de trânsito de Kistarcsa e depois deportada para Auschwitz-Birkenau em um trem com outros prisioneiros judeus, em 15 de maio de 1944, sendo designada para realizar trabalhos forçados. Uma ex-aluna relatou que muitas das meninas judias da missão escocesa também foram enviadas pelos alemães para Auschwitz, e poucas sobreviveram.
Em Auschwitz, Jane, identificada como a prisioneira número 79467, enfrentou condições extremamente difíceis e desumanas, incluindo trabalho forçado, fome e tratamento cruel dos guardas. Apesar dessas circunstâncias terríveis, relatos indicam que ela conseguiu manter sua dignidade e se esforçou para ajudar outros prisioneiros sempre que possível. Algum tempo depois, uma carta chegou à escola da Missão Judaica em Budapeste informando sobre o falecimento de Jane Haining em 17 de julho de 1944, enfraquecida devido à desnutrição e aos maus-tratos sofridos. Ela tinha 47 anos. Sua última mensagem para amigos foi um cartão-postal pedindo comida. Ela terminou com as palavras: “Não há muito a relatar aqui a caminho do céu”. Ao fim da guerra, foi revelado que Jane fora sepultada em Auschwitz.
Jane não apenas arriscou sua vida para proteger suas alunas judias, mas também demonstrou um compromisso inabalável com seus princípios e sua fé
O bispo László Ravasz, da Igreja Reformada Húngara, escreveu: “A Igreja Reformada Húngara cercou com simpatia e grande estima esta senhora frágil e de espírito heroico. Seus superiores insistiram três vezes para que ela voltasse para casa, mas ela sempre recusou. Nossas dores são duplas: sendo nós mesmos cativos, não fomos capazes de salvá-la; e sendo oprimidos, não tivemos poder para defendê-la de maneira mais eficaz”.
A Bíblia de Jane foi encontrada após o término da guerra e agora está em exposição no prédio da Missão, em Budapeste. Alguns de seus objetos pessoais foram encontrados em 2016 no sótão da sede da Igreja da Escócia, na George Street, em Edimburgo. Entre eles estava seu testamento escrito à mão, datado de julho de 1942, juntamente com mais de 70 fotografias das alunas da escola da missão. Esses itens foram, então, guardados na Biblioteca Nacional da Escócia.
Reconhecimento e legado
O trabalho e sacrifício de Jane Haining não foram esquecidos. A Missão Escocesa em Budapeste inaugurou uma placa memorial em sua homenagem, em 1946. Em junho de 1948 dois vitrais em sua honra foram instalados no vestíbulo da Igreja Paroquial de Queen’s Park Govanhill em Glasgow, que ela frequentou. Em 1949, o reverendo David McDougall, editor do Jewish Mission Quarterly, escreveu um livro biográfico sobre ela, Jane Haining of Budapest. Em 1969, uma placa memorial foi colocada em sua honra na escola da Missão Judaica em Budapeste. Em 27 de janeiro de 1997, Jane foi nomeada “Justa entre as Nações”, uma das mais altas honrarias concedidas pelo Estado de Israel a não judeus que arriscaram suas vidas para salvar judeus durante o Holocausto. Em uma reunião memorial em Budapeste nesse mesmo ano, que era o do centenário do nascimento de Jane, uma de suas ex-alunas, Ibolya Suranyi, disse:
“Eu entrei na escola em 1935, com 6 anos de idade (...) Brincávamos juntos – 40-50 crianças – e Jane estava sempre conosco. Ela era minha segunda mãe e teve uma influência muito importante na minha vida. Ela era uma mulher notável; era uma mãe para todos nós e nos tratava a todos de forma igual. Ela era rigorosa em certas coisas, mas era adorável. Ela tinha um coração fantástico; você sempre sentia que era a pessoa que ela mais amava. Ela se dedicava totalmente a nós. A cada segundo domingo à tarde, nossos pais podiam nos visitar. Se ninguém vinha visitar uma criança, ela convidava a criança triste [que logo] (...) se tornava uma menina feliz. [...] Ela morreu porque se importava com a vida dos outros.”
Em 2005 foi inaugurado um marco de pedras perto da Igreja de Dunscore, na Escócia, em que ela é homenageada “em amorosa lembrança” como “uma heroica mártir cristã”. Em 2010, o governo britânico a nomeou Heroína Britânica do Holocausto. Em 2014, uma exposição no Museu do Holocausto em Budapeste foi dedicada à sua vida e trabalho. Em 2019, uma placa comemorativa foi colocada na Academia de Dumfries, onde ela estudou, para marcar o 75.º aniversário de sua morte. Além disso, em 2021, a Igreja Episcopal Escocesa, em seu Sínodo Geral, votou para incluir Jane em seu calendário de santos e heróis. Ela é lembrada em 17 de julho.
Além disso, um memorial foi estabelecido na Igreja de São Columba, em Budapeste, onde Jane havia servido; e a Igreja de Santo Estevão, em Edimburgo, tem um vitral em sua memória. Sua coragem e sacrifício continuam a ser lembrados e celebrados por aqueles que reconhecem a importância de sua contribuição durante um período de imensa escuridão na história humana. Através dessas comemorações e homenagens, a memória de Jane continua viva. Sua história é um lembrete poderoso da capacidade humana de bondade e sacrifício, mesmo nas circunstâncias mais difíceis. Seu exemplo inspira novas gerações a agir com compaixão e coragem em face da injustiça.
A história de Jane é um testemunho impressionante da coragem cristã e do impacto que uma pessoa pode ter ao fazer o bem, independentemente das consequências pessoais. Ela não apenas arriscou sua vida para proteger suas alunas judias, mas também demonstrou um compromisso inabalável com seus princípios e sua fé. Sua vida e sacrifício são um exemplo de resistência moral contra a opressão e a violência.
Jane Haining personifica a bravura, compaixão e comprometimento dos cristãos que, durante a Segunda Guerra Mundial, arriscaram suas vidas para proteger os judeus
Lições para o tempo presente
Refletir sobre o legado de Jane nos leva a considerar o papel que cada indivíduo pode desempenhar em momentos de crise. Sua história nos lembra que coragem e compaixão não são atributos exclusivos de heróis lendários, mas estão ao alcance de todos nós. Ela não era uma figura política influente nem uma líder militar; ela era uma mulher cristã em uma escola, alguém comum com um compromisso extraordinário com sua fé e valores e o povo judeu.
A permanência de Jane na Hungria para proteger suas alunas judias mesmo diante do perigo iminente é um exemplo do impacto significativo que ações individuais podem ter. Sua disposição em enfrentar os riscos da ocupação alemã revela a profundidade de sua fé, compaixão e senso de justiça. Num mundo onde muitas vezes parece mais seguro permanecer em silêncio, a história de Jane nos inspira a falar e agir em defesa dos judeus oprimidos, e continua relevante nos dias de hoje, quando nos deparamos com desafios globais que colocam à prova nossa capacidade de empatia e ação moral. Em um momento marcado por crescente intolerância e injustiça em relação aos judeus e ao Estado de Israel, sua trajetória serve como um convite aos cristãos à ação a favor dos judeus e de Israel, lembrando-nos de que cada cristão pode causar impacto para o bem.
Jane Haining personifica a bravura, compaixão e comprometimento dos cristãos que, durante a Segunda Guerra Mundial, arriscaram suas vidas para proteger os judeus. Ela é reverenciada na Escócia, na Hungria e em Israel como uma heroína cristã cujo legado e sacrifício em favor dos judeus ecoam profundamente. Ela ilustra como a devoção a Cristo Jesus e a dedicação ao próximo podem triunfar mesmo diante das circunstâncias mais adversas, além de ser um exemplo constante para jamais esquecermos as lições do Holocausto.
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