A coluna de hoje traz uma resenha de meu novo livro, Meditações na Terra Santa, publicado em coautoria com Jonas Madureira por Editora Fiel. O autor é André G. Soares, formado em Teologia pela Escola Charles Spurgeon, mestre em Estudos Judaicos pela Universidade de São Paulo e professor de Hebraico e outras disciplinas no Israel Institute of Biblical Studies, no Seminário Batista Reformado John Dagg e em outras instituições.
Meditações na Terra Santa: o mais novo livro de Franklin Ferreira e Jonas Madureira
Se você é cristão, não obstante a tradição à qual pertença, certamente há de reconhecer a singularidade da chamada Terra Santa. Foi lá que, segundo as Escrituras Sagradas, aconteceram os eventos mais importantes da mais importante das histórias – a História da Redenção, cujo protagonista é Jesus, o Messias prometido. A História da Redenção abrange a totalidade do que ocorre no universo, começando com a criação dos céus e da terra e terminando com a inauguração dos novos céus e da nova terra. Os incidentes mais memoráveis dessa macronarrativa, incluindo o nascimento, ministério, crucificação, ressurreição e ascensão de Jesus, aconteceram justamente em Israel, essa pequena e estreita faixa localizada na costa leste do Mar Mediterrâneo, entre a Europa, a Ásia e a África.
Cientes da peculiaridade e santidade da Terra de Israel, dois dos principais e mais respeitados pensadores cristãos do Brasil, Franklin Ferreira e Jonas Madureira, têm conduzido caravanas de peregrinos que desejam conhecer a Terra Santa e seguir os passos de Jesus em Israel. Os dois eruditos os guiam por diversas localidades ligadas à vida e ao ensino de Jesus, proferindo, em cada parada, uma reflexão bíblica ensejada e inspirada pelo local em que se acham.
Franklin e Jonas, porém, tiveram por bem popularizar a experiência de peregrinação pela Terra Santa. Os dois pastores se juntaram nesse novo projeto, buscando transferir para o papel a mesma experiência que as caravanas que eles conduzem têm em Israel. Em outras palavras, Franklin e Jonas compuseram o que podemos chamar de uma “peregrinação literária” à Terra Santa, um projeto ousado e, em muitos sentidos, envolto em ineditismo. O resultado foi um livro espetacular e imperdível: Meditações na Terra Santa: seguindo os passos de Jesus em Israel, publicado pela Editora Fiel.
Dois acadêmicos-pastores (ou pastores-acadêmicos) compuseram uma obra que, ao mesmo tempo, informa e forma, instrui e edifica, alimenta a mente e nutre o coração, faz crescer no conhecimento e na fé
De maneira muito didática e hábil, os autores conduzem o leitor por 19 localidades relevantes para a História da Redenção e, em especial, para o ministério terreno de Jesus: 1. Tiberíades, cidade que dá nome ao Lago de Tiberíades, também chamado de Mar da Galileia, pelo qual Jesus frequentemente navegava (Jo 6,1); 2. Tel Dã, a cidade que delimitava o extremo norte da Terra Prometida (1Sm 3,20); 3. Monte Carmelo, onde Elias teve um embate épico com os 450 profetas de Baal (1Rs 18,20-40); 4. Nazaré, a cidade onde Jesus foi criado, motivo pelo qual era conhecido como “Jesus, o Nazareno” (Jo 1,45); 5. Rio Jordão, as águas nas quais Jesus foi batizado por João Batista, evento que marca o início de seu ministério público (Mt 3,13-17); 6. Monte das Bem-Aventuranças, no qual Jesus proferiu o seu mais famoso discurso, o chamado Sermão do Monte ou Sermão da Montanha (Mt 5–7); 7. Cafarnaum, cidade que serviu como centro do ministério de Jesus durante boa parte de sua vida adulta (Mt 4,12-13); 8. Mar da Galileia, cujas águas Jesus acalmou (Mc 4,35-41) e sobre as quais caminhou (Mc 6,45-52); 9. Magdala, cidade natal de Maria Madalena, pela qual Jesus também passou (Mt 15,39); 10. Corazim, uma das três cidades cuja incredulidade Jesus, em um de seus discursos mais duros, criticou com veemência (Mt 11,21); 11. Tanque de Betesda, local onde Jesus, em uma de suas visitas a Jerusalém, efetuou a cura de um enfermo (Jo 5,2-9); 12. Igreja de Santo André, um templo construído em 1927 na cidade de Jerusalém para atender a comunidade presbiteriana local e homenagear os soldados escoceses mortos na Primeira Guerra Mundial; 13. Jardim das Oliveiras, o horto no qual Jesus orou antes de ser preso (Mc 14,32-42); 14. Jardim da Tumba, uma possível localidade para o sepultamento de Jesus (Mt 27,59-60); 15. Tabgha, o local em que, segundo a tradição, Jesus restaurou Pedro depois de ter sido negado por ele (Jo 21,15-19); 16. Cesareia Marítima, a sede do governador romano da Judeia, onde Pôncio Pilatos muito possivelmente residia (Mt 27,17-26); 17. Igreja de Cristo, o mais antigo templo protestante na Terra Santa, inaugurado em 1849; 18. Megido, localidade onde se dará o último conflito da história, a chamada batalha de Armagedom (Ap 16,13-16); e 19. Jope, cidade de onde Jonas pegou uma embarcação em direção a Társis, a fim de fugir do comissionamento que recebera de Deus (Jn 1,1-3).
Cada um dos 19 capítulos conta com duas seções: um contexto histórico e geográfico e uma meditação. Na primeira, Franklin e Jonas adotam um tom mais professoral, patenteando a sua vocação acadêmica. Os autores oferecem informações contextuais importantes quanto ao local em que se encontram, fornecendo uma ambientação vívida e muito bem-vinda. Eles trazem dados relativos à localização, história e cultura do lugar, destacando, sempre que possível, achados arqueológicos que nos ajudam a reconstituir e entender a vida e os costumes da localidade no período bíblico. Essa primeira seção conta com fotografias de alta resolução que profissionais tiraram do local, o que favorece ainda mais a nossa aclimatação e imersão.
Na segunda seção do capítulo, “meditação”, os autores fazem uso de um tom mais pastoral, evidenciando que, além de acadêmicos, são homens da igreja. Inspirados pela conexão do lugar com a história bíblica e atentos às lições que as eloquentes pedras de Israel contam, os dois pastores nos presenteiam com uma meditação alentadora e, em alguns casos, confrontadora, sempre remetendo os seus leitores ao Evangelho de Jesus Cristo.
Trata-se, portanto, de um livro que é dotado da mesma ambivalência que caracteriza os seus autores: dois acadêmicos-pastores (ou pastores-acadêmicos) compuseram uma obra que, ao mesmo tempo, informa e forma, instrui e edifica, alimenta a mente e nutre o coração, faz crescer no conhecimento e na fé.
Resta-nos dizer que o projeto gráfico do livro é belíssimo e está à altura de seu rico conteúdo. O formato quadrado (21 x 21 cm) é apropriado para comportar tanto o texto quanto as muitas fotografias da Terra Santa. A impressão em papel couchê coopera grandemente para a qualidade e nitidez das imagens, ao mesmo tempo que os mapas no fim da obra nos ajudam a permanecer sempre bem situados na geografia de Israel.
Meditações na Terra Santa é um daqueles livros que, para usar o bordão de um dos autores, não podemos passar desta vida para a próxima sem ler. Finda a leitura, ou melhor, finda a peregrinação literária por Israel, perceberemos que a Terra Santa nos parecerá mais familiar, mais próxima – tão próxima que parecerá estar dentro de nossos corações. Com efeito, é precisamente isto que os autores fazem: ao nos levar a uma jornada pelo Israel de Jesus, trazem o Jesus de Israel para nós.
Lula está acordado e passa bem sem sequelas após cirurgia cerebral de emergência
Confira os detalhes do que houve com Lula e o estado de saúde após a cirurgia; acompanhe o Entrelinhas
Milei completa um ano de governo com ajuste radical nas contas públicas e popularidade em alta
Prêmio à tirania: quando Lula condecorou o “carniceiro” Bashar al-Assad
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS