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Franklin Ferreira

Franklin Ferreira

Franklin Ferreira é pastor da Igreja da Trindade e diretor-geral e professor de teologia sistemática e história da igreja no Seminário Martin Bucer, em São José dos Campos-SP, professor-adjunto no Puritan Reformed Theological Seminary, em Grand Rapids-MI, nos Estados Unidos, secretário geral do Conselho Deliberativo do IBDR, presidente da Coalizão pelo Evangelho e consultor acadêmico de Edições Vida Nova.

Evangelização

O discipulado e a “disciplina arcana” em Dietrich Bonhoeffer

Detalhe de "O Sermão da Montanha", de Fra Angelico. (Foto: Wikimedia Commons/Domínio público)

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Nas Escrituras a palavra “discípulo” – no grego bíblico, mathetes – descreve uma pessoa que aprende com outra por instrução, seja formal ou informal. O discipulado inclui a ideia de alguém que intencionalmente aprende por investigação e observação; portanto, mathetes é mais do que um mero aluno. Um mathetes descreve um adepto de um professor. Portanto, fazer discípulos significa, prioritariamente, levar outras pessoas a, como nós, seguirem os passos do Mestre, o Senhor Jesus, aquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. O mártir luterano Dietrich Bonhoeffer, assassinado pelos nacional-socialistas alemães em 9 de abril de 1945, no campo de concentração de Flossenbürg, escreveu em 1937 importante obra comentando o Sermão da Montanha (Mt 5,1-7.29), intitulada Discipulado, que ainda hoje serve de baliza para reflexões sobre o discipulado.

O que é discipulado cristão

A pergunta definidora: Quando nos é perguntado o significado do discipulado cristão, temos sido fiéis à sua real implicação? Temos obedecido ao comando de Jesus Cristo para sua Igreja? “Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt 28,18-20).

O ministério discipulador de Jesus. Jesus, em todo o tempo de seu ministério, discipulou e formou discipuladores. Ele investiu a sua vida e tempo na tarefa de formar discípulos, ou seja, aqueles que dariam continuidade justamente àquilo que ele fazia. E ele não se deteve apenas em uma área especifica da vida dos seres humanos. Ele procurou orientar a respeito de todos os aspectos da vida do ser humano. Tudo o que o ser humano necessitava saber acerca da sua própria espiritualidade e de sua vida foi abordado por Jesus e registrado para que nós pudéssemos seguir seus passos, discipulando segundo seus ensinamentos. Em suma, se olhamos para Jesus, podemos perceber que sua dedicação em transformar homens comuns em discípulos foi uma tarefa que ele efetuou com zelo, visto que a consumação do Reino que ele nos apresentou começa pela transformação de nossa mentalidade.

Verdadeiros discípulos – os que praticam. Sendo assim, se queremos formar uma Igreja de onde saiam verdadeiros discípulos cristãos, precisamos seguir as pisadas do Mestre e Senhor da Igreja. Portanto, discipulado cristão é a prática de ensinar e aprender todo o ensinamento de Jesus contido nos evangelhos; no entanto, não basta apenas aprender. A prática está intrinsecamente ligada ao aprendizado e isso fica bem claro quando o Senhor Jesus compara aqueles que ouvem sua palavra, ao narrar a parábola dos dois homens que construíram suas casas: um em solo forte e sustentável e o outro na areia (Mt 7,24-27). Aquele que ouve os ensinamentos de Jesus e não os pratica é comparado ao homem tolo que edificou sua casa na areia – assim se dá com o discipulado: discípulo não é aquele que apenas aprende algo, mas aquele que põe em prática em sua vida todo o aprendizado que recebeu do Senhor e Mestre Jesus. Não basta apenas receber os ensinamentos de Jesus; o que realmente importa é praticar tudo aquilo que se ouve de Jesus. Deve existir a obediência ante o ensinamento que é oferecido.

Fazer discípulos significa, prioritariamente, levar outras pessoas a, como nós, seguirem os passos do Mestre, o Senhor Jesus, aquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz

Discipulado é sofrimento. No entanto, sabemos que o chamado de Cristo ao discipulado é para levarmos nossa cruz, pois somente assim o discípulo se coloca em comunhão no perdão dos pecados e esta é justamente a essência do discipulado: o perdão dos pecados é firmado no sofrimento de Cristo e este foi ordenado a todos aqueles que querem segui-lo, querem ser verdadeiramente seus discípulos, verdadeiramente cristãos. Como Bonhoeffer escreveu:

“O sofrimento é, pois, a característica dos seguidores de Cristo. O discípulo não está acima de seu mestre. O discipulado é passio passiva, é sofrimento obrigatório. Por isso, Lutero [...] definiu a Igreja como comunidade dos que são ‘perseguidos e martirizados por causa do Evangelho’. Quem não quiser tomar sobre si a cruz, quem não quiser expor sua vida ao sofrimento e à rejeição por parte dos seres humanos, perde a comunhão com Cristo e não é seu discípulo. Quem, porém, perder a sua vida no discipulado, no carregar da cruz, tornará a encontrá-la no próprio discipulado, na comunhão da cruz com Cristo. O oposto do discipulado é envergonhar-se de Cristo, envergonhar-se da cruz, escandalizar-se por causa da cruz.”

Discipulado é solidão. Ser discípulo está ligado a muitas vezes termos de caminhar sozinhos, sem o apoio de ninguém. Muitas vezes, o fato de olharmos para a cruz de Cristo nos levará à solidão, visto que nos depararemos muitas vezes com o vazio de clamarmos no deserto. No entanto, é a isso que somos chamados, a olhar somente para aquele que nos convocou. Necessitamos ter em mente que ser discípulo implica em aprender a abrir mão de nós mesmos em favor da causa de Jesus. Em nossa obediência somos levados a buscá-lo em primeiro lugar, a fazer sua vontade, exercitando o desapego às coisas naturais, como ficou bem claro em seu diálogo com o jovem rico (Mt 19,16-22). Bonhoeffer escreveu:

“O chamado de Jesus ao discipulado faz do discípulo um indivíduo. Querendo ou não, ele tem que se decidir, tem que tomar sua decisão sozinho. Não é indivíduo espontaneamente; Cristo é que faz do ser humano chamado, um indivíduo. Cada qual é chamado individualmente e tem que ser discípulo sozinho. Com receio dessa solidão, o ser humano procura proteção junto às pessoas e coisas que o cercam. Apercebe-se, de súbito, de todas as suas responsabilidades e apega-se a elas. Encoberto por elas, deseja tomar sua decisão, mas não quer encontrar-se sozinho perante Jesus e ter que decidir-se com o olhar fixo somente nele [...], mas, nesta hora, o ser humano chamado não pode ocultar-se por detrás de pai e mãe, mulher e filhos, povo e história. Cristo quer que o ser humano fique só, que nada mais enxergue senão aquele que o chamou.”

Sabemos que hoje não é raro encontrarmos pessoas que, mesmo fazendo parte da Igreja, não sabem sequer as doutrinas mais simples da fé que professam e, em consequência disso, não conseguem testemunhar sua fé e levar outros à obediência a Jesus Cristo; não estão dispostos a romper com suas circunstâncias naturais, e, na maioria das vezes, não querem tal rompimento. Na verdade, ninguém pode seguir a Cristo e ser verdadeiramente seu discípulo se não tiver passado pelo rompimento de sua relação imediata com o mundo.

Discipulado é compromisso. Quando voltamos nossos olhos para o evangelho (Mt 10,26-39), nos é colocada de forma bem clara a decisão que temos a tomar, e que cabe somente a nós mesmos assumir o compromisso de nos tornarmos verdadeiros discípulos, seguidores de Jesus em todas e quaisquer circunstâncias que se nos apresentarem no decorrer de nossa caminhada. Entretanto, fica claro que o que vem acontecendo em nossos dias é a falta de discipulado e isso resulta em cristãos sem identidade, sem entusiasmo, sem vida e sem autenticidade, algo totalmente oposto ao chamado de Jesus, que é fazer de seus seguidores autênticos cidadãos do Reino de Deus, com caráter e identidade diferenciadas. Discipular é, portanto, uma tarefa que exige um cuidado pessoal com cada indivíduo, é atividade insubstituível dentro da Igreja, pois é por meio dela que levaremos as pessoas a ouvir o chamado de Jesus, levando adiante a missão para a qual fomos convocados. Como Bonhoeffer escreveu:

“Os discípulos, ao reconhecerem a Cristo, recebiam seu mandamento claro; de sua boca recebiam instruções a respeito do que fazer; não era esse o grande privilégio daqueles primeiros discípulos? Não estamos nós abandonando justamente neste ponto decisivo da obediência cristã? Não fala o mesmo Cristo a nós de modo diverso do que àqueles? Se isso fosse verdadeiro, estaríamos hoje em situação desesperadora. Mas não é assim. Cristo não fala hoje de modo diferente a nós do que falou naqueles tempos. Não é verdade que os primeiros discípulos reconheceram primeiramente nele o Cristo, para depois receberem seu mandamento. Antes, não o reconheceram senão por sua Palavra e por seu mandamento. Creram em sua Palavra e no mandamento e reconheceram nele o Cristo. Não havia para os discípulos outro reconhecimento de Cristo a não ser através de sua Palavra clara.”

O chamado ao discipulado e a graça preciosa

Comprometimento. O chamado ao discipulado é o comprometimento que assumimos diante de Jesus Cristo. Para aqueles que se dizem cristãos, não é uma escolha – é uma ordem, e requer obediência. É a obediência sem questionamentos, sem ponderações, sem concessões ou exceções. É a nova vida que se apresenta a nós como a única opção de quem verdadeiramente aceita a graça preciosa de Deus: “Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu (Mt 9,9)”.

Hoje não é raro encontrarmos pessoas que, mesmo fazendo parte da Igreja, não sabem sequer as doutrinas mais simples da fé que professam e, em consequência disso, não conseguem testemunhar sua fé e levar outros à obediência a Jesus Cristo

A autoridade de Cristo. Sendo o Cristo, sua autoridade é inquestionável, e aquele que recebe seu chamado tem a consciência de que, se não se desprender de tudo, não terá os requisitos para segui-lo e atender ao chamado – chamado esse, no entanto, que não lhe garante nenhuma estabilidade, mas que vem carregado de autoridade e requer obediência, pois é o Cristo quem lhe chama. De acordo com Bonhoeffer:

“O ser humano que foi chamado larga tudo quanto tem, não para fazer algo que tenha valor especial, mas simplesmente por causa daquele chamado, porque, de outro modo, não pode seguir a Jesus. A esse ato não se atribui o menor valor. Em si, continua sendo uma coisa absolutamente destituída de importância, sem merecer atenção. Destruíram-se as pontes e simplesmente caminha-se em frente. Uma vez chamada para fora, a pessoa tem que abandonar a existência anterior, tem que simplesmente ‘existir’ no sentido rigoroso da palavra. O que é velho fica para trás, totalmente abandonado.”

Renúncia. Quando olhamos para a segurança que temos, dificilmente estamos abertos ao chamado de Cristo, pois tudo o que nos impede de enxergar a graça de Deus está ligado ao que nos dá a falsa sensação de estabilidade que o mundo nos proporciona. O chamado ao discipulado deve, portanto, ser o olhar além das coisas aparentes, já que, à medida que o ser humano se despoja de seus bens, fica vulnerável e completamente desprovido de qualquer sustento palpável; mas essa vulnerabilidade será revestida pela presença de Jesus na vida daqueles que assumem o compromisso com ele.

A suficiência de Cristo. Enquanto cristãos, devemos sempre ter em mente que aquele que nos chama é suficientemente poderoso para suprir toda e qualquer necessidade que venhamos a ter – e mais: seu amor é tão intenso e profundo pelos pecadores, que esta é a razão de estarmos sendo convocados ao discipulado, isto é, anunciar ao mundo o evangelho de um Reino que tira qualquer preocupação com as coisas desse mundo, e onde o sustento é providenciado mediante a fé naquele que nos chamou. Como Bonhoeffer escreveu de forma memorável: “A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o ser humano sai e vende com alegria tudo o quanto tem; a pérola preciosa, para cuja aquisição o comerciante se desfaz de todos os seus bens; o senhorio régio de Cristo, por amor do qual o ser humano arranca o olho que o faz tropeçar; o chamado de Jesus Cristo, pelo qual o discípulo larga suas redes e o segue”. Ser chamado ao discipulado é comprometer-se com Cristo, o Deus Filho que veio até nós, para, através de seu exemplo, ensinamento, morte e ressurreição, nos reconduzir até Deus Pai, pautado no entendimento de sua preciosa graça.

A graça barata. No entanto, há muito tempo essa graça tão preciosa está sendo barateada; há muito essa graça começou a sofrer distorções. O perdão e a justificação do pecador passaram a ser a justificação do mundo e de seus pecados. A graça foi barateada, passou a ser uma pregação de perdão de pecados sem o verdadeiro arrependimento, o batismo sem disciplina cristã. A graça barata é a vida sem a conversão, sem a confissão de que Jesus é não só Salvador, mas antes e, sobretudo, Senhor. É a graça sem mudança de vida, sem mudança de caráter, sem atender a obediência do chamado ao discipulado, sem a cruz. Ouçamos Bonhoeffer: “A graça barata é a pregação do perdão sem o arrependimento, é o batismo sem a disciplina comunitária, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado”.

A graça preciosa. A graça é preciosa, pois é a total rendição a Deus, diante de seu amor incondicional por pecadores. Graça preciosa justifica o pecador, pois esse carece ser justificado; conclama o mundo ao arrependimento de seus pecados. É preciosa porque custou a vida de Cristo, o Deus encarnado, para dar vida ao ser humano. É preciosa por vir como palavra de perdão aos angustiados e dilacerados. Essa graça é a Palavra viva de Deus. De novo, Bonhoeffer escreve de forma memorável:

“Graça preciosa é a graça como santuário de Deus, que tem de ser preservado do mundo, não lançado aos cães; e por isso é graça como palavra viva, a Palavra de Deus que Ele próprio anuncia de acordo com seu beneplácito. Chega até nós como gracioso chamado ao discipulado de Jesus; vem como palavra de perdão ao espírito angustiado e ao coração esmagado. A graça é preciosa por obrigar o indivíduo a sujeitar-se ao jugo do discipulado de Jesus Cristo. As palavras de Jesus: ‘O meu jugo é suave e o meu fardo é leve’ são expressões da graça.”

O discipulado e a disciplina arcana

Um novo mundo. De que maneira é possível manter o envolvimento de um cristão com uma sociedade pós-cristã, laicista, arreligiosa, sem que isso represente a dissolução da fé cristã no âmbito da secularidade? Ou, dito de outro modo, como a Igreja pode assumir sua responsabilidade num mundo que repudia a fé cristã sem que, com isso, abandone os elementos centrais de sua identidade como Corpo de Cristo?

A graça foi barateada, passou a ser uma pregação de perdão de pecados sem o verdadeiro arrependimento, o batismo sem disciplina cristã

Significado. A “disciplina arcana” (disciplina arcani) é um termo teológico usado para descrever o costume que prevalecia no cristianismo primitivo, em que o conhecimento dos mistérios mais íntimos da fé cristã foi cuidadosamente guardado dos não cristãos e até mesmo daqueles que ainda não eram batizados. De acordo com Bonhoeffer, em Resistência e submissão: “Sob Orígenes surge a disciplina arcana, reuniões fechadas para receber os sacramentos, a confissão de fé e o Pai Nosso. Disciplina arcana por causa da zombaria do mundo”.

Catequese, batismo e ceia. Desde seu livro sobre a Ética, Bonhoeffer se mostrou cada vez mais interessado na dinâmica que caracterizava o culto e as celebrações litúrgicas das comunidades cristãs primitivas. Ele observava nessas comunidades uma espécie de preservação de sentido para os atos litúrgicos, que se restringia aos membros já iniciados na fé cristã. Trata-se de uma dinâmica na qual o significado de alguns gestos e símbolos litúrgicos permanecia em “segredo” entre os membros da comunidade cristã. Daí a expressão “disciplina arcana”, isto é, “disciplina do mistério”, dando especial atenção à distinção entre cristãos batizados e os cristãos não batizados, entre aqueles preparados para receber o sacramento e aqueles que eram excluídos dele, enfatizando especialmente o culto e a catequese. Bonhoeffer escreveu:

“Onde ficaram as percepções da Igreja primitiva que, na catequese do batismo, tinha tanto cuidado em vigiar a fronteira entre a igreja e o mundo, em vigiar a graça preciosa? Onde ficaram os avisos de [Martinho] Lutero contra a proclamação de um evangelho que garantia segurança aos seres humanos em sua vida sem Deus? A graça barata foi muito cruel para nossa Igreja Evangélica. A graça barata decerto foi também cruel pessoalmente para a maioria de nós. Não nos abriu, antes fechou o caminho para Cristo. Não nos chamou ao discipulado, antes nos endureceu na desobediência.”

De que maneira é possível manter o envolvimento de um cristão com uma sociedade pós-cristã, laicista, arreligiosa, sem que isso represente a dissolução da fé cristã no âmbito da secularidade?

A separação das esferas. Por isso os cristãos dessas comunidades podiam se identificar com os problemas cotidianos de seu mundo sem que, com isso, perdessem sua identidade cristã, reencontrada sempre de novo nas celebrações comunitárias. Para Bonhoeffer, a redescoberta da “disciplina arcana” seria indispensável para a sobrevivência e renovação da Igreja num mundo que despreza a fé cristã. Somente nesta prática a Igreja poderia preservar o conteúdo de sua proclamação, sem abandoná-la à total profanação pela secularização e, ao mesmo tempo, manter seu compromisso e identificação com os problemas cotidianos nas diversas esferas da existência, impedindo-a de se tornar um monasticismo litúrgico. Portanto, concluamos com o mártir alemão:

“O discipulado é comprometimento com Cristo; por Cristo existir, tem de haver discipulado. Uma concepção de Cristo, um sistema doutrinário, um conhecimento religioso geral da graça ou do perdão não implicam necessariamente o discipulado; na realidade, excluem-no, são hostis a ele. Com a ideia pode-se ter uma relação de conhecimento, de admiração – talvez até mesmo de realização –, mas nunca a relação de discipulado pessoal e obediente. Cristianismo sem Jesus Cristo vivo permanece necessariamente um cristianismo sem discipulado; e cristianismo sem discipulado é sempre cristianismo sem Jesus Cristo; é uma ideia, um mito.”

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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