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Franklin Ferreira

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Igreja evangélica, Evangelho, teologia moral, história e cultura. Coluna atualizada às quintas-feiras

Ditaduras

A ilusão revolucionária: a tomada de poder socialista

Revolução Russa
Revolucionários atacam a polícia czarista na primeira fase da Revolução Russa, em fevereiro de 1917. (Foto: Autor desconhecido/Domínio público)

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A tomada de poder pela revolução é uma fórmula empregada na União Soviética, China e Cuba, entre outros países; chega a ser quase tedioso acompanhar sua implementação. Qualquer pessoa que conheça um pouco o roteiro revolucionário não se espanta com o que está acontecendo em vários países do Ocidente. Diferentemente da visão otimista proposta pelos socialistas, que descrevem esse processo como uma “libertação” das minorias e trabalhadores e o estabelecimento de uma nova ordem igualitária, o socialismo, na verdade trata-se de uma ruptura destrutiva que ameaça a liberdade, a ordem social, os valores morais e a prosperidade econômica. Vamos, portanto, revisar os principais passos da tomada de poder dos socialistas, destacando suas consequências e problemas intrínsecos ao projeto esquerdista.

A semeadura do conflito social

A ideia de conscientização de classe é central na doutrina socialista, que busca dividir a sociedade entre opressores (burguesia) e oprimidos (proletariado). Essa ênfase na luta de classes não apenas incita o ódio e o ressentimento, mas promove uma visão simplista e reducionista da sociedade, em que todas as relações humanas são vistas exclusivamente como conflitos de poder e dominação.

Essa retórica de divisão social destrói os laços de solidariedade entre classes, que são fundamentais para a coesão social. A sociedade é composta por um tecido complexo, no qual a colaboração entre diferentes grupos sociais é essencial para a estabilidade e a prosperidade. Ao incitar uma mentalidade de “nós contra eles”, o socialismo semeia a discórdia e enfraquece as instituições naturais, como a família, a religião e as comunidades locais, que servem como pilares da sociedade. A organização de sindicatos e movimentos agitadores – no caso brasileiro, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), os black blocs e antifas – pode rapidamente se degenerar em formas de radicalismo, que buscam subverter a ordem estabelecida em vez de buscar melhorias legítimas por meio de reformas graduais e pacíficas.

A exploração de momentos de vulnerabilidade

Os socialistas frequentemente aguardam crises econômicas e políticas como oportunidades para promover sua agenda revolucionária. Entretanto, essa abordagem é uma exploração cínica dos momentos de fragilidade social. Crises econômicas, embora dolorosas, são parte da natureza cíclica do sistema econômico e, historicamente, as sociedades que aderem ao livre mercado são mais capazes de se recuperar e prosperar no longo prazo.

O Estado socialista, ao centralizar todo o poder nas mãos de poucos, tende a suprimir a dissidência, destruir a propriedade privada e controlar rigidamente a vida das pessoas

Em vez de buscar soluções dentro das estruturas existentes, que podem incluir reformas políticas ou ajustes econômicos, os socialistas veem a crise como uma justificativa para a destruição completa do sistema. Isso leva a soluções radicais e mal pensadas, que muitas vezes resultam em colapso econômico ainda maior. Os exemplos da União Soviética e da República Democrática da Alemanha, com suas economias centralizadas, provam que o socialismo não é uma alternativa viável no longo prazo para resolver crises do capitalismo. Pelo contrário, a economia planificada levou à escassez, à estagnação e ao empobrecimento generalizado.

O perigo da violência e do caos

A mobilização popular e os protestos em massa, especialmente sob a forma de greves gerais, ocupações e revoltas, são apresentados pelos socialistas como expressões legítimas da luta da classe trabalhadora ou das minorias. No entanto, essa mobilização frequentemente se transforma em anarquia, violência e destruição de propriedades. Movimentos revolucionários tendem a descambar para o caos, afetando negativamente a vida dos cidadãos comuns, que sofrem com a interrupção dos serviços, o aumento da criminalidade e a perda de empregos.

Além disso, a mobilização em larga escala muitas vezes resulta na formação de regimes totalitários. A história está repleta de exemplos em que revoluções populares levaram a ditaduras brutais que suprimiram as liberdades individuais e minaram o Estado de Direito. A Revolução Russa, liderada por Vladimir Lênin e Josef Stalin, e a Revolução Cubana, de Fidel Castro, ilustram os perigos de revoluções socialistas. Ao contrário de estabelecer a “democracia dos trabalhadores” ou “minorias”, esses movimentos frequentemente resultam em regimes totalitários que oprimem o próprio povo que deveriam libertar.

Tomada do poder e a destruição da ordem social

A “ruptura” que ocorre durante uma tomada de poder socialista não é meramente uma mudança de governo, mas uma destruição deliberada da ordem política, econômica e social existente. A continuidade das instituições tradicionais, construídas ao longo de gerações, serve como base para a estabilidade e o bem-estar da sociedade. O socialismo, por sua vez, promove a destruição dessas instituições em nome de uma utopia que nunca se materializa.

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A abolição do Estado capitalista e a sua substituição por um novo regime socialista é apresentada como um avanço, mas, na prática, significa o fim da democracia liberal e da liberdade individual. O Estado socialista, ao centralizar todo o poder nas mãos de poucos, tende a suprimir a dissidência, destruir a propriedade privada e controlar rigidamente a vida das pessoas. Em vez de dar poder à classe trabalhadora ou minorias, o socialismo cria uma nova elite governante que usa o poder do Estado para se manter no controle, muitas vezes de forma opressiva e violenta.

O fim da liberdade econômica e o colapso da economia

A nacionalização dos meios de produção é talvez o aspecto mais destrutivo da revolução socialista. Sob o pretexto de acabar com a exploração capitalista, o socialismo acaba eliminando a liberdade econômica, que é a base para a inovação, o progresso e a prosperidade de uma nação. A propriedade privada dos meios de produção é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento, pois incentiva o investimento, a eficiência e o empreendedorismo.

Quando o Estado assume o controle da economia, a liberdade individual é sufocada e a iniciativa privada desaparece. Os incentivos para o trabalho e a inovação são reduzidos, uma vez que não há recompensa por empreender ou produzir além das expectativas do Estado. A economia planificada centralizada, como ficou evidente na União Soviética e em outros regimes socialistas, resulta em ineficiência, corrupção, burocracia e escassez de bens. A capacidade do Estado de atender às necessidades básicas da população é severamente prejudicada, levando a fome, pobreza e miséria generalizada.

O caminho para o totalitarismo

A transformação do Estado sob o socialismo não leva à “ditadura do proletariado”, mas à ditadura de uma nova elite, que governa em nome do proletariado, mas na verdade se torna opressora. Essa nova elite, geralmente formada por burocratas e líderes partidários, concentra o poder nas mãos do Estado, eliminando as liberdades civis e políticas.

Revoluções socialistas, para se protegerem contra supostas contrarrevoluções, recorrem à repressão violenta e à eliminação sistemática de opositores

A democracia direta proposta pelos socialistas rapidamente se transforma em um regime de partido único, no qual a dissidência é invariavelmente reprimida. As liberdades de expressão, de imprensa e de associação são suprimidas, e qualquer crítica ao regime é tratada como traição. O poder não é descentralizado, como prometido, mas centralizado em uma casta governante, que usa todos os meios possíveis para se perpetuar no controle. A consequência disso é o totalitarismo, que impõe uma vigilância estatal constante sobre os cidadãos, limita suas liberdades e impõe um regime de controle rígido sobre todos os aspectos da vida.

A desestabilização global

Os socialistas defendem o internacionalismo proletário ou das minorias, que visa expandir a revolução para outros países. Mas essa ideia não só desrespeita a soberania nacional como também promove a desestabilização global. A exportação da revolução, seja por meio de apoio a guerrilhas ou intervenções diretas, leva a guerras civis, golpes de Estado e conflitos internacionais.

A disseminação do socialismo em outros países, como demonstrado na Guerra Fria, levou a décadas de instabilidade, violência e desordem em várias regiões do mundo. Em vez de promover a paz e a justiça, o internacionalismo socialista semeia caos e instabilidade política, destruindo sociedades e prejudicando a economia global.

O reinado do medo

Por fim, a consolidação da revolução socialista frequentemente requer o uso de força bruta e terror para manter o poder. Revoluções socialistas, para se protegerem contra supostas contrarrevoluções, recorrem à repressão violenta e à eliminação sistemática de opositores. Isso resulta em expurgos, execuções, prisões arbitrárias e campos de trabalho forçado, como ocorreu na União Soviética, China, Vietnã, Camboja, Cuba e outros regimes socialistas.

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A revolução, em vez de libertar o povo, muitas vezes aprisiona a sociedade em um estado de vigilância e medo constantes, como na República Democrática da Alemanha. A classe trabalhadora ou as minorias, que deveriam ser emancipadas, acabam sendo oprimidas por um regime que governa em nome da igualdade, mas que utiliza métodos brutais para manter o controle.

Exemplos históricos

O processo de tomada de poder pelos socialistas ocorreu em diversos países ao longo do século 20 e 21. Aqui estão alguns exemplos de países onde esse processo foi seguido. Todos se provaram fracassos trágicos e evitáveis.

União Soviética: A Revolução Russa de 1917 é o exemplo mais icônico de uma revolução socialista. O regime czarista foi derrubado pelos bolcheviques, liderados por Lênin, que prometeram estabelecer o poder da classe trabalhadora. Após a Revolução de Outubro, o governo bolchevique nacionalizou terras, indústrias e bancos, consolidando o poder do Partido Comunista. Mas rapidamente a União Soviética se tornou um Estado totalitário, com severa repressão política, expurgos, coletivização forçada da agricultura (resultando entre 3,5 milhões e 5 milhões de ucranianos mortos), e economia planificada centralmente. Embora tenha se tornado uma superpotência, o colapso econômico e a repressão política contribuíram para a dissolução da União Soviética em 1991.

China: Em 1949, após uma longa guerra civil, Mao Tsé-Tung e o Partido Comunista Chinês tomaram o poder, estabelecendo a República Popular da China. Seguindo o modelo soviético, houve nacionalizações massivas e um foco na coletivização da agricultura e da indústria. O regime de Mao foi marcado por políticas desastrosas como o “Grande Salto Adiante”, que resultou em uma fome generalizada que matou entre 40 milhões e 70 milhões, e a “Revolução Cultural”, que destruiu o patrimônio cultural chinês e causou anos de violência política. Após a morte de Mao, a China começou a implementar reformas econômicas, embora mantenha um governo de partido único com forte controle social.

Cuba: Em 1959, Fidel Castro, Che Guevara e seus companheiros revolucionários depuseram a ditadura de Fulgencio Batista, estabelecendo um regime socialista em Cuba. Sob o novo governo, propriedades privadas e indústrias foram nacionalizadas, e o controle estatal sobre a economia foi implementado. Cuba vive sob o controle do Partido Comunista com grande repressão política, falta de liberdades civis e uma economia estagnada. A aliança com a União Soviética e o embargo imposto pelos Estados Unidos isolaram o país economicamente.

A revolução, em vez de libertar o povo, muitas vezes aprisiona a sociedade em um estado de vigilância e medo constantes

Coreia do Norte: Após a Segunda Guerra Mundial, a Coreia foi dividida em duas zonas de influência. Em 1948, Kim Il-Sung estabeleceu um regime socialista no norte do país, com o apoio da União Soviética. O processo incluiu a nacionalização da indústria e a coletivização da agricultura. A Coreia do Norte se transformou em um dos regimes mais repressivos e autoritários do mundo, com uma economia centralizada que entrou em colapso, resultando em fome generalizada nos anos 1990. O regime mantém um controle rígido sobre a população, com um culto à personalidade em torno da dinastia Kim.

Venezuela: Hugo Chávez, eleito em 1999, implementou a “Revolução Bolivariana”, nacionalizando setores estratégicos da economia e concentrando o poder no Executivo. Promoveu reformas sociais financiadas com a receita do petróleo, mas a dependência deste recurso levou a uma grave crise econômica após a queda dos preços da commodity. Hoje o país enfrenta colapso econômico, hiperinflação, repressão política, violência, escassez de alimentos e medicamentos, e uma das maiores crises humanitárias da América Latina, resultando na migração de 7,7 milhões de venezuelanos em busca de melhores condições de vida.

Esses exemplos ilustram como o processo de tomada de poder revolucionário socialista seguiu um padrão comum de mobilização popular, nacionalização dos meios de produção e centralização estatal. Entretanto, em cada um desses casos, o impacto sobre a sociedade foi marcado por profundas crises econômicas, repressão política, perda de liberdades individuais e, em muitos casos, violência extrema e colapso social. A promessa de igualdade e justiça frequentemente se revelou ilusória, substituída por regimes autoritários e controladores.

A revolução e a religião cristã

Historicamente, os regimes socialistas, especialmente os de orientação marxista-leninista, adotaram uma postura de antagonismo em relação à Igreja e à religião cristã. A visão marxista considera a religião cristã como um instrumento de opressão, uma “ilusão” que distrai os trabalhadores das suas condições reais de exploração. Karl Marx descreveu a religião como o “ópio do povo”, destacando que ela oferecia um conforto ilusório diante do sofrimento econômico e social.

Em certas circunstâncias, líderes revolucionários instrumentalizaram a Igreja, apelando a conceitos vagos de “justiça social” para consolidar seu poder entre os cristãos

Nos países socialistas do século 20, como a União Soviética, China e Cuba, o Estado perseguiu a Igreja, nacionalizando suas propriedades, restringindo ou proibindo práticas religiosas públicas, e substituindo o papel da religião cristã pela ideologia estatal. Na União Soviética, por exemplo, houve repressão sistemática contra o clero, com prisões em massa e execuções de milhares de líderes religiosos e a destruição de igrejas. Contudo, em determinados momentos, algumas igrejas foram toleradas, desde que permanecessem sob estrito controle estatal.

Alguns regimes socialistas tentaram cooptar instituições ou líderes religiosos para legitimar suas causas, criar alianças estratégicas ou controlar o poder da Igreja sobre a sociedade. Um exemplo significativo foi a Revolução Sandinista na Nicarágua, onde setores da Igreja Católica, especialmente os ligados à Teologia da Libertação, participaram ativamente do movimento revolucionário. Em Cuba, após a revolução de 1959, houve um esforço inicial para marginalizar a Igreja Católica, mas posteriormente Castro adotou uma postura mais conciliatória, permitindo uma certa tolerância religiosa, ainda que sob controle estatal.

Esses exemplos mostram que, em certas circunstâncias, líderes revolucionários instrumentalizaram a Igreja, apelando a conceitos vagos de “justiça social” para consolidar seu poder entre os cristãos. No entanto, de forma geral, os regimes socialistas buscaram subordinar ou eliminar a influência cristã em prol de uma sociedade ateísta.

A tragédia da revolução

A tomada de poder revolucionária socialista é uma tragédia que não apenas fracassa em suas promessas utópicas, mas também provoca um enorme dano à liberdade, à economia e à ordem social. Em vez de criar uma sociedade mais justa, o socialismo leva ao totalitarismo, às execuções extrajudiciais, aos assassinatos patrocinados pelo Estado, ao colapso econômico e à desestabilização global. Por isso, disse com razão o famoso evangelista batista Billy Graham: “O comunismo é uma religião inspirada, dirigida e motivada pelo próprio diabo; quem o apoia declara guerra ao Deus todo-poderoso”. O caminho para uma sociedade saudável e próspera não está na revolução, mas no respeito às tradições, na preservação das instituições democráticas e na busca de reformas graduais e pacíficas.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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