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Franklin Ferreira

Franklin Ferreira

Igreja evangélica, Evangelho, teologia moral, história e cultura. Coluna atualizada às quintas-feiras

Eleições nos EUA

A vitória de Trump e suas implicações para o Ocidente e a fé cristã

Vitória de Donald Trump deve ajudar cristãos em todo o mundo
Donald Trump discursa após confirmação de sua vitória na eleição presidencial de 5 de novembro. (Foto: Cristobal Herrera-Ulashkevich/EFE)

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A eleição de Donald Trump para um segundo mandato não consecutivo representa, para muitos, uma vitória significativa em um momento crucial da história ocidental. A visão de mundo de Trump e seu compromisso com os valores tradicionais tornam-no uma figura que simboliza, para muitos, a defesa dos princípios sobre os quais a civilização ocidental foi construída: liberdade, soberania e moralidade. Além disso, a vitória de Trump pode oferecer novas oportunidades para que os cristãos vivam e expressem sua fé. Gostaria de explorar os potenciais benefícios de uma administração Trump para o Ocidente e para os cristãos, além de explicar como a comunidade cristã pode responder de maneira eficaz a esse momento.

Os benefícios da vitória de Trump para o Ocidente

Um dos pilares da administração Trump será a defesa da soberania nacional. Em tempos de globalismo acentuado, a ênfase de Trump em proteger a identidade e a integridade das nações ocidentais, sobretudo dos Estados Unidos, é essencial. Ele argumenta que uma nação deve proteger suas fronteiras, definir suas próprias leis e preservar seus valores culturais. Isso tem implicações profundas para o Ocidente, que enfrenta uma onda de cosmopolitismo que frequentemente desconsidera as tradições e identidades locais. A política de America First (“América [em] Primeiro [lugar]”), defendida por Trump, representa um modelo de respeito pela singularidade das culturas ocidentais e, sobretudo, da norte-americana, e de incentivo para que outras nações ocidentais sigam o mesmo caminho.

Para muitos, essa postura fortalece a defesa da cultura ocidental contra ideologias globalistas que enfraquecem a singularidade das nações. Esse enfoque na soberania inspira outros países do Ocidente a valorizarem suas próprias tradições e a defenderem-se contra intervenções externas, especialmente as que forçam transformações culturais radicais e rápidas.

A administração Trump deve voltar a promover políticas econômicas que favorecem o livre mercado, reduzem impostos e diminuem a burocracia para pequenas e médias empresas. Esse modelo fortalece a autonomia individual e a prosperidade de famílias e comunidades. Em contraste com políticas associadas à esquerda e a governos autoritários que promovem a dependência do Estado, o livre mercado incentiva o empreendedorismo e o trabalho árduo – princípios que muitos veem como uma expressão prática de liberdade e responsabilidade.

O Ocidente tem experimentado uma onda crescente de ideologias progressistas que visam desconstruir valores tradicionais. Trump, ao se posicionar contra essas ideologias, representa um freio importante para a sua expansão

A economia de livre mercado também é vista como mais alinhada com os valores morais cristãos, pois incentiva os cidadãos a serem ativos, autossuficientes e responsáveis. Além disso, a independência econômica pode criar uma sociedade mais equilibrada e saudável, onde as pessoas têm condições de se desenvolverem e de contribuir para o bem comum.

O Ocidente tem experimentado uma onda crescente de ideologias progressistas que visam desconstruir valores tradicionais. Muitas delas promovem mudanças radicais nas questões de sexo, família e moralidade, vistas por muitos como incompatíveis com a tradição ocidental e com o cristianismo. Trump, ao se posicionar contra essas ideologias, representa um freio importante para a sua expansão nos Estados Unidos e, por consequência, em outras nações influenciadas pela cultura americana.

Para o Ocidente, essa resistência é um incentivo para a preservação de valores que, há séculos, formam a base de sua moralidade e coesão social. A postura de Trump, ao oferecer uma alternativa conservadora, proporciona ao Ocidente uma chance de recuperar e afirmar suas raízes morais e culturais.

A administração Trump deverá, como já aconteceu em seu primeiro mandato, apoiar Israel, fortalecendo sua posição no cenário internacional e, pelo jeito, promovendo uma política pró-Israel sem precedentes. Um dos maiores marcos de seu primeiro mandato foi o reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel e a subsequente transferência da embaixada americana para a cidade. Esse gesto simbolizou um compromisso sólido com a soberania israelense e reforçou a aliança estratégica entre os Estados Unidos e Israel. Além disso, Trump ajudou a negociar acordos de paz históricos entre Israel e várias nações árabes, como os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, nos chamados “Acordos de Abraão”. Esses pactos fortaleceram a segurança regional, promovendo estabilidade no Oriente Médio e incentivando um ambiente de cooperação entre antigos rivais.

Em relação à China, a administração Trump deverá adotar uma postura firme, promovendo tarifas e outras restrições econômicas para confrontar práticas comerciais e geopolíticas que ameaçam a economia e a segurança do Ocidente e seus aliados e parceiros na Ásia. Essa postura poderá pressionar a China a reavaliar suas ações e ameaças contra Taiwan e Austrália e enviar uma mensagem clara de que a hegemonia chinesa não seria tolerada sem contestação. Com isso, Trump poderá reforçar a posição do Ocidente na competição com a China, buscando equilibrar o poder global e proteger os interesses estratégicos das democracias ocidentais e aliados regionais, como Israel, Austrália, Japão, Filipinas e Taiwan.

Os benefícios da vitória de Trump para os cristãos

A liberdade religiosa é um direito fundamental para os cristãos e um dos alicerces da Constituição dos Estados Unidos. Trump demonstrou repetidas vezes seu compromisso com essa liberdade, especialmente ao nomear juízes cristãos e conservadores para a Suprema Corte. Esses juízes têm defendido a liberdade religiosa em suas decisões, proporcionando uma proteção jurídica para igrejas, escolas e organizações cristãs. Essa segurança permite que os cristãos possam expressar sua fé e ensinar valores bíblicos sem o medo de sanções governamentais.

Além disso, a postura pró-liberdade religiosa de Trump fortalece o movimento cristão, permitindo-lhe participar da sociedade de forma mais ampla. Com essa liberdade, igrejas e organizações cristãs podem expandir suas atividades, incluindo evangelização, ensino e obras de caridade, beneficiando não apenas a comunidade cristã, mas também a sociedade em geral.

A defesa da vida desde a concepção é um valor central para os cristãos. A administração Trump deu passos significativos para proteger esse valor em seu primeiro mandato, restringindo o financiamento de organizações que promovem o aborto. Essa postura pró-vida é vista como um alicerce para a sociedade cristã, pois toda vida deve ser considerada sagrada e o papel da maternidade e da família, valorizado.

Trump demonstrou repetidas vezes seu compromisso com a liberdade religiosa, especialmente ao nomear juízes cristãos e conservadores para a Suprema Corte

Além disso, Trump e sua administração defenderam no primeiro mandato a estrutura familiar tradicional, o que representa uma vitória importante para os cristãos. A visão de família que foi defendida pela administração é a de que o casamento é entre um homem e uma mulher e que essa estrutura é o núcleo central da sociedade. Em uma época em que o conceito de família tem sido amplamente debatido e reconfigurado, essa postura fornece uma proteção significativa para a preservação da visão cristã sobre o papel do casamento e da família na formação de indivíduos e comunidades saudáveis.

A administração Trump também tomou medidas no primeiro mandato para apoiar cristãos perseguidos em várias partes do mundo. Nos últimos anos, minorias cristãs em países do Oriente Médio, da África e da Ásia têm sofrido perseguição severa, muitas vezes acompanhada pelo silêncio da mídia e de governantes. Trump direcionou políticas diplomáticas e apoio humanitário para proteger essas minorias, elevando a questão da perseguição religiosa ao nível de política externa. Esse apoio é essencial, pois coloca pressão sobre regimes que violam os direitos humanos e demonstra solidariedade internacional com os cristãos que enfrentam discriminação e violência.

Para a comunidade cristã global, esse comprometimento é visto como um verdadeiro ato de irmandade e solidariedade por parte de Trump. Além de oferecer ajuda concreta, ele eleva a consciência da sociedade sobre a perseguição aos cristãos, incentivando outros países ocidentais a adotarem políticas semelhantes em defesa dos direitos dos seguidores do Senhor Jesus.

Como os cristãos devem aproveitar esse momento

A vitória de Trump é uma oportunidade para que as igrejas consolidem sua presença na sociedade e reafirmem sua missão. Devem aproveitar a segurança proporcionada por uma administração que valoriza a liberdade religiosa, o que significa investir na formação espiritual e ética das congregações. Este é o momento para as igrejas intensificarem seu trabalho de evangelização e caridade, ajudando os mais necessitados e promovendo valores cristãos que contribuem para o bem-estar social.

Ao fortalecer as comunidades cristãs, as igrejas podem ajudar a criar uma sociedade mais compassiva, baseada nos princípios do amor ao próximo, da humildade e da solidariedade. Assim, as igrejas devem aproveitar as liberdades garantidas para construir redes de apoio e influenciar positivamente a sociedade.

Com o ambiente político mais favorável, os cristãos têm a oportunidade de se envolver mais ativamente nos debates públicos, trazendo uma perspectiva bíblica e ética às questões mais urgentes. Este é o momento para a comunidade cristã compartilhar suas opiniões sobre temas como educação, políticas familiares, liberdade de expressão e bioética. Esse engajamento fortalece a presença cristã na sociedade e demonstra que a fé e os valores cristãos contribuem positivamente para a ordem social e a justiça.

Essa participação ativa nos debates sociais pode ajudar a construir uma sociedade mais equilibrada e moralmente estável. Ao exercer sua influência com amor e firmeza, os cristãos podem inspirar outros a refletirem sobre a importância de princípios éticos universais.

Com a liberdade religiosa reforçada, a comunidade cristã deve intensificar seus esforços de evangelização e testemunho, aproveitando a abertura para compartilhar a mensagem do Evangelho com mais confiança. Este é o momento para alcançar aqueles que buscam respostas em um mundo cada vez mais confuso e moralmente desorientado.

Este é o momento para as igrejas intensificarem seu trabalho de evangelização e caridade, ajudando os mais necessitados e promovendo valores cristãos que contribuem para o bem-estar social

O testemunho cristão pode fazer uma diferença significativa na vida das pessoas e no ambiente moral da sociedade. Ao compartilhar o Evangelho de forma compassiva e clara, os cristãos podem atrair outros para a fé, proporcionando-lhes um fundamento espiritual sólido em tempos de incerteza. Esse compromisso com a evangelização e com o discipulado é crucial, pois é o chamado bíblico que Cristo deu a seus seguidores.

Os cristãos também são chamados a defender a verdade bíblica, mesmo em um ambiente favorável. Esse momento não deve ser visto como uma oportunidade para complacência, mas para fortalecer as convicções e o testemunho. A defesa dos princípios bíblicos sobre moralidade, família e vida deve ser feita com amor, mas também com firmeza. Os cristãos precisam continuar a ensinar e a viver conforme esses valores, sem se desviarem dos princípios bíblicos.

Esta defesa contínua reforça o papel da igreja como uma luz em tempos de incerteza e confusão moral. Além disso, demonstra ao mundo que os princípios bíblicos não são apenas conceitos religiosos, mas verdades universais que promovem a paz e a justiça.

“Be a simple kind of man”

A impressionante e decisiva vitória de Trump, alcançada com o apoio dos americanos comuns e simples, que muitas vezes foram ignorados, insultados e desprezados pelas elites políticas e culturais – que os rotularam como “lixo” e “nazistas” –, representa uma oportunidade única para o Ocidente e para a comunidade cristã. Esta vitória oferece proteção a valores fundamentais de uma sociedade livre e renova, para os cristãos, a liberdade de expressar sua fé e defender suas crenças. O compromisso de Trump com a liberdade religiosa, a defesa da vida e o apoio às comunidades cristãs perseguidas traz esperança e segurança para a comunidade cristã.

O testemunho cristão pode fazer uma diferença significativa na vida das pessoas e no ambiente moral da sociedade

Este é um momento em que os cristãos devem se levantar, comprometidos com sua fé e com a missão de fazer diferença no mundo. Que os cristãos possam usar essa oportunidade para promover a justiça, amar o próximo e compartilhar a mensagem do Evangelho com coragem e compaixão, contribuindo para que o Ocidente floresça, cada vez mais ético, justo e fiel aos valores que moldaram esta civilização.

Gregório Magno, famoso bispo de Roma no século 7.º, ao enfrentar as crises de seu tempo, tinha uma visão pastoral de coragem e confiança em Deus para manter a Igreja resiliente. Essa oração, baseada em seus escritos, pede proteção e força para a Igreja enfrentar tempos desafiadores:

“Ó Deus de misericórdia e justiça, guarda a Tua Igreja com a Tua mão poderosa.
Em tempos de provação, dá-nos o Teu Espírito para que caminhemos com coragem.
Fortalece o coração dos fiéis para que não temam as tempestades,
Mas confiem na Tua providência e floresçam como testemunhas da Tua verdade.
Que possamos servir a Ti com fidelidade,
E que a Tua Igreja se expanda e prospere,
Não pelo poder dos homens, mas pela força do Teu amor.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém.”

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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