O mundo enfrenta uma crise de vício em pornografia sem precedentes, com consequências graves que a maioria do público que consome esse conteúdo desconhece. E o pior: um estudo recente derrubou suposições comuns sobre esse hábito.
Quem consome não é mais somente o perfil “homem, adulto e não religioso”, como se costumava supor: são mulheres, homens, crianças, adolescentes, idosos, religiosos e não religiosos... Tanto é que a pornografia se tornou o vício número 1 nos Estados Unidos, muito à frente de álcool, cigarros e jogos de azar!
Essas conclusões vêm de um estudo da ONG Pure Desire Ministries, divulgado em outubro deste ano, que apontou que três em cada cinco adultos norte-americanos (61%) acessam material pornográfico regularmente.
Outro estudo recente, da agência europeia AWO, revelou que 59,4% dos espanhóis, 30% dos holandeses e 29% dos portugueses acessam sites pornográficos regularmente.
No Brasil não há pesquisas recentes, mas um levantamento feito em 2018 pelo canal Sexy Hot apontou que 22 milhões de brasileiros eram consumidores, o que na época representava 10,6% da população.
Considerando o crescente acesso à tecnologia e ao celular – e a facilidade sem precedentes em acessar pornografia de forma gratuita e anônima – é fácil concluir que o número hoje é certamente muito maior.
Conteúdo mais acessível e cenas mais extremas e violentas
Mas não foi só a tecnologia que mudou: segundo os estudos que citei, o conteúdo pornográfico piorou ao longo dos anos. Se você, assim como eu, já passou dos “trinta e poucos”, talvez o primeiro contato com esse tipo de material tenha sido “a playboy do pai de algum amigo” que foi contrabandeada dentro da mochila e levada à escola por algum colega.
Hoje o jogo mudou. A pornografia é não é só infinitamente mais acessível, mas também mais violenta e extrema, potencializando o estrago na mente de quem consome. As consequências (veja mais abaixo) são perturbadoras e de longo prazo – vão desde danos à saúde mental, como depressão e ansiedade, até prejuízos diretos (inclusive fisiológicos) na vida sexual.
O vício em pornografia furou a bolha
Falar abertamente sobre os problemas da pornografia já foi algo mais restrito a um discurso religioso, mas cada vez mais isso tem rompido as fronteiras das igrejas. É um sinal de que mais gente vem percebendo o quanto o vício tem estragado suas mentes pouco a pouco.
Quando você vê um ator como Terry Crews – o eterno Julius de “Todo Mundo odeia o Chris – decidindo expor publicamente o quanto isso o prejudicou, é um sinal de que o problema definitivamente não é mais apenas moral.
Em um vídeo impactante publicado em 2016, Terry Crews disse que a pornografia afetou absolutamente todas as áreas da sua vida e que sua esposa chegou a dizer que já não o reconhecia mais.
O vício, considerado pelo ator como uma doença, quase acabou com seu casamento, mas ele conseguiu dar a volta por cima e superá-lo. Ainda hoje Terry é um dos poucos a levantar a bandeira da luta contra a pornografia em Hollywood.
Consequências da pornografia
Veja abaixo três dos vários problemas que quem consome pornografia está sujeito:
1. Vício e processo de “barbárie mental”
A pornografia estimula a liberação imediata de dopamina, ou seja, gera uma sensação forte e momentânea de prazer. A busca constante por esse estímulo artificial leva a uma dependência comportamental perigosa – o que é chamado de “desregulação dopaminérgica”.
Com o tempo, esse hábito pode levar à chamada dessensibilização, ou seja, a necessidade de consumir conteúdos cada vez mais extremos, violentos e até criminosos para atingir o mesmo nível de satisfação de antes.
2. Ansiedade e depressão
Há uma ligação direta entre pornografia e depressão. Mas não só isso.
Uma pesquisa publicada em 2021 na Frontiers in Psychology com 1.031 participantes encontrou uma correlação entre o consumo de pornografia e níveis altos não só de depressão, também de ansiedade e estresse. Os participantes que consumiam esses conteúdos apresentaram pontuações mais altas nesses indicadores em comparação aos que não consumiam.
3. Impactos na vida sexual
O consumo de pornografia gera estímulos sexuais difíceis de reproduzir em relacionamentos reais. Isso reduz o interesse pelo sexo real, que não consegue competir com a intensidade dos estímulos artificiais.
Isso pode literalmente destruir casamentos, mas também costuma levar homens à chamada "disfunção erétil induzida por pornografia".
Como superar o vício em pornografia?
Reconheça o problema e estabeleça um compromisso
Se você entende que tem esse vício e que isso está afetando sua vida e saúde mental, o primeiro passo é reconhecer a situação e a gravidade do problema. Também é importante definir metas claras para vencê-lo. Minha sugestão é que você aproveite a época de fim de ano e crie uma meta para se livrar disso já em 2025.
Identifique e ataque os gatilhos
Normalmente há situações que funcionam como gatilhos para “saciar o vício”. Podem ser grupos no WhatsApp, perfis nas redes sociais, pessoas com quem se relaciona e até mesmo questões como solidão, estresse ou tédio. Quanto mais dessas situações você identificar e eliminar ou enfraquecer, mais fácil será.
Não tente vencer a batalha sozinho
Busque alguém de confiança, de preferência que seja emocionalmente saudável, maduro e aberto ao diálogo, para dividir essa luta. Pode ser um amigo, parente, ou até um colega de trabalho. Se você faz parte de uma igreja saudável, não deve ser difícil achar alguém com esse perfil disposto a conversar.
Quando pensar em desistir, lembre-se que o vício em pornografia é uma doença destrutiva que não se contenta apenas em arruinar casamentos e relacionamentos – ela corrói sua mente e te mata aos poucos. Decida se curar, por você e por quem você ama!
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