Estou há 15 dias com o Zenfone 4 e finalmente posso redigir minhas primeiras impressões. Como expliquei no post do lançamento, precisei de uns dias a mais para que as atualizações corrigissem os vários bugs no software. Eles não foram totalmente sanados: os erros de tradução continuam lá e de vez em quando ainda me deparo com uma caixa de diálogo em branco. O lado bom disso é que a Asus esté empenhada em consertá-los: hoje recebi o quinto ou sexto pacote de atualizações nestes 15 dias com o produto.
Estou acostumada a exigir bom desempenho dos aparelhos da Asus. Começou com o Zenfone 2, com seus inéditos (à época) 4GB de RAM, que tornavam o bichinho um avião — durante todos os 11 meses que o usei como meu aparelho principal. Prosseguiu com o Zenfone 3, sempre potente mas com a adição de um refinamento visual. E agora, o bom desempenho dá continuidade com a quarta geração.
O maior problema que tive com o design do 3, que se repete agora no 4, foi o fato do aparelho ser extremamente escorregadio. A beleza tem seu preço. Mas desta vez a Asus incluiu uma capinha de silicone de boa qualidade na caixa. Isso acaba com o problema de se usar um aparelho recém-lançado sem qualquer proteção, ao menos até que as capas comecem a chegar nas lojas de acessórios.
Outras mudanças no design foram com os botões físicos, que agora são retroiluminados, e com a leitora de digitais, que passou a ficar na frente, junto com o botão home — que é apenas touch. Eu preferia atrás, mas segundo a Asus, foi uma reinvidicação dos usuários.
Além da RAM espaçosa, estão presentes a tecnologia de carregamento rápido e a nova câmera dupla. Mas o que posiciona um smartphone no mercado é, essencialmente, seu preço. E o preço está bastante ligado ao processador. Os Zenfones de quarta geração vem com a série Snapdragon 600, considerado intermediário. A versão com Snapdragon 660, 6GB de RAM e 64GB de armazenamento está à venda por R$ 2.500, valor que o que o coloca lado a lado com topos de linha de concorrentes. Isso mudou um pouco meu olhar com relação aos Zenfones, que até ano passado, eu consideraria como um intermediário premium com preço compatível e bom custo-benefício.
A versão atual mais barata, com Snapdragon 630 e 4GB de armazenamento, cai para R$ 1.900. No entanto, já é possível encontrar topos de linha da geração passada, como o Galaxy S7, com processador topo de linha (e os mesmos 4GB de RAM e 64 GB de armazenamento) pelo mesmo preço. Se para você esses detalhes de hardware são importantes, sugiro que pesquise bem e cace oportunidades e promoções, ainda mais com Black Friday batendo à porta.
Minha experiência no uso geral foi boa e a autonomia da bateria (3.300 mAh) tem me agradado — e nesse sentido, cabe o mérito ao processador série 600, que é mais econômico que os da série 800. Embora a Asus afirme que o Snapdragon 660 junta o desempenho do 800 com a eficiência energética do 600, em alguns detalhes a gente percebe que não é bem assim: em modelos com o 820, por exemplo, o tempo de inicialização do aparelho é menor e a ativação e disparo da câmera são praticamente instantâneos. Tudo isso são detalhes geeks, que fique bem claro. Para o usuário comum, posso assegurar que os processadores 660 e 630 garantem ótima experiência e não há atrasos ou engasgos para abrir ou alternar aplicativos. Mesmo que dezenas estejam simultaneamente abertos — com ajuda da eficiente RAM dos smartphones Asus.
Você pode usá-lo com um SIM card (nano SIM) e mais um cartão de memória ou com 2 SIM cards (ambos nano SIM).
Câmeras
Com o mote “We love photo” e sua nova câmera dupla, claro que este é o grande destaque do aparelho. E dá para assegurar, tranquilamente, que é neste quesito que a Asus tem procurado melhorar mais a cada geração de Zenfones. Nesta quarta geração, os resultados foram os mais animadores até agora. Em situações de boa luz a câmera faz um excelente trabalho. Com menos luz, o resultado surpreendentemente agrada também.
É legal trabalhar com as duas câmeras, a principal e a grande angular — chamada de “câmera de ângulo aberto”. Ampliar o espectro da foto, com mais informação, enriquece muito a experiência fotográfica. Contudo, há uma perda notável na qualidade quando se usa a câmera de ângulo aberto em situações de menor iluminação. Veja:
A perda na qualidade vai aumentando conforme a luz vai diminuindo, até o próprio sistema tomar a iniciativa de avisar que é melhor alternar para a câmera principal:
Também é possível salvar as imagens no formato RAW.
Sobre a câmera frontal, haverá um post somente a respeito dela. Aguarde.
ZenUI 4.0
Interfaces costumam gerar amor e ódio entre os usuários. Quem prefere um ambiente mais clean (geralmente os mais aficcionados) abomina a ZenUI. Eu mesma, quando postava prints do meu Zenfone 2, era zoada pela customização “menininha” dos temas, ícones e posições da grade. De fato, entre usuários leigos, a grande possibilidade de customização sempre agradou, por isso ela foi mantida. Contudo, para esta quarta geração era necessário passar por mudanças mais drásticas: consertar bugs, problemas de idioma e, principalmente, elimimar o bloatware — aquele excesso de aplicativos que não servia para nada e ficava consumindo recursos à toa.
Assim, temos agora uma ZenUI mais limpa, rápida e intuitiva, sem tirar as perfumarias que agradam o público comum — loja de temas e ícones — e as ferramentas realmente úteis. E o melhor: gerações anteriores de Zenfones receberão também a nova ZenUI! Quem sempre achava a interface meio cafona, recomendo que experimente a versão 4. Não há mais motivo para birra.
Entretanto, conforme já citado, o problema do idioma (presente desde a primeira versão da ZenUI) continua. É evidente que a tradução para o português é feita por algum tradutor automático, já que, por exemplo, “light” aparece como “luz” onde deveria ser “claro”.
Os inúmeros erros de grafia, sintaxe e concordância dão um desgosto grande. Se o Brasil é um país tão importante para a Asus, como a companhia alega, já passou da hora de dar uma atenção melhor ao nosso português! Por mais que os papeis de parede animados sejam lindos, nenhum compensa uma tradução desleixada!
Aliás, entre as novidades que mais gostei está justamente a alternância de papeis de parede na tela de bloqueio, que são animadas com as condições meteorológicas locais. Algo super elogiado entre os membros da família e amigos.
Gerenciador de celular
O aplicativo para gerenciar desempenho e bateria continua na ZenUI 4.0. Vale a pena usar. Usei desde o Zenfone 2 — quando a limpeza de RAM a um toque ainda era novidade — e recomendo. Os perfis de uso de energia do PowerMaster ajudam bastante a estender um pouco sua autonomia naqueles dias mais atribulados. Meu outro favorito desde os primeiros Zenfones é o Gerenciador de Auto-Início: você marca quais apps não quer que sejam carregados ao ligar o celular. Além de poupar recursos, ajuda a fugir da chatice das notificações indesejadas.
Mas quem deve fazer grande sucesso mesmo é o app Selfie Master. Além de aprimorar selfies com o recurso de embelezamento — que a mulherada adora — dá para turbinar o visual até mesmo em vídeos ao vivo. Pessoalmente não sou fã de recursos de embelezamento, me sinto com cara de “Ken Humano”. Mas tenho certeza que vai ter gente comprando a linha Zenfone Selfie só para isso. A respeito do Selfie Master e da câmera frontal do Zenfone 4, o próximo post será só sobre eles.
Veredito
Apesar do preço de topo de linha, o recheio do Zenfone 4 continua de intermediário premium. Ainda que o desempenho e autonomia sejam muito bons, seu processador Snapdragon série 600, a câmera e a tela IPS o classificam como intermediário. Mas a Asus tem se esforçado bastante em trazer bons produtos e o Zenfone 4 cumpre o que promete, num acabamento refinado, chique.
Se vale a pena adquiri-lo, contudo, é algo que vai depender de outras variáveis. O ano de 2017 tem sido bem complicado para fãs de smartphones, como já comentei antes — os preços estão todos sendo puxados para cima e o processo de decisão de compra tem sido cada vez mais difícil. Minha sugestão é pesquisar bastante e fazer comparações. De resto, não tenha medo do desempenho do Zenfone 4 na rotina diária: ele decepcionará nem os heavy-users.