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Foi-se o tempo em que podíamos nos referir a smartphones chineses com o jocoso apelido de “xinglings”. — aparelhos de fundo de quintal, feitos de forma quase artesanal, com qualidade duvidosa, sem marca, sem suporte e com versões chinesas ou indianas do sistema operacional Android. E baratos. MUITO baratos.

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Na verdade, os “xinglings” continuam criculando com força, mas a injustiça do apelido é por referir-se a todo smartphone chinês como tal. No meio de marcas conhecidas dos brasileiros, como Xiaomi e Huawei, nomes como Oppo, Vivo e OnePlus ganham cada vez mais destaque entre os usuários. A junção de qualidade e preço se reflete nas vendas, e como o mercado chinês é gigante, não raro essas marcas surgem em rankings mundiais de marcas mais vendidas. A Apple vem sofrendo retração nas vendas chinesas, e até a asiática Samsung possui números mais modestos, quanto a Oppo reina na primeira posição. Oppo e Vivo (não confundir com nossa operadora de telefonia móvel) são marcas pertencentes à uma companhia de Guangzhou chamada BBK, que já está se expandido também pela Índia e países do sudeste asiático, para depois ganharem o mundo.

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Recentemente a OnePlus lançou no mercado mundial um aparelho com especificações de fazer inveja aos topos de linha das fabricantes mais conceituadas. Trata-se do OnePlus 5, que conta com tela AMOLED de 5,5 polegadas, processador octa-core Snapdragon 835, armazenamento de 64 ou 128 GB, RAM de 6 ou 8 GB, câmera traseira dupla a la iPhone e bateria de 3.300 mAh com tecnologia de carga super rápida. Usuários entusiasmados com o produto tem publicado muitas avaliações positivas na web e nas redes sociais, já que o dispositivo tem um hardware que confornta os topos de linha mais badalados da atualidade por um preço bem mais competitivo, a partir de U$ 479.

No Brasil, mais que características técnicas, o que pega na hora do usuário fazer sua escolha é preço. Isso não se restringe aos smartphones: vai desde vestuário e eletrodomésticos até automóveis. Não é de se admirar, visto que a renda média em nossa sociedade é bem baixa para nosso custo de vida, que ainda sofre com uma pesada carga tributária. Por isso os xingliings fazem tanto sucesso — a Anatel estima que há cerca de 12 milhões circulando pelo país, com cerca de 1 milhão de ativações por mês.

Numa decisão que beira a crueldade, a Anatel quer varrer do mapa os xinglings — denominados por ela de “piratas”. A justificativa é melhorar a qualidade das redes móveis e proteger o usuário, mas claro que ela está preocupada com os impostos não arrecadados, já que tais aparelhos são contrabandeados. A partir de setembro, celulares sem homologação, sem marca, sem suporte, e que não possuem IMEI válido, ou seja, sem registro no banco de dados GSMA (Associação Global de Operadoras Móveis) deixarão de funcionar no país.

Talvez esta seja a chance das grandes companhias chinesas finalmente ganharem uma bela fatia do nosso mercado. A Huawei tem presença no país já há alguns anos; a Xiaomi entrou no mercado brasileiros com uma estratégia de marketing bem agressiva, e, apesar do relativo sucesso de crítica, não sobreviveu à crise econômica e ao “custo Brasil”, fechando seu escritório em pouco tempo. E a novata Meizu parece animada com as perspectivas locais, já que tem feito sucessivos lançamentos.

Com tais mudanças a caminho, espero que seja criada ao menos uma contrapartida tributária para milhões de brasileiros não se tornem compulsoriamente uma legião de desconectados.

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