Hoje a Apple apresentou atualizações em vários de seus dispositivos — smartphones, relógio e Apple TV — no anfiteatro que fica no belíssimo novo campus da empresa e levou o nome do fundador. As novidades, no fim das contas, não foram grande surpresa, já que a maior parte havia vazado. Como é praxe no universo da maçã, tudo foi especulado e discutido à exaustão. Inclusive o preço do aparelho mais aguardado, o iPhone X (dez, nada de xis, por favor) que realmente custará a partir de 1000 dólares como se temia.
A apresentação começou pela terceira geração do Apple Watch, que manteve o formato e contou com melhorias pontuais. Porém, agora com uma versão que suportará rede celular. O público inicialmente parece não ter dado muita bola, mas trata-se de um upgrade importantíssimo. Ter sua própria rede de dados o tornará menos dependente do iPhone, concedendo uma autonomia muito aguardada por desenvolvedores da área de computação biomédica, garantindo monitoramentos mais precisos e instantâneos. Segundo a Apple, apesar de ter seu próprio SIM card, o número será o mesmo do iPhone. Não foi explicitado como isso se dará, mas presume-se que seja através de uma tecnologia de redirecionamento via rede móvel. Ou seja: se você trouxer um relógio desses de fora, ele não funcionará em nossas operadoras até que se façam ajustes na rede. Não creio que isso demorará, pois as operadoras devem estar eufóricas com a ideia de um Apple Watch consumindo dados — tendência que as concorrentes certamente deverão abraçar. Nova fonte de receita a caminho!
Depois do Watch, foi apresentado o Apple TV em 4K e, por fim, os aguardados iPhones. Fiquei bastante intrigada com o anúncio de duas novas linhas de smartphones simultaneamente: a família 8 (com versão normal e Plus) e o modelo comemorativo de 10 anos. O público acompanhou sonolento as novas especificações do iPhone 8 (que tem jeitão de 7 só que com traseira de vidro), sabendo que tudo aquilo (e muito mais) estaria no aguardado modelo “One More Thing”.
O 8 trouxe novo display, nova câmera e novo processador, o superveloz A11. Além de, finalmente, carregamento sem fio — cuja ausência gerava muitas críticas por já exisitir desde 2013 em Androids.
Para fechar o keynote, o aguardado iPhone X, que trouxe tudo aquilo que a imprensa especializada já havia anunciado: uma tela OLED quase sem bordas de 5,8 polegadas e resolução magnífica (2436 x 1125 pixels, 458 ppi), Face ID no lugar do Touch ID e uma esquisitíssima barra de sensores na parte superior, que as redes sociais compararam a um dente. Com efeito, essa barra tira um pouco do grande apelo que a nova tela traz e compromete o belo design do produto. Segundo o pessoal do Twitter, a barra lembra um pouco a do recente Essential Phone.
Durante a apresentação notou-se algumas gafes no desbloqueio do Touch ID e o corte de parte da tela do novo iPhone “dentuço”. Porém, só se saberá se essas features serão problemáticas ou não quando os primeiros aparelhos chegarem às mãos ávidas dos early-adopters.
Pessoalmente, o X não me empolgou nas especificações, a não ser pelo processador, que ao que tudo indica será um avião nos benchmarks. Curti menos ainda o design: de frente, lembra um Motorola Razr, e de costas, um iPhone 4.
O mundo da tecnologia virou um gigantesco Snapchat
Temos aqui uma situação estranha e inédita no mundo da Apple: nada menos que 6 produtos em linha! SE, 6s e 7 fazendo o papel de modelos de entrada; 8 e 8 Plus como intermediários; e um topo de linha, o X, que realmente inagura o padrão que a companhia seguirá daqui para frente.
A grande estrela do dia demandou vários minutos de exibição da mais nova, exclusiva e bizarra feature: os emojis animados, ou animojis. Tive a impressão que os apresentadores levaram mais tempo exibindo-se infinitamente como cachorro, ET, galinha, unicórnio, porco, cocô, entre outros, do que falando do iPhone 8 ou do Apple TV. Sim, há um cocô animado também.
No tradicional clipe final do evento, houve um constangedor momento onde o reservado Jonny Ive narrou as novidades travestindo-se de alguns animojis, inclusive o de cocô. As redes sociais foram inundadas por memes.
Os tecnotarados reclamaram muito, tanto da “falta de inovação” quanto da barra de sensores “dentuça”. Fãs de Android zoaram do anúncio do carregamento sem fio como se fosse uma grande novidade. Isso se refletirá nas vendas ou no prestígio da empresa? Absolutamente não! O rumo que a Apple vem tomando na linha mobile simplesmente segue o perfil que agrada a maior parte de seus consumidores. Há muito findou-se o tempo em que fãs da maçã eram os loucos por tecnologia. Hoje, havia até blogueiros de moda e celebridades cobrindo o evento nas redes sociais! O mundo da tecnologia se transformou em um gigantesco Snapchat, e se é isso que as pessoas querem em seus iPhones, é desse jeito que eles serão vendidos.
Devo trocar meu iPhone? Para qual?
Quem usa iOS deve estar se perguntando nesse momento se troca de aparelho, mantém o atual ou vende o rim logo de uma vez e parte para o iPhone X. Sinceramente, nenhuma novidade além do Watch com celular me agradou no evento de hoje. Mas há sim algo que tem me animado bastante entre as iniciativas recentes da Apple — o iOS 11, como tenho repetido bastante aqui no blog. Fãs de carteirinha, artistas, fashionistas e ostentadores em geral certamente gastarão pelo menos 1000 dólares para ter o último grito da moda do mundo mobile. Se você é do time dos pragmáticos, como eu, assegure-se apenas que seu dispositivo atual rode bem o iOS 11 e seja feliz.
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