Os serviços de transporte particular individual continuam numa cruzada para permanecer no mercado. Já enfrentaram ofensivas de entidades de taxistas e até de políticos, que tentaram proibir seu funcionamento. Diante da repercussão negativa da opinião pública, que aprova maciçamente os aplicativos, e diante da própria abertura desses aplicativos em discutir uma regulamentação, os interessados em seu banimento partiram para uma nova estratégia: sufocar os serviços com um grande número de normas a ponto de torná-los inviáveis, fazendo com que espontaneamente fechem as portas.
A importância desses serviços vai além dos já proclamados benefícios econômicos diretos — por exemplo, como uma alternativa de trabalho em cenário de crise. Pessoas que não usavam táxi por causa do alto custo passam a ter uma opção mais econômica que os permita deixar o carro em casa ou desafogar o transporte público. Donas de casa e estudantes com veículos ociosos passam a ter uma fonte de renda — universitários que largaram o curso por questões financeiras voltaram aos estudos. E até mesmo os taxistas, aqueles que seriam os mais prejudicados pela novidade, passaram a se reinventar, melhorando a qualidade do seu serviço. E o mais importante de tudo: eles estão tendo a oportunidade de questionar e mudar o ambiente mafioso e exploratório que regula a atividade, embora muitos ainda não enxerguem isso.
Sou uma usuária contumaz desses serviços, a ponto de deixar de usar o automóvel de forma individual. Nas minhas andanças pela cidade, vejo o quanto esses serviços geram impacto em uma série de outros. Percebo nas portas de hospitais públicos pessoas constantemente desembarcando desses veículos. Muitos idosos, com dificuldade de locomoção. Em uma clínica onde faço fototerapia conversei com diversos usuários, que não fariam tratamento médico se não existissem os aplicativos de transporte. Sem fazer fisioterapia, por não terem condições físicas de pegar ônibus, ou financeiras de pegar táxi, estariam condenadas à imobilidade em uma cama ou cadeira de rodas. Além da área da saúde, o mesmo impacto deve acontecer nos demais serviços em geral e no comércio.
Ou seja: Mesmo que você não use esses aplicativos, eles acabam impactando indiretamente em sua vida.
Assim, Uber, 99 e Cabify se uniram pedindo que os usuários participem de uma petição virtual contra o PL 28/2017, de autoria do deputado Carlos Zarattini (PT-SP), que exige que os carros do Uber passem a usar emplacamento vermelho como os táxis e condiciona a atuação dos apps à autorização dos municípios. A pressão tem surtido efeito e uma primeira vitória foi obtida ontem: o Senado afrouxou as exigências através de um substitutivo apresentado por Pedro Chaves (PSC-MS). O presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), senador Otto Alencar (PSD-BA), concedeu vista coletiva para que os senadores possam analisar o novo formato. É possível que haja pedido de urgência para que o projeto siga direto para o Plenário do Senado após aprovação pela CCT, que deve ocorrer na próxima semana. Caso contrário, ele passará por outras quatro comissões permanentes.
Vamos aguardar o desenrolar dos acontecimentos. Pessoalmente, sou a favor dos aplicativos a acredito que eles beneficiarão até os taxistas a médio prazo, acabando com a máfia que os transforma em prisioneiros de determinados grupos.
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