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Reflexões sobre Android Go, apps-entulho e smartphones baratos
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Não é de hoje que o mundo dos smartphones está polarizado entre iPhone e Android. A cada grande lançamento espera-se inovações que adicionem novas maneiras de interagir com o mundo. Mas a baixa concorrência de sistemas operacionais os tornou cada vez mais semelhantes entre si. Apple e Samsung correm lado a lado, buscando a atenção dos consumidores para seus topos de linha, que puxam o mercado e fazem a roda da economia girar.


Contudo, o universo mobile é majoritariamente dominado pelos modelos baratos. Não que o público não se impressione com superprocessadores ou telas sem bordas, mas na vida real as pessoas precisam de aparelhos que se encaixem em seus orçamentos e cumpram as tarefas desejadas. Dispositivo móvel hoje é commodity: não dá mais para trabalhar, estudar ou simplesmente se comunicar sem ele. O mundo mudou e as pessoas acompanharam as mudanças criando novos hábitos.

O sistema operacional Android, do Google, está presente na maioria dos aparelhos ativos em todo o mundo. Isso significa que aparelhos de 1000 dólares e de 100 dólares rodam o mesmo sistema operacional. Salvo uma ou outra customização feita pela fabricante, o sistema e seus aplicativos consomem basicamente a mesma quantidade de recursos independente do modelo, com diferentes resultados, claro.

Os modelos mais simples sofrem mais com cada nova atualização de aplicativos. Os softwares estão cada vez mais pesados e isso faz parte da própria natureza evolutiva da tecnologia, já que os usuários sempre exigem novas funcionalidades.

Já que não vemos espaço para concorrentes do iOS e do Android brotarem, acredito que o Android Go é uma das melhores novidades nesses tempos em que todos os smartphones parecem iguais. Em vez de focar apenas em novas experiências, procurar melhorar o que já se tem parece uma estratégia acertada em um mercado tão competitivo e com uma margem de lucro tão exígua. Até agora, o que as fabricantes tem feito para melhorar o uso de hardwares mais modestos é embutir gambiarras como apps limpadores de memória e otimizadores de desempenho.

O Android Go desponta como uma solução mais original, que vai na raiz do problema: desempenho adequado em ambientes com escassez de recursos. Trata-se de uma versão mais “light” do Android que todos conhecem. É outro sistema operacional, mas com a mesma cara e funcionando do mesmo jeito, só que de forma mais espartana, focando no que interessa para um público que busca apenas o essencial.

Além do sistema operacional, o próprio Google já vinha apostando em versões light de seus serviços mais consagrados, como o YouTube — um notório gastador de dados e recursos de processamento. O YouTube Go, que já citei aqui no blog, pode ser instalado em qualquer aparelho Android e tem agradado a muita gente. A empresa também criou um “otimizador de recursos” excelente, o Files Go, que já recomendei aqui também e considero indispensável para quem tem aparelhos mais simples.

A Asus é uma empresa que aposta no Android Go e está lançando um aparelho, o Live L1, com a versão modificada do Oreo (8.0). O dispositivo tem versões com 1 ou 2GB de RAM. Veja aqui como funciona esse “Oreo Go”, que promete rodar até em aparelhos com menos de 1GB de RAM! Soa com uma excelente aposta para mercados emergentes como o nosso.

Desperdício de recursos: apps-entulho e serviços em duplicidade

Aproveitando o tema, gostaria de encerrar com um puxão de orelha em algumas empresas que insistem em encher seus aparelhos de aplicativos-entulho. A Asus é uma que fez uma limpa geral — eles tinham até uma desconhecida rede social própria para fotos — mas ainda há coisas desnecessárias e que pesam demais nos modelos baratos. A maioria das asiáticas tem essa postura. Entendo que uma parcela grande goste de customizações diferenciadas, mas isso não justifica que os aparelhos venham de fábrica com soluções em duplicidade ou aplicativos que ninguém vai usar.

A bronca também vai para a Samsung: por que embarcar 2 tipos diferentes de navgador, por exemplo? Se o Internet Browser se mostra uma solução mais leve e versátil (é meu navegador favorito), qual o sentido de embarcar o Chrome junto? E para que tantos tocadores de música no mesmo dispositivo? Vale lembrar que os aplicativos indesejados podem ser desativados, mas não efetivamente desinstalados. Eles apenas somem da vista do usuário, mas continuam na memória de armazenamento. As fabricantes e o Google poderiam conversar e flexibilizar algumas iniciativas. Fica a reflexão.

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