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Mulheres empreendedoras

Empreendedorismo feminino: desafios e mudanças

Empreendedorismo feminino: mulher empreendedora
No dia a dia, é muito comum que mulheres sejam tratadas de forma diferente, seja por clientes, parceiros ou até pelo próprio time. (Foto: Freepik.)

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Comecei a empreender bem cedo. Na época tinha 20 anos e estava estudando Economia na UFRJ, no Rio. A ideia veio de uma passagem minha pela Argentina, onde morei por três anos. Lá usava cupons para economizar no dia-a-dia. Ao voltar, percebi que eles não eram comuns aqui, e trouxe para meus sócios a ideia fazê-los já no formato digital.

Criamos um site muito simples, na verdade um blog de cupons, para testar a aceitação do público e modificar o que fosse necessário de acordo com os feedbacks.

No início, a Cuponeria era uma empresa de cupons de lojas físicas locais. Eu e meus sócios conciliamos a vida empreendedora com o final da faculdade. Depois, fomos ampliando a atuação da empresa e desenvolvemos os clubes de benefícios, cashback e marketplaces para grandes empresas que buscam fidelizar seus clientes.

Como no início da Cuponeria, eu já estava inserida em ambientes predominantemente masculinos: além de estudar Economia, tinha feito estágio na área de energia, frequentava eventos nos quais só tinham homens etc. E eu era a única empreendedora. Essa não parecia ser uma preocupação para ninguém, apenas algo normalizado. Com o tempo, foram surgindo iniciativas e programas desenvolvidos por diferentes instituições e empresas, com incentivos ao empreendedorismo feminino. Eles têm feito muita diferença para mudar o cenário, que ainda continua bastante desigual.

A gente costuma falar muito de números, mas a diferença não está só neles. No dia a dia, é muito comum que mulheres sejam tratadas de forma diferente, seja por clientes, parceiros ou até pelo próprio time. É comum que uma mulher em posição de liderança seja vista como "mandona", por exemplo, e isso se dá apenas devido a seu cargo gerencial. No mercado também é comum que mulheres tenham mais dificuldade no acesso a investimentos, e essas preocupações são reais. Digo isso como mulher branca e privilegiada, mas sei que as desigualdades ficam ainda maiores de acordo com cor da pele e classe social.

Embora a participação feminina no ecossistema de inovação esteja aumentando, ainda há uma disparidade significativa. As mulheres são frequentemente sub-representadas em posições de liderança, como CEOs, fundadoras de empresas e investidoras, assim como em engenharia, programação e ciência de dados. Sei que essas mudanças são graduais e para que haja um equilíbrio de fato ainda há um longo caminho pela frente, mas só o fato de ser uma preocupação já é um grande passo em relação a alguns anos atrás.

Para as mulheres que desejam empreender, recomendo muito que busquem cursos e eventos específicos de instituições que se preocupem com a presença feminina no ecossistema. Há cada vez mais opções - e isso é ótimo. Com cada vez mais exemplos, conseguimos caminhar para um mundo mais igualitário.

*Por Nara Iachan, fundadora e CMO da Cuponeria

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