Ouça este conteúdo
Após a sanção do projeto de Lei nº 3.855, de 2020, que institui, em âmbito nacional, o Agosto Lilás como mês de proteção à mulher, destinado à conscientização para o fim da violência contra a mulher, se apresentam crescentes as exigências para empresas se adequarem cada vez mais às questões do cuidado com a mulher no ambiente de trabalho.
Com a obrigatoriedade de treinamentos sobre assédio e definição de cotas para contratação de mulheres vítimas de violência doméstica, o tema da identificação e prevenção aos casos encontra-se em um lugar de urgência. Porém, encontrar o equilíbrio entre o profissional e questões consideradas pessoais não é uma tarefa fácil, é preciso muito preparo e um olhar para todos os envolvidos.
Especialistas precisam ter conhecimento de campo sobre o ciclo de violência e experiência no manejo com mulheres nessa situação, e também precisam conhecer o espaço e os limites do papel corporativo, assim como as possibilidades de articulações de políticas privadas que sejam efetivas.
O prejuízo de não olhar para esta causa impacta, inclusive, financeiramente as empresas, quando falamos em turnover. Geralmente, mulheres em situação de violência não permanecem nas vagas, sejam elas operacionais ou de liderança. Há também a possibilidade das vítimas não buscarem crescimento profissional. Desta forma, a empresa acaba perdendo um talento que não evolui dentro da organização.
É positivo para o ambiente de trabalho que as empresas demonstrem que o local é seguro para todas as mulheres, mas também demonstrar para a mulher que se identifica em situação de violência, e está fora do mercado de trabalho, se sinta mais segura para trabalhar em empresas que valorizam esta pauta.
Além do mais, este é um tópico que pode ser exigência para a contratação das mulheres. Hoje, empresas que prestam serviços para órgãos públicos federais já têm uma cota de 8% na contratação de mulheres vítimas de violência. A tendência é que isso seja estendido para outros setores da economia, assim como foi com a pauta do assédio moral, em que as empresas tiveram pouco tempo para se antecipar.
Agosto é um mês alusivo à causa do enfrentamento à violência contra mulheres, e uma excelente oportunidade para engajar no apoio à causa, promovendo ações dentro e fora das empresas. Especialistas como a consultoria Grupo Batom realizam palestras, ações e preparam líderes para atuação nesse contexto, com experiência empírica, no ambiente corporativo, e atuação com políticas públicas, criou também o Selo Batom para empresas que desejam se aprofundar na prevenção e combate à violência contra mulheres e meninas como multiplicadoras dessa causa.
*Larissa Hack é CEO da Consultoria Grupo Batom e Presidente da ONG Instituto Batom que atuam na prevenção e combate a violências contra mulheres.