Desde o boom das startups, que podemos dizer que começou no início dos anos 2000, um termo começou a entrar cada vez mais na conversa do mundo empresarial: disrupção.
É verdade que a palavra em si e os termos associados a ela já existiam muito antes dessa época. Em 1995, Clayton Christensen, um dos mais respeitados autores de negócio de todos os tempos, cunhou o termo Inovação Disruptiva. O termo ficou ainda mais conhecido a partir de 1997, quando Christensen lançou sua obra mais famosa: O Dilema da Inovação.
Com o passar do tempo, o termo disrupção começou a ser cada vez mais analisado e utilizado por empreendedores e estrategistas de negócios. Ser um negócio disruptivo tornou-se sinônimo de ser um negócio revolucionário e fora da curva.
Existe, contudo, uma grande armadilha nessa história toda: a busca pela disrupção pode matar o seu negócio.
Um conceito comum de inovação disruptiva (diferente do conceito original de Christensen) diz que esse tipo de inovação acontece quando um negócio é capaz de criar um novo mercado. Isso foi o que aconteceu com Netflix, Uber e Airbnb, por exemplo.
Empresas como essas são grandes cases de inovação, de fato. Criaram modelos de negócio novos utilizando tecnologias existentes para gerar grande valor para o usuário final. Mesmo assim, buscar disrupções como essas para o seu negócio pode acabar trazendo mais malefícios do que benefícios.
Isso ocorre por que a disrupção não é um fenômeno simples. Ela é uma das formas mais radicais de inovação. É o tipo de inovação que transforma mercado inteiros e que, por isso, transforma negócios por completo.
Perceba que isso se torna uma armadilha a partir do momento em que um gestor ou empreendedor, se deparando com negócios como Netflix, Uber e Airbnb e suas histórias de disrupção, acha que precisa de uma disrupção em seu negócio. Ele começa a achar que tudo o que tem feito está errado (apesar de estar conseguindo manter o seu negócio de pé) e que precisa dar um giro total em seu negócio.
Esse mesmo gestor ou empreendedor começa então a pensar em iniciativas super diferentes e arriscadas, buscando a tal da disrupção. O resultado final pode ser desastroso: por buscar querer fazer algo super disruptivo em seu negócio, o gestor pode acabar por trocar o que estava dando certo por iniciativas arriscadas.
É um perigo pensar em inovação e disrupção como sinônimos. Podemos dizer que a disrupção é uma forma extrema de inovação e, por isso, não é para todos os negócios. É ideal que o seu negócio jamais precise de uma disrupção. Não por que ele não vai precisar ser inovador. Todos precisamos.
Contudo, é muito mais vantajoso e menos arriscado para o seu negócio ter centenas de inovações incrementais ao longo dos anos, ao invés de buscar grandes saltos revolucionários de tempos em tempos.
É bem provável que a busca pela disrupção mate mais negócios do que crie novos mercados. Novos mercados não surgem todos os dias.
Muito mais saudável do que buscar a disrupção é buscar pequenas inovações contínuas ao longo do tempo. Dessa forma, seu negócio jamais chegará ao ponto de precisar de uma disrupção.
*Tiago Amaral é Head of Growth do AAA Inovação e mentor dos cursos Curso de Tendências: Construindo o Futuro Observando o Presente e Os 3 Dilemas da Inovação. Suas aulas e conteúdos já foram consumidos por profissionais de empresas como XP Investimentos, Bayer, PwC, Carrefour e iFood.
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