A tecnologia avança rapidamente nos mais diversos segmentos, proporcionando não apenas uma transformação digital, mas também cultural. Independente de qual seja a área, o profissional precisa acompanhar as constantes mudanças tecnológicas e se atualizar para se manter em sintonia com o mercado e clientes.
Na área do Direito, as soluções tecnológicas são cada vez mais frequentes nos escritórios de advocacia e departamentos jurídicos de empresas. Além de ferramentas como, por exemplo, os softwares jurídicos, o profissional precisa acompanhar e dominar os atuais conceitos tecnológicos e de gestão. Eles impactam na comunicação, no atendimento, nas relações sociais, nos negócios, nos processos de trabalho, no meio ambiente e na economia.
Importante lembrar que a tecnologia não substitui o trabalho humano na advocacia, mas pode ser uma ferramenta valiosa para aprimorar o trabalho dos advogados e tornar a justiça mais acessível e eficiente.
Nas minhas pesquisas diárias das movimentações no mercado jurídico, acompanhamento nas mudanças tecnológicas e cenário apresentando por clientes, venho apontar algumas tendências para o atual panorama da advocacia. Dividi estas tendências em cinco categorias. Neste primeiro artigo, trago duas delas: Cliente é prioridade e Mais digital. Confira dentro destes dois campos o que estará em alta neste ano no setor de Advocacia e Tecnologia:
Cliente é prioridade
Busca por personalização
Foi-se a época em que o atendimento era padronizado. Clientes têm expectativas cada vez mais altas, pouco tempo e muitas ofertas de produtos e serviços no mercado. Falar com bots, por exemplo, para resolver problemas e tirar dúvidas simples é muito bem-vindo, mas quando se trata de questões mais complexas e direcionadas, o agente humano é a preferência.
O estudo global CX Trends, apresentado pela Zendesk, revela que os consumidores esperam ter cada vez mais experiências imersivas. De acordo com o relatório, focado em tendências de Customer Experience (CX, ou Experiência do Cliente), 61% dos consumidores esperam ter experiências cada vez mais naturais e fluidas, o que inclui o atendimento pós-venda.
Legal Design
Com uma abordagem que combina o Design Thinking e a tecnologia, a proposta é facilitar a comunicação. No Direito, esta prática é chamada de Legal Design, que consiste na utilização de elementos visuais como gráficos, ícones, imagens, cores diferenciadas, e outros recursos na concepção e elaboração de documentos. Um complemento valioso são as plataformas de geração de documentos, em que modelos ficam centralizados, seguros, colaborativos e facilmente acessíveis. Personalização e padronização é resultado.
A era do User Experience (UX)
O conceito de User Experience (UX) foca em práticas e estratégias para melhorar a experiência dos usuários em plataformas digitais. A implementação e utilização de softwares jurídicos é um exemplo disso. Eles permitem que documentos sejam criados adotando práticas de Legal Design, bem como que dashboards e relatórios possam ser cada vez mais completos, interativos e visuais. Além disso, possibilitam, também, a implementação de um portal para acesso exclusivo aos clientes do escritório, proporcionando personalização e um canal de comunicação eficiente.
Mais digital
Community commerce
Nada melhor para um profissional do Direito ou para um escritório de advocacia do que ter seu trabalho reconhecido e repercutido de forma espontânea. É esse o conceito de community commerce, quando o próprio público viraliza um produto ou serviço de forma orgânica e autêntica no meio digital.
Criptomoedas e blockchain
Não há como negar que o blockchain e as criptomoedas serão comuns daqui a um tempo em nossas vidas. Marcelo Sampaio, CEO da Hashdex, afirmou que "em 10 anos, todos os ativos serão digitais". Assim sendo, é primordial que os escritórios de advocacia estejam antenados sobre esse assunto e preparados para se adaptar a esta nova realidade.
Cibersegurança e LGPD
O direito digital está se tornando cada vez mais importante, questões como segurança de dados e privacidade online são temas urgentes. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é uma legislação brasileira que entrou em vigor em 2020. Ela estabelece as regras sobre coleta, armazenamento, tratamento e compartilhamento de dados pessoais, visando proteger a privacidade e a liberdade dos titulares dos dados.
A lei se aplica a todas as empresas e instituições que processam dados pessoais, independentemente de sua área de atuação. A LGPD prevê penalidades rigorosas para o não cumprimento das suas disposições, incluindo multas de até 2% do faturamento da empresa. A lei também cria a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), responsável por fiscalizar e regulamentar o cumprimento da lei. Advogados devem estar familiarizados com a LGPD para auxiliar seus clientes na adequação à lei e prevenção de possíveis sanções.
Em breve, será publicada a parte 2 deste artigo, que traz mais tendências para a advocacia moderna, com foco em três categorias: Talentos e Sustentabilidade; Gestão e Processos; e Marketing.
*Andréia Andreatta é diretora de Marketing e Sucesso do Cliente da Preâmbulo Tech.