A cobertura jornalística sobre o “Charlottesville rally” tem se mostrado não só enviesada como pobre em informações. Não bastou colocar a culpa na “extrema direita pró-Trump”, como se o próprio presidente americano fosse co-responsável pelo ocorrido, também suprimiram das notícias a violência praticada pelos grupos Antifa e Black Lives Matter, erraram ao qualificar a alt-right como um grupo supremacista branco, hipervalorizaram a ameaça que os neonazistas de fato representam para a América (vez que eles não têm integrantes suficientes para isso), e deram informações erradas sobre a KKK. Pois bem, na coluna passada busquei desfazer parte dos enganos. Agora passemos à KKK, Ku Klux Klan, o mais complicado e obscuro dos pontos.
A história da KKK não é clara e farta em registros, até porque o seu funcionamento é típico de seita, de sociedade secreta. Há muitos segredos e o que conhecemos é a periferia dos acontecimentos. Além disso, a KKK é um movimento descentralizado, que surgiu e depois desapareceu mais de uma vez ao longo da história. O que sabemos é que a KKK surgiu após o fim da Guerra Civil americana, como um grupo inconformado com a derrota dos confederados escravistas, visto que a vitória dos yankees abolicionistas pôs fim à escravidão. Negros nunca foram bem vistos pela KKK, e esse é o traço constante do movimento. Já a rejeição a judeus, comunistas, católicos, imigrantes variou conforme a época, e conforme o núcleo. Outra coisa que sabemos é que os membros da KKK original tinham ligações com o partido democrata – até porque o partido republicano foi criado sob medida para o abolicionista Abraham Lincoln. Aliás, os estados do sul, nessa época, eram redutos democratas. A história do partido democrata e como ele foi adquirindo o perfil que tem hoje é uma crônica à parte. A questão a tratar nesse momento é o fato de que, ao que parece, o Klan nunca deixou de ser um movimento ligado ao partido democrata. “Mas como isso é possível?”, certamente alguém perguntará. Ideologicamente eu não sei como fizeram isso funcionar em tempos recentes. Mas a verdade é que coerência é perfumaria para esse pessoal – tanto para os odiosos da KKK, quanto para os cínicos democratas. É verdade que David Duke, ex-líder da KKK, declarou seu apoio a Trump na época da campanha. Mas ele foi o único, e mais: há suspeitas de que o tenha feito justamente para queimar o candidato republicano. Em compensação, Will Quigg, líder da KKK na Califórnia – que alega que o grupo não pratica mais crimes de ódio, o que soa um tanto quanto inverossímil – declarou que o Klan apoiava Hillary Clinton e que nunca deixou de ser democrata. Fiquemos agora com o videocast de Flávio Morgenstern, que dá mais informações sobre as relações da KKK com os democratas.
A periculosidade dos monumentos de confederados
Sabemos que a divergência quanto à manutenção da escravidão foi uma das causas da Guerra Civil Americana. O norte venceu, felizmente os escravos foram libertos, mas centenas de milhares de pessoas morreram, e o sul saiu humilhado do confronto. No intuito de reconciliação, o então presidente Abraham Lincoln permitiu que se erguessem monumentos para homenagear os bravos combatentes do lado perdedor. Estátuas foram forjadas, memoriais construídos, e a história foi preservada. Acontece que o racismo no sul dos EUA tornou-se um problema grave, especialmente na década de 50 do século XX. Hoje a situação já é bem diferente; porém, só cresceu o ódio dos negros aos brancos, como uma espécie de resposta anacrônica – incentivada, é claro, pelo discurso vitimista de esquerda, que acabou por envolver boa parcela da comunidade afroamericana. Acrescente à equação um bilionário do cacife de George Soros patrocinando o movimento Black Lives Matter (um “Panteras Negras” requentado), e notamos que muita gasolina tem sido jogada para reascender os conflitos raciais nos EUA. É nesse contexto que está inserido o “Charlottesville rally” e a implicância da esquerda americana com os monumentos dos confederados. Desde que Donald Trump ganhou as eleições, os ânimos da esquerda ficaram exaltados e a propaganda anti-Trump não deixa os noticiários. A coisa chega ao ponto de mais de 70% dos democratas acreditarem que o presidente é racista, ainda que ele não tenha feito nada que atestasse isso, e que ele é uma ameaça humanitária, ainda que ele não tenha perseguido nenhuma das minorias! Precisam mentir dizendo que, com Trump, KKK e neonazistas ganharam fôlego e representam uma ameaça ao país. Sejamos lógicos: se há tempo para se preocupar com a retirada de estátuas, é porque a memória de um passado escravista, racista, representa uma ameaça maior que o atual contingente de “supremacistas brancos” a combater. Vejamos o comentário de Benny Johnson, que acertadamente observa que, se os americanos puderem derrubar qualquer monumento que retrate um personagem da história controverso, ou que simbolize algo com quem nem todos concordam, não sobrarão monumentos no país. (texto em inglês)
Racismo é abominável, então não vamos encorajá-lo
É incontestável (ao menos deveria ser) que nenhum ser humano deve ser julgado por conta da quantidade de melanina na pele. Disso decorre que não há discriminação racial que seja tolerável. Guilherme de Carvalho faz uma reflexão quanto à postura que alguns negros adotam e quanto aos posicionamentos que sustentam como se ainda fossem reféns do passado. E, no vídeo abaixo, Larry Elder discute a questão do “racismo sistêmico”.(vídeo em inglês)
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