Os otimistas (ou ingênuos) que apostaram no governo de Michel Temer – o vice de Dilma – como uma tábua de salvação depois do naufrágio econômico do Brasil, provocado sobretudo pelos governos petistas, já não devem estar tão entusiasmados. Dilma, que de inocente não tinha nem o mindinho do pé, foi sacrificada por seus antigos aliados, tão imaculados quanto ela, em expiação da corrupção no país. Mas os demais atores do jogo sujo da política continuaram na ativa e são os mesmos que ofereceram a cabeça de Dilma. Justiça seja feita, o novo governo acertou muito mais que seu predecessor (convenhamos que nem era tão difícil) dando início às reformas, mas logo perdeu o rumo. Além da fraqueza de propósitos do presidente (bem a cara do PMDB), que mediante qualquer confrontação já ia fazendo concessões, o principal motivo para que as mudanças não tenham sido mais significativas foi que quase toda a nova gestão está envolvida em algum esquema corrupto, e por isso negociaram todo tipo de apoio. O Brasil, por inúmeros motivos, clama pelo enxugamento da máquina pública e por menos impostos. Só que todas essas articulações do governo Temer para se manter no poder resultarão em aumento da carga tributária. Ou seja: continuamos indo para o buraco, sem a tal “ponte para o futuro” que nos tiraria da crise generalizada. Ruth de Aquino acertadamente comenta o peso do fracasso do governo Temer sobre o povo brasileiro – que não apenas será novamente espoliado para arrumar a lambança de seus governantes, mas que também se vê novamente entregue aos desmandos de criminosos que só pensam em salvar a própria pele.
Impostos: o pote de ouro no fim do arco-íris para todo governante
Aumentar impostos deveria ser uma opção banida do reino das possibilidades para governantes brasileiros. Mas parece que essa é a solução que eles mais adoram na hora de dar um jeito nas contas públicas – que eles mesmos deixaram que saíssem do controle. Para nós, meros mortais, dinheiro não cresce em árvore, e nós sabemos que precisamos trabalhar para prover nosso sustento, que precisamos economizar quando estamos endividados. Já para um governante, os recursos são ilimitados: em última análise, são os outros que são obrigados a pagar as contas deles. E a sacanagem com o contribuinte virou regra. Não só gastam mal, como anualmente escoam bilhões pelo ralo com corrupção. É mais do que um problema de descontrole financeiro, é um problema moral arraigado na avareza e na inveja. Esse tipo de pessoa tende a desprezar e culpabilizar aqueles que se tornaram ricos por seus próprios méritos, por serem produtivos. Some a malícia, o poder e a inveja e eis o novo projeto de aumentar impostos sobre os mais ricos. Artigo recente do Mises Brasil explica por que uma medida dessas afeta negativamente toda a sociedade, e não só a parcela mais rica.
BNDES: cenas dos próximos capítulos
Ao que tudo indica, os desvios e falcatruas operadas na Petrobras são brincadeira de criança perto do que aconteceu no BNDES. Durante os governos petistas, R$ 1 trilhão foi distribuído pelo banco, isso é mais da metade do PIB brasileiro! A certeza que temos é que toda essa verba saiu do bolso do contribuinte. Mas que benefícios o Brasil extraiu disso? Quem foram os favorecidos lícita e ilicitamente? A Lava Jato foi capaz de impactar tão profundamente o cenário político brasileiro graças à competência dos membros da força tarefa. Esperamos que com o BNDES não seja diferente. Felippe Hermes listou oito fatos escandalosos sobre esse banco de atividades suspeitas.
No alto escalão
Esses redutos de desvio de verbas, como a Petrobras e o BNDES, são o coração da corrupção brasileira. Mas não precisamos ir muito longe para nos envergonharmos com a gestão do dinheiro público. Bem diante dos nossos olhos, em qualquer Câmara, Sede do governo ou Tribunal perto de você, estão aqueles servidores públicos cheios de regalias financiadas por nós – tipo auxílio moradia, carro oficial, e pensão para filhas solteiras maiores. Ao contrário do que muitos pensam, cortar esse tipo de gasto não saneia o déficit público. Nem chega perto disso. Mas, novamente, o problema aqui é moral, e não financeiro. Percival Puggina analisa essa cultura de ostentação da nova casta de intocáveis que são os burocratas de alto escalão.
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