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Fonte: Guido Rooks/Free Images| Foto:

As evidências da falência completa e retumbante da educação brasileira são abundantes: o Brasil sempre fica entre as últimas colocações do ranking do PISA, os índices de evasão no ensino médio têm crescido assombrosamente, não há uma universidade brasileira listada entre as 100 melhores do mundo, apenas 22% das pessoas que já terminaram ou estão cursando a graduação são proficientes em leitura, a produtividade do trabalhador brasileiro é baixa (em média quatro vezes menor que a de um americano), o QI da população está diminuindo. Ainda assim, há aqueles que insistem que não há nada de fundamentalmente errado com os métodos pedagógicos adotados pelas escolas, nem com a formação dada pelas universidades (particularmente nos cursos de licenciatura e pedagogia) – insistem que o cerne do problema está na falta de verbas para educação, seja para apetrechar instituições de ensino, seja para pagar um salário melhor aos professores. Ora, de que vale uma biblioteca recheada de bons livros se ninguém irá lê-los, ou uma sala de aula confortável para se passar horas a fio escutando coisas inúteis ou desinteressantes? Desde quando um salário melhor infunde num professor conhecimentos que ele não tem ou uma técnica pedagógica que ele não domina? Para refletir sobre os equívocos do nosso sistema escolar, João Batista Oliveira recomenda a leitura de “Quando ninguém educa”, de Ronai Rocha, que desafia o senso comum dos educadores brasileiros.

Especializações precoces
Ciente de que algo vai mal no sistema de ensino brasileiro (admitir isso já foi um grande avanço desse governo em relação ao anterior, que adotou o enganador e presunçoso slogan “pátria educadora”), o ministro da Educação Mendonça Filho capitaneou a última reforma do ensino médio. A iniciativa é louvável, mas o modelo adotado ainda é problemático, pois limita as possibilidades de desenvolvimento do aluno em áreas distintas para as quais demonstre ter interesse e aptidão, e que mais adiante poderiam ser conjugadas em sua atividade profissional. Quem explica melhor essa questão é Heloisa Palt.

Para sair do caminho do emburrecimento
A reversão do quadro catastrófico da educação brasileira não tem se mostrado tarefa fácil. A razão é bastante evidente: ninguém dá o que não tem. Até os educadores estão um pouco perdidos, porque eles, via de regra, também receberam uma formação deficitária tanto na escola como na universidade (que está em processo de vertiginosa decadência há cerca de 40 anos), uma formação, ainda por cima, limitada pela viseira da ideologia; nessa toada, eles não pesquisam técnicas pedagógicas distintas do arroz com feijão construtivista, não conhecem dados que apontam a eficácia dos métodos, e não raro possuem uma bagagem cultural inexpressiva. Isso para não falar no fato de que a classe parece não se enxergar como protagonista, mas sim como vítima do sistema de ensino, nunca assumindo a responsabilidade pela própria formação, mesmo que de modo autodidata. Ora, se os professores têm uma formação deficiente, o que esperar dos seus alunos? E assim o ensino vai, geração após geração, cada vez mais para o buraco. De fato, o único modo de sairmos do caminho do emburrecimento é rumarmos para a autoeducação. Isso vale sobretudo para os adultos, mas também deve ser incentivado desde cedo em crianças. Kerry McDonald cita estudo que afirma que “que todas as crianças adoram aprender e avidamente exploram o mundo ao seu redor com grande entusiasmo e dedicação. Mas tudo isso acaba quando entram na escola”. Segundo o autor, “queremos acreditar que estamos enviando nossas crianças para a escola para que elas aprendam a pensar. Mas o que realmente estamos fazendo é ensinando-as a pensar de maneira errada”.

Ideologização do ensino
A ideologização do ensino custa-nos muito mais que a formação de uma base de militância que sempre favorecerá a vitória política da esquerda; custa-nos mais que o predomínio da esquerda no campo cultural; o maior prejuízo está no emburrecimento progressivo da nação. Vejamos o comentário de Percival Puggina, que escreveu artigo para o livro “Desconstruindo Paulo Freire”, recentemente publicado.

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