A afinação perfeita da responsabilidade social na música clássica

Com a finalidade de resgatar jovens em circunstâncias de extrema pobreza e do abuso de drogas e do crime na Venezuela foi criada a Fundação Musical Simon Bolívar, conhecida por todos como O Sistema. O Sistema é um projeto público de educação musical, fundado em 1975, pelo economista e maestro José Antonio Abreu. A fundação assiste atualmente 125 orquestras juvenis e programas de educação musical e 30 orquestras profissionais.

As crianças podem ingressar aos 2 anos de idade, com instrumentos emprestados pela própria fundação. Elas têm 4 horas de aulas por dia, de segunda a sábado. Para incentivá-las na educação, precisam frequentar a escola e apresentar boas notas, além de praticar tudo o que aprendem em casa. O projeto transformou a Venezuela em uma das maiores escolas de música do mundo. Hoje é copiada por países com mais tradição na formação de músicos como Estados Unidos, Reino Unido e Escócia. E até o Brasil tem unidades atendidas pelo programa.

Simon Rattle, maestro de uma das mais importantes orquestras de todos os tempos, a Orquestra Filarmônica de Berlim, afirma que O Sistema “é o maior acontecimento da música clássica no mundo inteiro”. Outros nomes consagrados também apoiam o projeto como Claudio Abbado e Daniel Barenboim.

Gustavo Dudamel, fruto do projeto, é hoje um dos mais renomados maestros da atualidade, e já conduziu as principais orquestras do mundo. Dudamel iniciou seus estudos de violino aos dez anos de idade, e de regência aos 14. Hoje, aos 31 anos, ele é diretor da Filarmônica de Los Angeles e um dos regentes da Sinfônica de Gothenburg, e ainda conduz a Orquestra Juvenil Simon Bolívar, principal orquestra do projeto. Sua trajetória serve de inspiração e exemplo para os 250 mil jovens que passam anualmente pelo programa, 90% deles vindo das comunidades mais pobres da Venezuela.

Artigo escrito por Heber Augusto Costa, colaborador do Núcleo de Administração do Instituto GRPCOM.

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