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A nova educação

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Mais do que um novo normal nas escolas, precisamos de uma nova educação. A Educação é a via mais potente para o desenvolvimento social, econômico e ambiental. Se observarmos as metas e indicadores do ODS 4 – Educação de Qualidade, a equação parece relativamente simples de resolver: bastaria a garantia de acesso a escola para todos. Há também alguns indicadores de “qualidade” e que se resumem aos resultados de avaliações em matemática e interpretação de texto. As proporções de alocação dos orçamentos públicos do Brasil à educação há muitos anos, estão superiores à media dos países da OCDE, mas continuamos à margem, quando o assunto é desempenho. Consideremos os seguintes dados:

  1. 68% dos alunos de até 15 anos, nas escolas brasileiras não sabem resolver questões básicas de matemática, e 50% não conseguem compreender o que leem (PISA, 2020). Mais do que indicadores de acesso à escola, é fundamental acompanhar indicadores e implantar medidas relacionadas ao desempenho e efetividade da educação.
  2. De acordo com o Inaf (2019), 30% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais. Apenas 34% das pessoas que atingem o nível superior podem ser consideradas proficientes. Entre as pessoas que possuem os anos iniciais do Ensino Fundamental, 70% permanecem na condição de Analfabetismo Funcional.
  3. A OCDE (2019) mostra que 21% dos jovens brasileiros, entre 25 e 34 anos, concluíram o Ensino Superior. Os níveis de evasão escolar nos cursos de graduação atingiram 41% em 2018. Dentre as razões para o abandono da formação, além da inadimplência, destaca-se a estagnação dos métodos de ensino, apontada entre os alunos.

Em tempos de pandemia, essa realidade se agrava em todo o planeta. De acordo com a UNESCO (2020), 50% dos estudantes não têm computador em casa. E uma em cada quatro crianças no Brasil, não recebem conteúdos durante a pandemia.

Quais mudanças poderíamos estabelecer para melhorar indicadores de acesso e desempenho da Educação no Brasil?

  1. É preciso equilibrar a educação entre os Processos de Aprendizagem e Programas de Ensino. Há mais preocupação com os conteúdos, do que com os fluxos de aprendizagem dos estudantes.
  2. Conteúdos padronizados num país de proporções continentais não fazem sentido. Estamos acostumados a provas nacionais e internacionais, sem a menor conexão com as especificidades locais e regionais. Não se trata aqui, de abolir conteúdos fundamentais, mas de conceder-lhes amplitude e profundidade nas realidades em que esses conhecimentos estão envolvidos.
  3. Como medir a efetividade das políticas à educação? Que tal a partir dos níveis de desenvolvimento local e microlocal, como a presença de clusters de inovação tecnológica e geração de conhecimento? Com crianças e jovens portadores de sonhos e possibilidades concretas de realiza-los.
  4. Se o volume de conhecimentos se multiplica exponencialmente, faz mais sentido aprender a aprender, a partir de conhecimentos fundamentais, em vez de amontoados de informações difusas e de baixa relevância. Mais do que democratizar acesso (por videoconferências, aulas remotas ou presenciais) é preciso importar-se com a aprendizagem em si. O tempo de estar sentado na carteira escolar, ou na frente de um computador, não é parâmetro de efetividade de aprendizagem.
  5. As tecnologias precisam nos ajudar a responder, mais do que “o quê aprendemos”, mas “como aprendemos”. Dezenas de plataformas de edtech são lançadas como revolucionárias, mas lidam da mesma forma, com as velhas preocupações de “curadoria de conteúdo” em repositórios.
  6. Se pensarmos em lugar de aprendizagem, o olhar se desloca para além das escolas. Nesse sentido, os professores e a escola, passam a ser agentes de transformação local, comunitária, interessados nos fluxos de aprendizagem de conteúdos contextualizados, que traduzam impactos.
  7. Os processos de aprendizagem devem estar centrados naqueles que aprendem, de maneira mais horizontal. A aprendizagem é exercício de construção de autonomia.
  8. O nível de qualificação dos educadores é fundamental, mais do que em infraestrutura física. Um educador altamente qualificado e valorizado, é capaz de promover transformações à curto, médio e longo prazos na vida dos estudantes e da sociedade.

Estamos num ponto favorável de ruptura. A pandemia arremessou modelos econômicos e sociais aos cacos. Mais do que um novo normal nas escolas, precisamos mesmo é de uma nova educação se quisermos configurar entre os países desenvolvidos

*Artigo escrito por Dra Claudia COSER , da Plataforma Nobis Services e integrante do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE). O CPCE é colaborador voluntário do Blog Giro Sustentável da Gazeta do Povo. 

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